De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Do medo da morte

Existem alguns assuntos que permeiam a imaginação da Beca com os quais eu tento lidar com o máximo de naturalidade possível, sem mentir, mas sem entrar em grandes detalhes. Esses detalhes vão sendo adicionados na conversa conforme ela cresce e pergunta, mostrando sua necessidade de se aprofundar no tema.

Uma dessas coisas é gravidez e bebês. E isso até que é bem fácil de lidar, eu acho. Ela presta muita atenção em tudo que a gente fala, tudo que vê na tv, e tras para suas brincadeiras essa condição que tanto a fascina. Ela vive brincando de médico, ou de gravida, invertendo os papeis quando lhe convem, seja fazendo o parto de suas bonecas, seja parindo as mesmas. E digo que já expliquei que existem 2 jeitos dos bebes virem ao mundo, com e sem ajuda médica direta.

Ela aceitou uma explicação que ouviu eu e o pai dela comentando um dia sobre as crianças que vão na perua escolar, de que para existir uma gravidez você "pede ao papai do céu". E por enquanto, acho que basta. Ela nunca quis mais detalhes do que isso, então eu também não estiquei o assunto.

Agora, tem outra coisa que é mais difícil de falar, um assunto que trás medo, angustia, insegurança. Que é a tal da morte.

Rebeca começou a prestar muita atenção nisso depois de assistir O Rei Leão. Pois é, quando me diziam que crianças se impressionavam eu não acreditava até acontecer com a minha. Ela assistiu o desenho, ficou chocada com a morte do Mufasa, e passou o desenho todo esperando ele voltar a vida.

E chorou copiosamente quando percebeu que o pai de Simba não iria viver novamente. Chorou e chorou muito mesmo.

E desde então, vez ou outra ela lembra do assunto. E acho que nessas horas eu mostro um pouco mais do meu lado escondido, meio agnóstica, meio espirita, e tento falar pra ela coisas que me confortam na esperança que seja assim com ela também.

Ontem a noite, não sei bem por que, ela lembrou dessa história de morrer. Brincou um pouco com isso, falando as coisas que entendeu do que eu ja tentei lhe explicar: que quando for bem velhinha e ela morrer, ela vai voltar e nascer de outra pessoa e vai ter outro nome. E eu percebi que a ideia de que nós iriamos nos separar a deixava insegura.

Criança não tem muita noção de tempo né?

Então eu tentei conversar com ela, dizendo que algumas pessoas acreditam que nós voltamos sempre na mesma família, mas num formato diferente, e que de repente ela poderia voltar e ser minha mãe e eu ser o bebe dela.

Ela achou a ideia divertida. Mas não foi suficiente.

Na hora de dormir ela retomou o assunto, falando sobre uma outra parte dessa angustia.

"Mamãe, quando eu for bem velhinha, bem bem velhinha mesmo, vai vir uma pessoa má e me matar? Igual aquele lá - como era o nome dele mesmo? No desenho que o leão mata o pai do outro?"


Pronto gente, e ai? Como falar sobre a maldade do mundo?

E eu com a minha politica de não mentir pra ela?

então eu tentei, mais uma vez, acalmar a cabecinha dela, falando de forma calma e segura, as coisas que eu acredito.

Expliquei que existem pessoas más no mundo sim, e que as vezes coisas ruins como essa acontecem. Mas que não é sempre assim, e que a maioria das pessoas morre naturalmente, quando estão muito muito velhinhas, muito mais velhas do que os avós dela são hoje, por que o corpo para de funcionar.

Que quando morremos a nossa energia sai do nosso corpo e vai praum outro lugar - algumas pessoas chamam de céu, outras dão outros nomes pra esse lugar. Mas que todos vamos pra lá, pra passar um tempo, rever pessoas que amamos e que morreram antes de nós, as vezes até conhecer pessoas novas, para olhar pelas pessoas que amamos e ficaram na terra. E que um dia podemos escolher nascer de novo, e essa energia volta e nasce num novo bebê.

Sobre as pessoas más, tentei dizer que elas existem sim. Mas que o melhor que podemos fazer é sempre tratar as pessoas com respeito, gentileza, educação. Por que isso vai ajudar a fazer com que as pessoas nos tratem assim também. Se sorrirmos e dermos bom dia para as pessoas na rua, provavelmente receberemos um sorriso e um bom dia de volta, por que a vida funciona assim, as pessoas nos tratam como nós as tratamos.

Eu sei que a violência existe no mundo, muitas vezes sem sentido, sem explicação. Que ser gentil e respeitar o próximo nem sempre vai nos salvar dessa violência. Mas prefiro ensinar ela que é o respeito ao próximo sim que vai ajudar a protege-la disso. Por que talvez, sabe, se todas as pessoas ensinassem exatamente isso aos seus filhos - respeito ao próximo - a gente vivesse num mundo com menos violência. E eu espero que isso acalme o coraçãozinho dela, e que seja a minha sementinha pra um mundo melhor.

Expliquei por fim que eu entendo o medo dela, e as duvidas. Que eu também tive esses mesmos medos e mesmas duvidas na idade dela.

Expliquei que eu sempre vou estar com ela. Que nós podemos decidir, quando a gente morrer bem velhinhas, daqui uns 100 anos, voltar eu sendo mãe dela novamente, exatamente como é hoje. Disse que tenho uma boa saúde, assim como o pai dela, e os avós, e que vamos viver ainda muitos anos. Eu pretendo viver mais uns 100 anos, eu disse a ela. E que mesmo assim, depois que eu morrer e ela ficar aqui, e ela for adulta, que eu sempre vou estar com ela, na mente e no coração, em todas as lembranças que ela tiver de mim. E que se ela quiser conversar comigo, ela poderá sonhar comigo, e nos sonhos dela eu estarei com ela e poderemos ficar juntas um pouquinho.

E disse de novo: Eu sempre vou estar com você.

E acho que essa foi a parte que fez ela se sentir melhor. E se acalmar, e conseguir dormir.

Mas eu fiquei com esse sentimento, esse aperto. Por que não é fácil pra mim, que sou adulta, fico imaginando tudo isso dentro da cabecinha dela, tão nova.

E percebo que a maternidade continua a me mostrar as facetas de mim mesma. As coisas que eu realmente acredito e prefiro passar pra frente. Coisas as vezes que nem eu mesma sabia sobre mim mesma.
Pois é, a maternidade faz isso mesmo.

E vocês, ja conversaram sobre isso com seus filhos? Como foi?

Bom fim de semana filosófico pra vocês!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Resumo da semana de aula, ou como minha filha me surpreendeu positivamente!

Rebeca não precisou de adaptação na escola. Simples assim. Chegou chegando com toda a segurança que eu lhe dei e nem sabia. Me dispensou logo no primeiro dia, na primeira hora: "Pode ir embora mamãe, eu fico! Pode ir!" Me disse minha filha de 4 anos em seus primeiros minutos no primeiro dia de aula em uma escola nova.

E não voltou atrás nenhum dia. 3 dias depois me dispensou de levá-la. "Meu vô me leva!"

Ainda faço questão de buscá-la todos os dias. Até quando, não sei.

E eu estou tentando me adaptar a nova rotina. Acordar cedo de manhã para arrumar ela pra escola, sem ter marido pra ajudar pois nessa hora ele ja saiu pro trabalho.

Eu não sou uma pessoa matinal.

Eu acordo rosnando pra todos os lados, de muito mau humor e perguntando "Bom dia porque?" sabem?

Rebeca acorda de bom humor, animada, feliz de ir pra escola.

Aprendeu a dormir sem a mamadeira e agora não reclama mais. E esta aprendendo a tomar leite com chocolate no copo, apesar de a revelia. Por ela toma iogurte todo dia. Mas ai aja bolso né?

Hoje eu fui dormir muito tarde por causa do calor. Mais de 2h da manhã. Perdi a hora. ela não. 6h35 da manhã, 5 minutos além do habitual, ela me chama, em pé do meu lado na cama: "Mamãe! Você esqueceu de me acordar pra ir pra escola!"

Pronto, já levo até bronca. E não preciso mais de despertador.

Ela vai  pra escola e em sua maioria dos dias, eu volto pra cama por mais uma horinha, ou mais. Mas não da pra ser assim sempre né?

Meu maior desafio, pelo jeito, vai ser a minha adaptação mesmo.

Faz parte né? Filhos sempre surpreendem a gente, né?

Bom fim de semana pra vocês! E por ai, como foram os primeiros dias de aula?
Me conta!