De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

domingo, 30 de dezembro de 2018

Que venha 2019!

Bom dia!
Eu queria dizer algo importante. Algo pra fazer você sorrir.
Ai eu fico pensando no que poderia começar bem o seu dia.
Eu acordei bem. Com preguiça, mas de bom humor. Pra mim o Ano Novo é sempre uma oportunidade de fechar um ciclo e de iniciar algo novo.
Então vamos se concentrar nisso: Que hoje seja o final de um ciclo, desse momento que você vive hoje. Que você festeje do seu jeito e que essa festa seja a despedida. Que você se alegre com a chegada do novo, dessa fase que você inicia amanhã, com a mudança que virá, e abrace essa ideia.
Todos os dias nós temos a chance de mudar, de fazer diferente. Cada vez que você acorda você pode decidir como vai encarar o seu dia. Você não pode decidir o que vai ou não acontecer por pois muita coisa depende de fatores externos. Mas você pode sentir a si mesmo e decidir como você vai lidar com o que o dia te reserva.
Se concentre nas pequenas coisas que estão dentro do seu controle, e se desapegue do resto, pois o resto é problema de outra pessoa.
Faça o melhor todos os dias. As vezes seu melhor te permitira fazer coisas incríveis e outras apenas ajudarão você atravessar o dia. Mas faça o seu melhor.
Por que todo dia é uma nova chance. Todo dia é um novo fim e um novo começo.
Não tente controlar o mundo, apenas a si mesmo. Ame, fique triste, abrace, se afaste. Faça a sua parte. A mudança começa com uma ideia, um sonho, uma vontade.
E o mais magico de tudo isso é que tudo bem mudar de ideia depois. E parar. E começar de novo. A vida não esta escrita em pedra, ela é construída todos os dias.
Construa seu castelo. Se cerque de coisas boas: boa comida, boa companhia, bons pensamentos. Sua bondade.
E sorria. Por que sorrir faz cada coisa louca a nossa volta!
Então que hoje seja o fim. E o começo. E que a gente possa tratar a mudança com alegria.
Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Sobre 2018

Estamos na última semana do ano e eu me sinto bem. Estou cansada, exaurida, e com a sensação física de um resfriado. E estou bem. Contente. Feliz. Ao mesmo tempo insegura, com medo, e sem ter ideia do que 2019 me reserva. E tudo bem.

2018 foi um ano tão difícil, tão longo, que deu a sensação de ter tido vários anos dentro dele.

Começamos o ano, logo no dia 03 de Janeiro, com a notícia de falecimento de um primo meu. Relativamente jovem, teve um infarto fulminante.

Com isso trocamos uma viagem de ferias por um velório, sorrisos por lágrimas, certezas por imcompreensão.

Depois o falecimento de meu tio, em Março, e logo em seguida o adoecimento de minha mãe.

Minha mãe ficou doente por meses, passou semanas internada e ainda hoje continua em tratamento.

Esse ano eu vi minha mãe envelhecer muitos anos em poucos meses. Vi seu corpo ficando fragil, seus movimentos ficando mais lentos, seus passos inseguros e sua capacidade de comunicação diminuir. Vi, convivi e Vivi seu medo por sua própria mortalidade. Vi uma pessoa forte, enfrentando e lutando por sua vida e por sua sanidade mental ao ser confrontada com seu maior medo. E vi ela chegar até aqui, se recuperando do choque e fazendo planos.

Minha mãe é uma mulher muito forte!

Vi meu pai se dedicando a ela por todo o ano. Vi ele também envelhecer nesse período, anos e anos, mas ainda sim se manter atento e disposto e pronto para tudo que minha mãe pudesse precisar.

Meu pai é um companheiro dedicado.

Os dois adotaram os cabelos brancos por fim, deixando de tingi-los. Ficaram bem. Mas sinto que isso tem a ver com a aceitação do processo de envelhecer, do se permitir não ter mais o corpo tão jovem e forte mas encontrar nesse gesto tão simples a nova fase de sua vida.

Tenho muito orgulho e muita sorte de ter meus pais.

Enquanto minha mãe estava envolta em seus tratamentos médicos nós tomamos decisões de mudar. Mudar de vida, mudar de casa.

Esse e um projeto ainda em andamento. Começou em Junho com minha mudança para o andar de cima da casa, onde meus pais ficavam, para que reformassemos e alugassemos o andar térreo da casa.

Depois em setembro alugamos parte da casa.

E de lá para cá pagamos dívidas e tomamos decisões que nos permitam finalmente nos mudar daqui.

2019 tem em si a promessa de mudança.

No fim do ano tivemos um outro falecimento de uma pessoa próxima. O ex-esposo de minha tia, com quem mantínhamos contato em eventos familiares. Mais uma vez um velório, um sepultamento, onde comparecemos para dar força e apoio a minha tia, primos e sobrinhos.

O Ano chega ao fim com seu último, espero, desdobrar, com grandes decisões de minha mãe e meu pai sobre o que eles desejam do futuro, sobre qual seu legado, sobre qual é a prioridade deles daqui em diante.

2018 foi um ano difícil.

Tivemos também a escalada da intolerância e do ódio em nossa sociedade com seu ápice em um processo eleitoral de mentiras e acusações, onde as propostas não tinham chance de serem ouvidas ou questionadas no meio do medo. Tivemos uma eleição baseada no medo. Construímos e desconstruindo instituições públicas e privadas, relações pessoais e profissionais, por causa de medo. E com isso todos perdemos.


Mas o fim do ano as vezes tem a chance de remendar o que foi rasgado. E de dar esperança para o futuro que vira.

Essa semana foi Natal. E quero fazer um posto so pra ele, porque esse Natal merece.
Mas hoje quero dizer que foi bom.
Quero dizer que, pelo menos na minha família, ao nos reunirmos esse ano, nos escolher ceder. Fazer concessões. Aceitar o outro e não nos deixar separar por nossas diferenças mas sim nós aproximarmos por aquilo que temos em comum.

Então estou passando por esses últimos dias do ano com um pouco mais de esperança.

E deixo aqui meu desejo de que você também encontre essa esperança pelo Ano Novo que virá.

Que 2019 nos de a chance de nos conectar mais do que nós dividir. Que as mudanças sejam mais positivas que negativas. Que se por um lado algo nos faltar, nos encontremos forças para seguir e pessoas para nós acompanhar no caminho.

Que façamos uns pelos outros o melhor. E que juntos façamos nossas vidas mais leves.

Um 2019 de união e amor.

Feliz Natal e um prospero Ano Novo!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Sobre férias, festas, viagens...

Queridos, chegaram as férias e tem sido bem difícil me organizar para vir dar noticias.

Nos primeiros dias de férias meu sobrinho veio passar uns dias aqui em casa e fazer companhia pra Rebeca. Os dois têm idade próxima, ele um pouco mais velho que ela, e no geral se dão muito bem. Claro que as vezes se estranham, mas é uma relação bem de família mesmo.

Alguns dias depois minha irmã chegou para passar as festas de final de ano conosco e providenciou uma viagem de fim de semana.

Fomos para uma chacara no interior de SP. Primeira vez das crianças numa região mais rural, sem TV a cabo ou Internet. Meu sobrinho quase teve uma síncope, Rebeca já lidou um pouco melhor com a situação. Os dois, um pouco mais ele do que ela mas ela também, ficaram apavorados com a quantidade de insetos, de mosquitos a besouros. Mas no fim os dois se divertiram e aproveitaram a piscina e o sol o máximo que puderam.

Eu ainda tive a chance de rever uma amiga muito querida, a Ju do blog Grávida e Bipolar. Foi um reencontro feliz, e ver nossos filhos brincando juntos depois desses anos que nos conhecemos foi meio sonho se realizando.

Essa semana foi a apresentação de dança do clube onde Rebeca faz aula. Foi um evento bastante prestigiado pela família, que compareceu para assistir a pequena em sua grande noite. Rebeca dançou duas músicas, todos acompanharam o esforço dela ao longo do ano, e essa apresentação coroou sua determinação, e nos pudemos apreciar uma linda apresentação de dança e teatro. Depois ainda fomos todos jantar juntos.

Agora o Natal está quase ai e sei que vai ser ainda mais difícil parar para escrever.

Minha cabeça está uma zona e eu estou tentando me manter ocupada como posso. O silesilê é terrível de lidar, e tenho tido pesadelos todas as noites. Tento não pensar nos problemas e nos meus medos. Por agora eu quero só estar aqui e ter um bom fim de ano.

Por hoje e só o que eu quero.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Sobre se sentir melhor e conseguir respirar...

Funciona.

Quer dizer, pra mim, funciona.

Fim de ano tem as festas, passeios, familia, amigos, compras.

Dai que isso tem esse efeito ótimo no meu humor. E esse ano, por agora, foi capaz de me tirar da crise que eu estava e me dar energia e disposição.

Alegria.

Eu sei que tudo o que eu estava sentindo, os motivos que me levaram a me sentir daquela forma: sem esperança, triste, impotente... Os motivos não mudaram. Tudo continua igual.

Mas por agora eu tenho Rebeca de férias, apenas se preparando para a apresentação. Tenho meu sobrinho em casa. Tenho uma viagem para o fim de semana. Tenho minha irmã chegando para passar as festas. Tenho Natal e Ano Novo. Tenho sol e dias quentes e iluminados.

E por hoje isso basta para me deixar bem.
Por hoje eu estou feliz!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Sobre férias com crianças...

Daí que como o ano foi muito difícil, não devemos viajar essas férias.

Quer dizer, viajar nos vamos, mas so um fim de semana quando minha irmã estiver aqui. O restante das férias serão em casa.

Meu sobrinho vem passar parte de Dezembro e depois de novo em Janeiro conosco.

Então o fato é que terei duas crianças para entreter durante as férias. Sem viajar. E com o orçamento muito, muito, apertado.

As vezes vejo esses posts de sites e blogs, etc, sobre "o que fazer nas férias com crianças".

Mas e pra seguir?

As vezes acho que menos é mais. Deixar as crianças livres pra brincar, deixar inclusive que elas fiquem entediadas e tenham que usar a imaginação pra criar alguma coisa.

Mas sei que férias sem passeio, sem viagem, não tem cara de férias.

Quando eu era criança a familia da minha mãe tinha uma casa na praia. Nós acabavamos indo para a praia no começo de Janeiro e passávamos as férias todas lá. A casa não era muito grande e era bem simples, mas existiam semanas que estávamos meus pais, eu e minha irmã, minha tia com meus dois primos, meu tio e tia com seus dois filhos, todos ao mesmo tempo na pequena casinha de madeira, se virando.

Era simplesmente delicioso!

Como sinto falta dessa experiência.

Nos ultimos anos nós temos ido para a casa de praia de meu tio. Como não temos muita liberdade não podemos levar ninguém, e como não podemos gastar muito e nem ficar muitos dias pela casa só ficar disponível para nós no fim das férias, a experiência é boa, mas falta a bagunça.

Fico sonhando com ter um lugar para receber os amigos e a família e fazer essas bagunças boas.

E até lá, me viro com uma piscina de plástico em casa e fazendo malabarismo do que fazer por um mês inteiro...

Mas vamos lá.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Sobre um outro dia, pouco tempo atrás...

A gente vê com certa frequência por ai notícias falando de como um grupo, uma comunidade, se junta para ir no aniversário de uma criança, após um dos pais postar nas redes sociais que nenhum dos colegas convidados foi.

Eu sempre via essas histórias e me perguntava, se apesar da resposta das pessoas ser positiva e muitos se disporem a ir na festa, se esse tipo de exposição era uma boa coisa para a criança.

Até que esse ano aconteceu uma coisa que eu demorei pra lidar e vir aqui contar.

Todos os anos nós comemoramos o aniversário da Rebeca em etapas. São várias comemorações de forma a tentar englobar todas as opções, família, escola, clube, amigos.

Postei aqui sobre o dia do aniversário dela, de como foi bom, como nos divertimos preparando tudo, e como apesar das dificuldades conseguimos tirar o melhor proveito.

Mas acontece que nos tinhamos ainda uma última programação, para os amigos de fora da escola e familiares além do nosso pequeno nucleo residencial.

O plano era fazer um passeio em um parque de diversões durante o dia e um jantar num rodízio de pizza a noite, com bolo e parabens.

Dai aconteceu.

O passeio do parque e o jantar eram todos no esquema cada um paga o seu. Com isso eu já esperava que não fossemos ter companhia de outras pessoas no parque, pela entrada ser cara e tudo mais e muitas pessoas estarem com problemas por causa da crise. Dito e feito, fomos apenas eu e a Rebeca mesmo, foi divertido, mas ficou faltando alguma coisa.

A noite ela se arrumou toda para irmos a pizzaria. Estava animada, esperançosa.

E a única pessoa que apareceu foi um amigo meu, muito querido e próximo, mas adulto.

Só.

Não teve outras pessoas, outras crianças.
De repente estávamos em uma mesa grande para comportar as pessoas que haviam dito que iriam, apenas nós 4.

A pizza podia ser boa, mas o gosto amargo de nenhum dos amigos ter ido, nenhum dos primos...

E então eu fiquei me perguntando como seria se eu tivesse postado uma foto dela nas redes sociais, sozinha na mesa. Que bom eu teria feito a ela.

Eu conheço minha filha o suficiente pra saber quanto ela ficou magoada.
Focamos na parte que deu certo, a festa na escola, no ballet... Mas sei que isso será lembrado.

Eu escolhi não divulgar essa história até agora porque a intenção não é a de ganhar confete, causar pena, fazer qualquer comoção.

Tem a ver com como eu vejo isso, como eu senti e vi o que ela passou. Como eu decidi lidar com isso.

Me sinto ainda hoje muito culpada. Ter escolhido fazer o passeio no lugar da festa foi uma decisão movida por tudo que vivemos em casa esse ano. Mas como me arrependo. Sei que muitos dos que não foram teriam comparecido se a festa fosse em casa.

E o que eu quero contando isso aqui e deixar um registro. Não quero esquecer.
As vezes as pessoas tomam pequenas ações, como confirmar presença em um aniversário e não comparecer, na certeza que não será importante. Quem iria imaginar que praticamento todos os convidados, cada um por seu motivo, iriam deixar de comparecer e uma criança se veria sem nenhum coleguinha na mesa em seu aniversário?

Pois eu também achava improvável, até acontecer conosco.

Não foi certo o que aconteceu, nem foi justo. Foi triste. E eu sei que quando chegar a hora de planejar algo pro aniversário dela do ano que vem e dos proximos isso será lembrado, por ela e por mim.

Eu nunca convidei qualquer um para as festas da Rebeca. Os convidados sempre foram escolhidos pensando em reunir pessoas que ela gosta, outras crianças, aqueles que se mostraram mais próximos.

Esse ano nos sentimos mais sozinhos.

E eu agradeço todos os dias por Rebeca ser a pessoa incrível que ela é. Compreensivel, calma, alegre, sempre tentando tirar o melhor de cada situação. E por ela ser criança e ter muitos aniversários pela frente para poder deixar esse pra trás com as memorias boas apagando as ruins.

Eu no entanto não sou mais criança.
E minha memória é muito boa.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sobre passado, presente e futuro

Quando eu era pequena, com uns 8 anos +-, eu fugi de casa.

Assim, fugi naquelas... Brava com meus pais por terem brigado comigo por alguma coisa que hoje já não lembro mais, eu fui decidida ao meu quarto, esvaziei minha mochila da escola e coloquei ali as coisas que achava essenciais. Quando me dei por satisfeita e não cabia mais nada na mochila, fui até a sala, fiz uma despedida dramática e sai porta afora para o mundo!

Não lembro tudo o que coloquei na mochila. Lembro de roupas, gibis... Na garagem de casa esquivei das nossas cachorras querendo brincar, abri o portão e fui pra rua.

Cheguei ate a esquina. Era de noite, a rua estava escura e vazia. Tive medo e voltei para casa. No entanto, sem querer dar o braço a torcer, e querendo que sentissem minha falta e se arrependessem de ter brigado comigo injustamente e viessem atrás de mim, decidi não entrar em casa e ficar na garagem. Lá havia uma casinha de cachorro enorme para nossas 4 cadelinhas, onde eu subi e fiquei sentada em cima pelo que me pareceram horas.

Cansada e com sono e sem ninguém ter vindo atrás de mim, vencida, entrei em casa. Meus pais, sentado no sofá da sala, me olham espantados e me perguntam onde eu estava.

Se foi verdade ou não que eles não sabiam eu não sei. Hoje eu conto essa história e eles nem ao menos se lembram do acontecido. Para mim a sensação de que eles nem ao menos perceberão minha ausência ou sentiram minha falta foi desoladora.


Mas minhas tentativas de mostrar minha frustração com broncas e querer que eles se arrependessem e demonstrassem isso não parou por ai. Desisti de fugir de casa, mas passei a me esconder embaixo da escada da nossa casa, um sobrado, e ficava lá embaixo, o mais fundo que podia, para que se eles olhassem só de longe não conseguissem me ver, e esperava que eles me procurassem.

Não lembro deles me procurarem mas acredito que eles o tenham feito. O que me lembro é das vezes que esperei em vão. A mais longa delas eu acabei adormecendo ali escondida e acordei horas depois sem ninguém ter ido me chamar.

Eventualmente desisti dessa prática, não sem um profundo sentimento de abandono.


Hoje olho pra trás e se por um lado olho para minhas próprias atitudes e penso em como estava sendo manhosa e mimada, por outro lado não tenho certeza se acredito nisso.

Talvez meus pais fizessem isso de proposito, exatamente para não me mimar demais. Talvez alguém tenha dito a eles que eu não podia vencer essas disputas pois isso tiraria a autoridade deles, ou faria com que eu respeitasse menos quando fizesse algo errado. Não sei. Todas essas hipóteses foram coisas que ouvi e li falarem sobre crianças ao longo dos anos.

No entanto, como meu terapeuta costumava me dizer, e como minha terapeuta atual me diz, e ate como uma astróloga que fez meu mapa astral anos atrás também comentou, eu sou uma pessoa muito consciente de mim mesmo.

E tenho ótima memória. E memória emocional.

E durante a gravidez da Rebeca eu me conectei muito comigo mesma e encarei medos, seguranças, sonhos, lembranças.
E uma das muitas coisas que trouxe dessa experiência foi a de tentar entender como minha filha se sente, e levar isso em consideração quando fizesse minhas escolhas de como lidar com ela.

Eu não queria, ou quero, que ela carregue esse tipo de sentimento de abandono como eu carreguei.

Isso nunca significou no oferecer disciplina, ou fazer todos os desejos, mas significou levar em consideração o modo.

No começo um pouco mais dura, hoje talvez mais livre, eu procurava e procuro observar a ação e a reação.

Quando ela era pequena e nos precisávamos ir embora de algum lugar onde ela se divertia, era claro que ela não ia querer parar de brincar. Então eu começava com um aviso: "Daqui 10 min vamos embora!". Dali a pouco um segundo aviso: "Só mais 5 min!". Até chegar no "vamos embora!". Entre os 1 ano e meio e uns 3 anos essa parte era seguida de choro, de não querer ir, de se jogar no chão.
Sim, é sempre assim. E eu aceitava esse comportamento dela e entendia sua frustração e a amparava. Abraçava, dizia que estava tudo bem, que era normal o que ela estava sentindo e tentava ajudá-la a se acalmar. Pacientemente. E quando ela parava eu levantava e dizia que iríamos embora.

Por vezes tive que esperar e fazer esse trabalho 2, 3 vezes até ela se acalmar e aceitar ir embora. Mas conforme os meses iam passando ela se acalmava mais rápido, insistia menos, até que finalmente os avisos se tornaram suficientes.

A ideia de que era possível ser coerente e firme nas decisões e ao mesmo tempo amparar e ser solidária ao que ela sentia fazia parte da essencia do tipo de mãe que eu desejava ser.


Hoje Rebeca tem 9 anos e está vivendo uma novidade em seu comportamento. É uma novidade que não vai passar. Não, é o começo de algo que depois reconhecemos como adolescência.

É um movimento tímido ainda, mas presente. Ela agora responde, quer ser ouvida, quer ser levada a serio. Quer demonstrações que confiamos nela.

Mesmo nos momentos que ela sabe que a gente sabe que ela não está sendo lá tão sincera.

Nada grave. Coisas simples, como dizer que já penteou o cabelo para ir a escola, ou que esqueceu de colocar o tênis nos dias de educação física e por isso estava de sapatilhas.

Conversamos, explicamos. Quantas vezes são necessarias e um pouco mais.

As vezes pedimos algo ou perguntamos alguma coisa que ela já explicou antes só para ouvir um "mas eu já disse isso! Você não ouviu?".

Ela nunca grita. Nem nós.

Ela questiona porque de algumas ordens. E fica magoada verdadeiramente se mandamos ela fazer algo ou chamamos sua atenção por alguma coisa de pouca importância ou que ela sente que não estava errada.

Hoje meu trabalho é o mesmo. Amparar e acolher. Explicar. Dar disciplina sim. Mas saber voltar atrás e pedir desculpas e mostrar pra ela que ela foi ouvida, que sua opiniao importa, que seus sentimentos são levados em consideração e que é possível ela estar certa e nos errados. E isso tudo sem deixar de ser firme quando necessário. Sem deixar de ter regras claras e rotinas. Sem fazer todos os seus desejos. Mostrando limites sim.

E tudo que eu espero é ter a chance de agir com ela como eu acho certo. Como senti falta de ter comigo.

Posso estar errada.

Mas as vezes ser mãe e isso. Ter a chance de tentar fazer diferente e cometer nossos próprios erros.


Mas ca entre nós?

Por enquanto eu acho que está dando certo...

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Sobre mudanças, calma e planejamento

Não sei se é só comigo, mas eu tenho muita dificuldade de lidar com mudanças.

Apesar de ter um lado meu bem forte que gosta de ter as coisas em movimento, no fundo eu me sinto mais confortável e segura quando a vida é mais estável.

Apesar dos altos e baixos nos últimos anos, as coisas por aqui estavam relativamente estáveis. Não estavam boas, longe do ideal, mas ainda sim estaveis.

Esse ano essa estabilidade foi passear e deixou pra trás uma séria de dúvidas, medos e inseguranças. Levou consigo o tapete que escondia questões pessoais, e expôs sentimentos de inadequação, de tristeza, e tantos mais.

Passar por isso tem sido difícil mas insisto em achar que necessário. Não olhar para o que não está bom nos deixa fadados a inércia, e ai meu amor, quando o caldo entornar você não vai estar preparado pra lidar com as consequências.

Mas reagir ao invés de agir tem sido a constante da minha vida há anos, meio que desde que eu me conheço por gente. A regra sempre foi "deixa assim e depois a gente vê o que faz".

Preciso dizer que isso nunca deu muito certo né?

É claro que sempre existem imprevistos. Mas e possível passar por eles com mais calma se você puder se planejar para imprevistos de uma forma geral, mesmo sem prever aquele específico.

Eu acho.

Vou fazer um Jabá e falar que há anos sigo o @Vidaorganizada. Conheci o blog la no comecinho da minha própria vida de blogueira e acompanho desde então. E apesar de ter dificuldade pessoal de seguir muitas das dicas, existem aquelas que consegui trazer pra minha vida e realmente ajudaram muito.

Terminei de ler o primeiro livro da Thaís Godinho (você pode adquirir o mesmo em formato impresso ou digital nas livrarias) e sinto que isso tem me ajudado a dar um norte para esse momento de mudança que vivo hoje. Olhar um pouco mais claramente para o caminho a seguir, tentar descobrir meus objetivos.

Meu maior plano e o que eu de fato consegui seguir e alcançar meu objetivo foi ser mãe. Ele envolveu dedicação e compromisso desde a idealização e mantém-se assim ate hoje. Porque ser mãe é um projeto de vida, ele é permanente, ė possível ver onde ele começa sim, mas ele nunca termina. Ele se adapta.

Com minha terapeuta estou trabalhando trazer de volta essa determinação e tentar desvendar as travas que me impedem de levar isso as outras áreas da minha vida.

E com a ajuda do blog e do livro, esmiuçar meus sonhos e desenhar os passos para torná-los reais.

Essa semana tivemos que apagar o incêndio que surgiu no trabalho. Ainda é uma ação presente, isso continua acontecendo nesse exato momento. Aí a vontade é de tomar decisões impulsivas.

Estamos tentando ter calma. E deixar o fogo cessar, a poeira baixar, e aí sim olhar para tudo de forma objetiva.

Existe uma pergunta que já podemos nos fazer: O que queremos? Onde queremos chegar?

Depois planejamos como chegar lá.

Mas temos que saber responder essas perguntas primeiro.

Eu sei o que eu quero. Eu acho que sei o que eu quero.

E você?

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Limões, limonada

Com tudo o que esse ano nos reservou é claro que ele não podia chegar perto do final sem mais problemas.

Taz trabalha com perua escolar e semana passada a perua quebrou.

Ele trabalha num bairro de periferia na cidade e estamos diretamente afetados pela crise que assola o país. São as pessoas mais humildes quem mais sentem os efeitos do desemprego. Com baixa escolaridade são eles que tem mais dificuldade de conseguir nova colocação no mercado de trabalho após uma demissão. Também por isso estão sujeitos a trabalhos cada vez mais mal remunerados e trabalho informal.

Isso pra dizer que muitos dos responsáveis que contratam o serviço de perua escolar, apesar de precisarem muito, tem mais dificuldade para fazer os pagamentos. Muitos perderam o emprego e com isso tiraram as crianças do serviço de transporte no meio do ano.

Tivemos então uma queda de cerca de 30% dos nossos rendimentos entre um semestre e outro. Mas as contas continuaram existindo.

E aí a perua quebrou feio semana passada.
E não tinha reserva para a manutenção.

Mas damos os pulos. Pedimos ajuda. Conseguimos dar um jeito e já encaminhamos tudo pra isso se resolver.

Respiramos.

Sabemos que isso vai afetar não só o fim do ano mas a confiança dos clientes para o ano que vem.
Mas vamos dar nosso jeito. Continuar em frente.


Eu falei no post anterior sobre como já estamos há um tempo vislumbrando a necessidade de mudança.

Minha irmã já tem nos alertado a algumas semanas, meses, que temos que encarar as mudanças e dificuldades que passamos no país como algo mais duradouro e, ao aceitar e fazer essa análise, planejar e nos adequar.

Esse problema com o carro, com o trabalho, vem diretamente de encontro a isso.

Eu venho pensando em muitas coisas, muitas mudanças que gostaria e precisamos fazer.

Mas ainda sinto que temos que fazer as perguntas certas. Mas será que estou fazendo as perguntas certas?

O mundo em que eu vivo está em movimento. Qual a minha prioridade? O que é mais importante? Preciso mudar, mas o que eu quero fazer? Tenho medo e sinto necessidade de buscar mais segurança, mas como encontrar isso dentro das minhas possibilidades?

O que eu posso realmente fazer?

E com isso, começamos mais uma semana com mais perguntas que respostas.

Buscando uma boa receita.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Sobre falar sempre da mesma coisa sem querer...

Hoje eu acordei de melhor humor.
O dia está quente, o sol brilha e queima ardido mesmo cedo de manhã. A noite fez muito calor e tivemos que dormir com o ventilador ligado no quarto pela primeira vez desde maio quando o frio do outono começou a amenizar as temperaturas...
O ventilador não era a melhor ideia considerando que estou resfriada, mas apesar dele acordei me sentindo menos doente, e talvez graças a ele, de melhor humor.

Ontem conversei muito com o Taz, sobre as dificuldades que estamos passando tanto emocionais como financeiras mesmo. Estamos naquele momento que vemos a mudança ser necessária mas não temos certeza de o que devemos fazer ou como.
Será que existe uma forma de mudar sem abrir mão das poucas coisas que mantemos?

E apesar de não termos chegado a nenhuma solução o simples fato de conversar foi bom. Colocar em voz alta, mostrar que estamos ali pra ouvir as angustias um do outro, lembrar que temos problemas práticos em conjunto. Lembrar que somos uma família e que devemos passar por tudo isso unidos.

Não acho que consigo ter conversas muito sérias sem ter uma crise de choro, ou de raiva.

Antes mesmo de conversar com o Taz, e o motivador para a conversa com ele ter existido, foi uma discussão, mais um desabafo mesmo, com meus pais sobre como viver numa situação desenhada para ser temporária por muito tempo tem me feito mal.

E por mais que nada do que eu sinto ou tenha dito ontem tenha mudado, ainda que nenhum dos fatores que geram minhas aflições e medos tenham sido resolvidos, ainda que eu ainda sinta que se ficar em silêncio por tempo demais vou ser engolida pela escuridão que me cega, ainda sim, hoje eu acordei de melhor humor.

Está calor. O sol brilha e queima ardido mesmo cedo de manhã. Levanto cedo mais uma vez, o corpo melado do suor por causa da noite quente, levo a Rebeca para as aulas de dança. Ela vai se apresentar no fim do ano e é importante não faltar nos ensaios até lá.

A noite deve ser quente, e noites quentes tornam o quintal convidativo para receber amigos ou apenas bater papo sem estar entre quatro paredes. Não temos isso a meses. Na verdade ainda não tinha acontecido de fazer calor a noite e não chover desde que mudamos para o andar de cima da casa onde fica o quintal.

É que até agora o quintal estava sendo aquele espaço descoberto entre os quartos e a cozinha que temos que passar meio correndo porque está chovendo, ou estava frio demais pra ficar por ali. Mas agora o calor parece ter chegado e o quintal é convidativo.

Terminei de ler mais um livro essa semana.

Consegui escrever o começo de uma história, assim, despretensiosamente mesmo, e fiquei feliz com o resultado.
Fiz um curso online rápido para dicas para escrever personagens e tramas de forma mais objetiva.

Estou de bom humor.

Amanhã é feriado.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Vai passar...

Eu sei que passa.

Hoje eu tenho dificuldade de me concentrar.
Me comunicar, ter que falar com outras pessoas, por mais que eu queira, é difícil, requer esforço e cansa.
Hoje eu so sinto vontade de ficar quietinha, na cama, enrolada em uma coberta, me sentindo quentinha e segura. Mesmo que lá fora esteja um calor de 30°.
É verdade que sair desse estado da trabalho, mas pra algumas coisas eu ainda consigo fazer o esforço: Rebeca. Levar ela as aulas de dança, ajudar a fazer a lição de casa, dar um mínimo de atenção, responder os inúmeros questionamentos sobre o mundo na hora de dormir. Eu gosto, mas requer muito mais esforço que o normal.
Hoje, depois de passar o dia, quando finalmente me permito parar para jantar, eu estou tão exausta que não tenho energia para pensar em comer, o que comer, e a ideia de ter que preparar um prato que seja das sobras do almoço não alcança o meu desejo de me sentir acolhida, reconfortada, que acabo buscando na comida no fim do dia.
Cada um tem sua fuga, sua valvula de escape. Não tenho orgulho disso, no momento é um fato e um fator que não consigo mudar. Sem conseguir direcionar e encontrar essa sensação em mais nada, me parece desesperador tentar mudar isso agora.
Eu ainda sinto prazer nas coisas, eu ainda sinto vontade de fazer algumas coisas, mas é como carregar um enorme peso nas pernas, nos braços, nas costas, na mente...

Mas tudo isso passa.

Nas horas que minha mente simplesmente insiste em pensar apenas em coisas ruins, eu agradeço a existência do computador e do celular, tanto para distrair a Rebeca quando eu não me sinto capaz, quanto para derreter minha mente em redes sociais de forma que os pensamentos ruins escorram junto com a enorme quantidade de informações sem utilidade que se arrastam pela tela.

Mas eu sei que tudo isso passa.

Eu tento lutar o tempo todo com o sentimento de desespero que me assola. A voz que repete todo o tempo o quanto sou incapaz de fazer qualquer coisa, que não tenho controle nenhum sobre a minha vida, que sou dependente de outros inclusive nas poucas coisas que insisto em achar que faço bem. Que ecoa frases ouvidas em diferentes momentos da minha vida, os flashes repetidos de cenas vividas, a dor e a vergonha revivida a cada vez que pisco e perco o foco que tenho que manter para afastar tudo isso que escurece minha visão do mundo.

Hoje eu me sinto sozinha e desamparada, me sinto triste e perdida.

Mas eu sei que isso passa.

Então eu levanto pela manhã e me forço a abrir os olhos e continuar. Simplesmente continuar.

Não me sinto sem esperança, isso realmente não acontece. Eu tenho esperança, mais do que isso, eu tenho certeza, eu sei que isso tudo que eu estou sentindo vai passar.

Mas eu não quero que tudo passe. Acho que é importante ouvir um pouco do que esse lobo de escuridão tem a me dizer.

Tenho que ouvir minhas dores para poder mudar o que é real. Tenho que ouvir minhas dores para distinguir o medo e o exagero do que pode ser feito.

Para que depois eu possa usar minhas vitórias para me proteger.

Eu sei que isso passa.

Saiba você também.

Vai passar. FORÇA.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Sobre Natais passados...

Hoje é segunda feira de manhã. Acordo cedo para começar a rotina: trocar de roupa, arrumar Rebeca para a aula, tomar café...

Enquanto ela está na aula eu estou aqui pensando nas fotos que fiquei vendo ontem no meu domingo preguiçoso. Entre elas, fotos do Natal de quando eu era criança.

Eu tenho essa memória de uma época mais simples. De um Natal cheio de pessoas em casa, tios e primos, muita comida e bebida, presentes e mais presentes, bagunça das crianças e risadas dos adultos.

Uma das coisas que gostaria de ter feito diferente se pudesse seria ter mais filhos. Não tê-los não foi uma decisão fácil, mas foi sensata. Hoje eu dependo de ajuda para dar a minha filha o que posso, o melhor. Não seria possível fazer metade do que faço, dar a ela metade do que dou, se tivésse uma única boca a mais para alimentar.

No entanto essas fotos mexem comigo e fico pensando como seria possível fazer mais, dar a Rebeca memórias tão boas do Natal como as minhas...

Muito da graca do Natal estava em ter a família em casa. Meus tios por parte de mãe passavam a noite do dia 24 conosco numa enorme festa, ou é assim que eu me lembro.
Meus primos vinham e passávamos horas animados brincando juntos, bonecas, bolas, cordas de pular, rede na varanda, jogos e mais jogos. Em determinado momento o Papai Noel chegava e enquanto olhavamos para o céu, todos reunidos no jardim, na esperança de ver o bom velhinho passar, a árvore se enchia de pacotes embrulhados de papel colorido.

A ceia era farta, deliciosa. Lembro, claro, da vez que minha mãe deixou o Chester queimar. Suspeito que ela apenas tirou a casca queimada de fora e comemos o interior da carne queimada mesmo.

Lembro de passar a noite acordada com minha prima, conversando e fazendo chocolates na Fábrica de Chocolates que ela ganhou naquele Natal.

Lembro do último Natal que passei com minha avó Beth, tia da minha mãe, que me deu o meu primeiro vídeo game realmente meu, e uma linda arvorezinha de pedrinhas coloridas, essa última com o pedido que eu a guardasse com carinho e que sempre que olhasse para o pequeno enfeite lembrasse dela.

Eu tenho a arvorezinha ate hoje, e sim, sempre lembro dela.

Todo dia 25, desde sempre, acordavamos para o café, nos arrumavamos, e passávamos o almoço de Natal na casa da família do meu pai, no começo na casa de minha avó, depois que ela se foi, na casa da minha tia.

Mas conforme os anos foram passando as famílias foram se afastando. Primeiro meu tio e a família que decidiram passar os Natais com os pais da minha tia por valorizar o tempo com eles que já estavam com idade avançada. Depois minha tia que mudou-se para outro país com os filhos, para um doutorado, e mesmo quando ela voltou às coisas não foram as mesmas. Minha prima havia se casado e ficado no outro país, meu primo voltará anos antes mas manteve distância, minha tia continuou sua busca por si mesma.

O Natal passou então a ser com minha tia, prima de minha mãe, e meus primos menores. As vezes em nossa casa, depois na deles, num sítio no interior.

Depois que Rebeca nasceu isso mudou de novo. Por pedido de minha irmã e minha mãe passamos a fazer a véspera de Natal apenas com nosso núcleo.

E então eu não tive como dar essa experiência pra ela.

Sim, ainda passamos o almoço de Natal na casa da minha tia, e lá se reúnem tios e primos, crianças por todo lado, bagunça, risadas, muita conversa, muita comida e bebida.

Mas não é a mesma coisa.

Por mais que eu me esforce o dia 24 acaba sendo vazio. Falta vida, falta alegria, falta aquilo que faz o dia ser mágico, falta aquilo que cria boas memórias.

Minha irmã diz que não gosta de Natal e de trocar presentes nesse dia por ele ser muito comercial, muito voltado ao consumo. Mas ela não entende que quando você não tem uma festa, uma reunião, algo a esperar nesse dia, é aí que o foco acaba ficando apenas no ganhar.

E eu estou aqui, nessa crise que vocês têm acompanhado, saudosa desse tempo e pensando no futuro.

Como será o Natal esse ano? E o dos próximos anos?

Quando o que eu tenho hoje não existir mais, com quem estarei passando meu Natal daqui 10 ou 15 anos?

Como eu posso dar o que eu mais quero pra Rebeca nesse e nos próximos Natais?

Boas memórias...

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Fase

Fases

De pronto eu nego a realidade
Muito dura, difícil, injusta.
Não pode ser verdade, não é certo
Algo deve estar errado, oculto,
Escondem de nós, uma brincadeira,
Ou somos nós que nos escondemos
Daquilo que para nos é insuportável?

Dentro de cada um queima,
Fogo ou frio,
Devora a cada dia
A capacidade de raciocínio,
A paciência, a clareza,
O prazer, a conversa
Um briga interna que não se acaba,
Eterno diálogo inflamado com si mesmo,
Talvez na esperança de apagar a dor.

E conforme o tempo sopra o calor pra longe,
Uma leve brisa abranda a alma,
Que tenta racionalizar o inevitável.
Questionamos cada frase, cada lágrima,
Buscamos sentido
Pois no sentido deve morar a resposta,
Ressignificar, entender, abrandar.
A certeza vira dúvida, a dúvida vira pergunta,
A pergunta pede calma,
Mas nenhuma delas muda o fato.
O fato está la,
A dor é real,
Não podemos fugir,
Ou brigar,
Ou relevar.
Doi. 

É a sensação de perda.
Perdemos.
Perdemos o passo, a hora
Perdemos o dia, o mes
Perdemos a vontade, o sorriso
Perdemos a saída, a janela
O rumo.
Perdemos o amigo,
A família,
O amor.
Temos um medo enorme,
Indescritível
De perder a vida,
Ou pior,
De em vida perder a si mesmo.

É real.
Não foi um sonho,
Um pesadelo,
Uma piada.
Foi um segundo,
Um piscar de olhos,
Uma escolha ruim,
Um reflexo...
Mas se perdemos algo,
Que a cabeça pese,
Mas não se perca.
Doi.
Vamos perdoar nossa fraqueza,
E deixar o tempo levar embora
Cada grão que fecha nossos olhos,
E que cada lágrima lave a face,
E com ela escorra em gotas 
A pontada no peito
Indo embora.
Que a gente se permita sofrer,
E que a permissão seja nosso perdão.
Que a gente entenda que pode
Sentir a dor
E ainda sim continuar em frente.
E que com isso em mente,
A dor vire força,
A falta saudade,
O amor seja a segurança
E cada passo seguinte 
Saibamos,
Não estamos sozinhos.

Resiliência

Resisto. Decidi que hoje não me renderei  ao medo ou a melancolia. Serei feliz, continuarei, manterei quem amo o mais próximo que puder.
Continuidade e resiliência.
Hoje eu decidi continuar aqui.
Trazer um pouco de paz e normalidade a uma cabeça confusa.
Quis compartilhar isso com você. A vida continua e é nas pequenas coisas e nos pequenos gestos que nos lembramos de respirar fundo e admirar o belo.
Temos arte. Temos amor. Temos uns aos outros.
Hoje eu decidi resistir ao medo e ser feliz.
Hoje.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Aquela sobre a receita de família..

As vezes a gente está tão familiarizado com uma coisa que esquece que nem sempre os outros tem as mesmas referências.

Hoje na terapia eu repeti muito do que escrevi no meu post do blog sobre me reencontrar. E quando falei da minha pobre alimentação básica atual, com minhas conforto doida caseiras, ela achou graça da história da pizza de salsicha.

Então me toquei que essa realmente e uma referência muito pessoal. É um prato que minha mãe fazia quando eu era criança.
Aliás, os três pratos que formam minha alimentação atual são da minha infância, não precisa ir muito longe pra entender ao que isso me remete.

Minha mãe nunca foi muito de cozinhar. Não gosta, não sabe fazer muitas coisas, mas tem esses pratos específicos que ficaram guardados na minha memória e no meu emocional.

Tem a pizza de salsicha. E tem o arroz com ovo e queijo.

Então pra coroar esse fim de semana de eleição nada mais posso fazer a não ser compartilhar com você a receita dessas comidinhas práticas e salvadoras.

Bom apetite!

Pizza de Salsicha (Serve 3 pessoas):

Ingredientes:
6 fatias de Pão de forma
1 xícara de molho de tomate pronto
9 salsichas
9 fatias de mussarela

Preparo:
Cozinhe as salsichas até levantar fervura.
Coloque as fatias de pão em uma assadeira, uma ao lado da outra (deixe um espacinho entre elas pro queijo não grudar).

Espalhe uma colher de sopa de molho de tomate em cada fatia de pão cobrindo ele todo.

Pegue as salsichas cozidas ainda quentes e corte elas ao meio, de comprido, tirando a ponta de modo que cada metade tenha o tamanho da fatia do pão de forma.
Arrume cada fatia de salsicha uma ao lado da outra em cima do pão. O ideal é usar uma salsicha e meia em cada pão e completar o espaço que falta com as pontas que você cortou antes da salsicha, para evitar perdas. Faça isso ate completar todas as fatias de pão com todas as salsichas. (Costuma sobrar umas pontinhas, coma ou de pras crianças)
Cubra cada fatia com a mussarela. Eu costumo dobrar a fatia de mussarela de forma a cobrir o pão e uma das pontas ficar dupla. Depois eu corto outra fatia de mussarela nomeio e cubro apenas a parte mais fina da cobertura.

Leve ao forno alto por aproximadamente 20 min ou até o queijo ter derretido a gosto.

Coma com o molho de sua preferência. Eu gosto de mostarda!



Arroz com ovo e queijo (serve 1 a 2 pessoas):

Ingredientes:
2 ovos
2 xícaras de arroz branco pronto
3 fatias de mussarela
1 colher de manteiga
Sal a gosto.

Preparo:


  • Derreta a manteiga numa panela alta. Lembrando de não quebrar os ovos direto na panela, adicione os dois ovos para fritar na manteiga e adicione sal a gosto. Mexa os ovos como para fazer um ovo mexido. Quando os ovos estiverem num ponto semi cozidos, já mais concistentes mas ainda moles adicione o arroz e mexa misturando tudo. Adicione as fatias de mussarela uma a uma, picando e misturando ao arroz. Frite essa mistura ate o queijo estar todo derretido.
  • Sirva quente.
Bom fim de semana!

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Sobre eu poesia...

Sou a soma de tudo que penso,
Sou parte de tudo que vejo,
Sou carne e sentimento,
Sangue e pensamento,
Emoções ao vento...

Sobre sorrisos e lágrimas,
Sobre o dia de ontem,
Sobre o desejo de hoje,
Um sonho sobre amanhã,
Andar descalça nas areias do tempo.

Um tapete de fios de escolhas,
Emaranhados, bordados,
Um detalhe no crochê da vida,
Uma trama duvidosa,
Os passos de seu caminho
Único e solitário.

O conjunto
As amizades da infância,
Os amores adolescentes,
As responsabilidades da vida adulta,
A fragilidade da vida...

Sobre envelhecer as vistas nuas,
Sobre ser idoso e ser criança,
Sobre ser teimoso,
Sobre perder a cabeça.

Sou a soma das vidas que toco,
Sou um pouco dele,
Um pouco dela,
Um pouco de mim,
Pouco de você.
Sou o que vêem em mim,
Sou mais ou sou menos,
Sou fogo e água,
Somos risadas ao vento.

Sobre ser eu mesmo,
Sobre ter vergonha,
Sobre sentir culpa,
Sobre sentir demais,
Falar de menos,
Sobre ter medo
E sobre ser menos.

Eu sou o que faço,
Sou mulher e mãe,
Sou tia e filha,
Sou infância e memória,
Sou futuro adulto,
Sou amor bruto.

Sou quem sou.

Sobre apenas ser...

Eu.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Sobre se reencontrar...

Depois da festa e da animação vem o dia a dia, e a realidade é outra...

Não estou nada bem. Esse ano foi emocionalmente desgastante e eu me vejo imersa a inúmeras questões pessoais, buscando respostas e não encontrando nenhuma senão a certeza de continuar procurando até me encontrar.

Me sentindo constantemente triste, cansada, insatisfeita. Não tenho vontade de sair, e mesmo que sinta falta e querer os amigos por perto, não tenha ânimo para fazer convites. Ter que pensar em conversas, que não sejam reclamar de como me sinto, causa uma sensação automática de exaustão. Não consigo me alimentar direito, a comida na maioria das vezes tem gosto ruim e eu acabo passando os dias a base de sanduíches, miojo com muito, muito, queijo ralado, pizza de salsicha e arroz com ovo.

Na esperança de essa deficiência alimentar não causar tanto dano, continuo tomando as vitaminas indicadas pelo médico...

Mas as vitaminas não impedem os números na balança de aumentar e a minha energia de diminuir.

Durmo o máximo que posso porque sei que esse é o caminho para me manter no limite do aceitável.

Me sinto uma fraude. Não, não é isso. Fraude seria se eu estivesse enganando alguém. Não sei se é o caso.

Me sinto incapaz. Sem conseguir um trabalho formal fico pensando em soluções mirabolantes. Falo sobre um curso que quero fazer como se essa fosse ser uma saída para a independência financeira que nunca tive. Nåo acredito que a ideia seja boa o suficiente se eu apenas quiser fazer o curso porque gosto do assunto e quero conhecer mais e estudar. Vou depender de outra pessoa para pagar pelo curso e sinto que só conseguirei apoio se acreditarem que, dessa vez, mais uma vez, vai dar certo e eu vou alcançar o tal sucesso profissional medido em sua capacidade de receber pelo que você faz...

Eu escrevo o que consigo. Não há nada que eu queira fazer diferente disso. Tenho lido livros que ensinam técnicas de redação, narração, apresentação, como tornar o que você escreve um produto. Se não consigo ir muito longe na criação então que eu procure me aperfeiçoar. Não quero fazer nada diferente do que escrever...

A sensação de incompetência me puxa de volta e as idéias somem rápido. Não há iniciativa forte o suficiente para quebrar a barreira.

Quem sou eu? O que eu quero? O que eu tenho? Se tudo a minha volta ruir, o que eu terei que sera meu?

Quando meus pais não estiverem mais por aqui, qual sera a família com quem irei passar meu Natal? Quem seråo as pessoas do meu lado no Ano Novo daqui a 15 anos?

Se meu esposo sofrer um acidente, como vou poder sustentar a mim e a Rebeca?
Que tipo de vida eu terei e poderei proporcionar?

Quando eu sinto que tenho uma casa logo sou lembrada que a mesma não é minha. Que não tenho nada que seja meu. Que tudo que existe a minha volta e mantém a minha vida existe por vontade e favor de outra pessoa.

Não fui capaz de estudar, fazer uma graduação, ter um diploma, exercer uma profissão, ter uma vida normal. E hoje, aos 36, simplesmente continuo me sentindo tão fragilizada e incapaz de mudar esse quadro quanto aos 13 anos e tive minha primeira crise.

O país inteiro numa crise fabricada por interesses excusos, o aumento da violência, onde criar minha filha com segurança? Como me esconder dessa onda de intolerância e permitir que ela viva livre e segura? Como fazer isso sem ter nada?

Então me concentro nas pequenas coisas.
Acordo de manhã e ajudo a Rebeca a se arrumar pra aula. Acompanho minha filha a suas aulas de dança e me lembro que pra tudo é preciso dedicação e persistência.
Faço companhia para minha mãe e tento entender suas limitações, tão parecidas com as minhas, e apenas fico com ela na esperança que por não se sentir sozinha ela se sinta mais segura.

Programo as compras. Tento fazer planos de controle de gastos e onde focar os esforços para pagar dívidas que não deveriam existir mas existem e precisam ser pagas.

Ajudo os amigos quando e como posso. Pode estar ruim pra mim mas o pouco que posso fazer pelos outros será feito. Estamos perdidos em nossas bolhas e nossos problemas mas não estamos sozinhos. Me afundo um pouco mais no sofá, giro os juros do banco, mas ajudo e mostro talvez o que eu queira me lembrar: não estamos sozinhos.

A noite na hora de dormir converso com a Rebeca sempre que o humor e o tempo permitem. Ela me conta sobre a escola, sobre os amigos, sobre o curso, sobre os programas que assiste e as músicas que ouve. Vou descobrindo como ela vê o mundo, e respondo todas as perguntas que ela me faz da melhor forma possível.

Ela cresce tão rápido e eu não quero um dia olhar pra trás e pensar que poderia ter aproveitado mais esses momentos se... Não há um "se". Reclamo, me canso, arranjo briga com o marido que espera ela dormir para ir deitar e tem feito isso cada vez mais tarde. Mas eu aproveito o tempo que tenho.

Porque hoje eu sinto que tudo o que tenho são as pequenas coisas e esses preciosos momentos. Então e neles que me apego até ganhar força e voltar a tentar construir minhas bases, criar minha historia. 


E hoje é o que tenho.

Amanhã é outro dia.

E essa nuvem que hoje me acompanha vai passar. Ela sempre passa.

Amanhã é outro dia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Sobre a hora de dormir com todas as perguntas do mundo!

Rebeca nunca foi daquelas crianças que dormem com facilidade. Nem sei se existem crianças que dormem facilmente, mas essa é uma questão mais teórica e vou me concentrar na nossa pratica.

Desde bebê ela sempre lutou contra o sono. Parece que quanto mais sono mais elétrica ela fica. Mas o interessante aqui é que conforme ela foi ficando mais velha e seu interesse pelas coisas do mundo foi aumentando, ela passou a escolher a hora de dormir para fazer aquelas perguntas difíceis que reuniu na cachola ao longo do dia, semana, enfim.

No começo dessa prática eu achei que ela tinha chegado a famosa idade dos "porquês". Mas o tempo foi passando o tempo, meses, anos, e nada disso passar. O que aconteceu foi que as perguntas e os assuntos foram ficando mais elaborados.

E eu gosto de falar, sabe? E eu simplesmente não consigo resistir a responder as perguntas que ela, ate hoje, me tras.

E acabou que a hora de dormir acabou por se tornar uma das partes mais gostosas do dia. Relaxadas, dentes escovados, deitada na cama, ela me conta coisas sobre seu dia, pergunta sobre coisas de seu interesse como música e filmes, conta sobre o programa que viu e sobre o que aprendeu na aula, me pergunta e ouve interessada as histórias da minha infância...

E dia sim dia não me pergunta algo mais difidif de explicar. Sim, ela já perguntou e eu já expliquei de onde vem os bebês... Mas também já me perguntou porque algumas pessoas são más, porque temos tantas dividas, porque existe o dinheiro, o que é preconceito...

Nesse clima de eleições no qual nos encontramos, assunto quase impossível de se desviar, me vi explicando sobre história do Brasil, desde a colônia, independência, ditadura, diretas ja, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer. Expliquei sobre como nosso sistema de governo e estruturado, com seus tres poderes. Como o legislativo e importante. O que é a tal Lava Jato que ela tanto ouve falar, quem é o presidente, o governador, o prefeito, e qual o papel de cada um...

Nessas horas nossa conversa vai ficando comprida, e por vezes ela adormece no meio da explicação.

Mas tentar explicar pra ela o que está acontecendo hoje me ajuda muito a pensar e a ver as coisas com mais clareza, e mais otimismo.

Você já tentou explicar algo para uma criança?

Recomendo muito essa pratica. Não impor o que você pensa, mas de fato explicar, deixando que ela faça perguntas.
Você pode se surpreender com o que você mesmo é capaz de descobrir.

No fundo são essas conversas antes de dormir que fazem o mundo fazer sentido, e me lembram o que é o mais importante...

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Sobre aniversários e retornos...

A serie de postagens sobre a viagem foi para marcar a semana do aniversário da Rebeca.

Minha menina fez 9 anos essa semana e nos comemoramos como foi possível.

Com bolinho e parabéns com as colegas na aula de dança, uma festinha mais elaborada na escola e um jantar diferente a noite, foi o que esse ano conturbado nos permitiu.

Mas foi tudo pensado e feito com muita dedicação e carinho, por mim principalmente, mas com a ajuda dela e do pai.

Para o parabéns no ballet fiz cupcakes de red Velvet com cobertura de cream cheese tingidos de rosa e cupcakes de brigadeiro, e aí demos uma enfeitada com toppers de sapatilha para os rosas e notas musicais para os de brigadeiro.

Elas cantaram parabéns, as crianças adoraram os doces, e Rebeca ficou feliz.

Na escola já fizemos algo mais elaborado, a festa tinha outro tema, Harry Potter, e eu aproveitei pra soltar a imaginação e me divertir.

O bolo seria de chocolate com recheio de brigadeiro e cobertura de marshmallow tingido de verde, simulando o gramado do castelo. Num clima meio retro de festas dos anos 80, fizemos toppers especiais para o bolo, um grande do castelo e outros menores com os personagens do filme e ela montou a cena em cima do bolo antes do parabéns.

Mandamos salgadinhos de festa, sucos, copinhos temáticos, pratinhos... Mas a cereja do bolo foram as lembrancinhas.
Preparamos algo bem especial.

Numa sacolinha de papel craft colocamos um pacotinho de sapos de chocolate, com direito a carta de bruxos, um pote com feijõezinhos de todos os sabores, garrafinhas de poção magica, e uma varinha feita com biscoito cobrindo uma caneta, uma diferente da outra.






Rebeca me ajudou com a elaboração das lembrancinhas e ficou muito contente com a reação dos colegas. Voltou para casa com presentes e satisfeita.

O jantar fomos apenas eu, ela e o pai dela comer um Hamburguer na lanchonete favorita dela.

Voltamos para cantar parabéns em casa e distribuir os presentes nossos e dos avós dela que estavam esperando.


Foi tudo muito bom, mas deu muito trabalho.

Por exemplo, o bolo da escola eu ia fazer um dia antes da festa pra ele estar fresco. Na hora que fui cortar a massa no meio para rechear vi que a mesma havia ficado muito fofa e quando tentei levantar uma das partes para o recheio o bolo simplesmente se desfez entre os meus dedos. Era noite e eu precisava começar tudo de novo.

Quando perguntei a Rebeca se ela aceitaria um bolo comprado se eu não conseguisse fazer o bolo a tempo ela fechou a cara num bico enorme. Sem querer decepciona-la e nem a mim mesma, parti para fazer o bolo as pressas. Faria a massa antes de dormir e daria um jeito de rechear e cobrir antes dela ir a escola. Fui dormir a 1h da manhã com a massa pronta e calculando quanto tempo levaria para terminar o bolo no dia seguinte.

Nós ultimos minutos antes da aula consegui terminar o bolo. Sucesso e sorrisos!

A manhã não foi so correria por causa do bolo. Nós temos uma tradição de nós aniversários fazer café na cama. Como estava chovendo e minha cozinha e separada dos quartos, achei que Rebeca não ia se importar de ao invés do café na cama eu acorda-la para ir a cozinha comigo e eu preparar algo especial no lugar.

Ledo engano.

Na hora que ela abriu os olhos e viu que não tinha bandeja nenhuma ela logo começou a chorar, sentida, magoada... "Você esqueceu!" Ela dizia entre lágrimas.
Demorei 40 min para fazer ela se acalmar e entender o que tinha acontecido e deixar o dia continuar pois as outras coisas iriam dar certo e ela teria um ótimo dia.

Foi um grande aniversário. Muito emocionante. Muito cansativo. Muito trabalhoso, mas muito feliz.

E no dia seguinte, para agradar a mim e a Rebeca, o pai dela nos acordou com cafe na cama para nós duas.

E foi assim o Ano Novo pessoal da pequena.

Agora ela tem 9 anos...

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Sobre a magia de Harry Potter e a viagem de volta...

O hotel em que pensamos a noite era incrível, enorme, mas não aproveitamos nada pois chegamos tarde da noite, fomos pro quarto dormir e saímos logo depois do café da manhã no dia seguinte.

Eu me surpreendi inclusive pelo fato de um hotel tão grande não oferecer café da manhã. O que tinha eram cafés tipo Starbucks todos pagos a parte. Aqui no Brasil quase todos os hotéis oferecem café...

Acordamos cedo, comemos algo no café e logo nos dirigimos ao parque da Universal. Pegamos um ônibus que saia do hotel direto para o parque. Tínhamos ingressos que nos permitiram visitar 2 parques no mesmo dia, os dois com atrações da franquia Harry Potter.

Esse era nosso objetivo do dia, de todas nós, inclusive minha tia: Harry Potter. Somos todas fãs! Eu havia lido com a Rebeca 4 dos livros, até o Cálice de Fogo, de forma que ela já estava apaixonada pela história e louca pra ir no parque. 

E foi o que fizemos o dia todo. Entramos no parque e fomos direto para a ala de Harry Potter para tentar pegar o local mais vazio, e depois iriamos a outras partes do parque.

E de repente fomos levados para o Beco Diagonal...

No fundo do Beco o banco Gringotes com um enorme dragão no topo cuspindo fogo de verdade sobre nossas cabeças. As meninas simplesmente ficaram alucinadas, queriam ver tudo e entrar nas lojas várias vezes. Fomos na Olivanders onde cada uma ganhou de minha irmã uma varinha mágica: a varinha interage com itens dentro do parque fazedo efeitos mágicos de verdade, como levitar penas, mover objetos, etc. E com isso um mapa da ala com cada ponto de interação das varinhas.

Experimentamos cerveja amanteigada. Tiramos foto com a moto de Syrius Black. Mas não conseguimos fazer mais que isso pois uma das meninas, a mais nova, ficou com medo do dragão e era necessário passar por ele para ir na principal atração.

Decidimos então pegar o Expresso de Hogwarts e nos dirigir a Hogsmead, que fica no outro parque.

Um trem Maria Fumaça de verdade nós leva de um parque a outro. No caminho somos atacados por dementadores e salvos por Harry...

Em Hogsmead fomos em 2 atrações, uma mantanha russa e um simulador onde você faz uma viagem de vassoura pelo castelo de Hogwarts. Esse segundo simplesmente incrível! A fila enorme de mais de uma hora acaba sendo parte da atraçao já que ela é feita passando por dentro do castelo. Da estufa das aulas de Herbologia, pelo salão, a sala das fotos dos diretores que ficam falado entre si, a sala de aula... 

Almoçamos no parque dessa vez, no Três Vassouras. Comida boa e farta. Eu a minha tia décimos descansar após o almoço e minha irmã voltou no simulador com as meninas outra vez. Mas eu, minha tia e Rebeca, sentíamos a dor no corpo voltar mais rápido do dia anterior...

Quando nos reencontramos já era fim da tarde e decidimos tentar sair finalmente da ala de Harry Potter e ver outras atrações.

Fomos num simulador do Homem Aranha, incrivel, mas quando nos dirigimos a outra atração começou a chover.

E eu tenho medo de chuva.

Mas foi a chuva mais esquisita que eu já vi. A chuva "andava". Era uma chuva mais pra garoa, e eu pedi para entramos numa loja para nós proteger e vi a chuva passar em poucos minutos. Saímos da loja, andamos mais um pouco e alcançamos a chuva de novo. E foi aí que notei que a chuva apenas passava, ela não parava. Décimos continuar em frente, minha irmã queria ir em uma montanha russa mais radical comigo enquanto minha tia ficava com as meninas. Mas não tivemos oportunidade. Nessa hora umas das meninas havia perdido a varinha, e ficamos uns 40 minutos procurando. No fim uma pessoa encontrou e entregou numa loja perto de onde estavamos onde conseguimos recuperar a varinha perdida.
Mas aí já era tarde. Devido ao especial de Halloween o parque fecharia mais cedo para quem não fosse participar do evento.


Mas valeu a pena.

Pegamos o anibus de volta para o hotel e foi aí que Rebeca sentiu a dor do dia. Chorou o caminho de volta ate o hotel, com dor nos pés e nas pernas, assadas pois o shorts que ela usou estava curto e as coxas rasparam uma na outra o dia todo.

Jantamos numa lanchonete e voltamos para Tampa onde dessa vez iríamos nos hospedar na casa dos amigos de minha irmã.

No dia seguinte as meninas iriam para a casa de amigos e nós ficaríamos cuidando da mais novinha das três.

Saímos, comemos rosquinhas, compramos as últimas coisas que faltavam para trazer, e tiramos o dia para descansar e arrumar nossas coisas. Iríamos voltar pra Miami e de lá para casa. Nossa aventura estava no fim...

Dormimos a última noite em um hotel de beira de estrada próximo do aeroporto. Saímos de madrugada, de Uber, para nossa viagem de volta.

Apesar de meu nervoso para voltar sozinha com a Rebeca, quase perder o passaporte por esquecer ele na esteira de raio x, nosso voo foi tranquilo. Rebeca dormiu ele quase todo, eu pude assistir filmes...

Foi uma experiência incrível e eu quero muito refazer essa viagem, dessa vez com meu marido e filha mais velha. Foi legal conhecer outro pais, outra cultura, as diferenças...

Mas esses detalhes eu conto outro dia...

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

De passeios, de cultura, de diferenças, de voltar pra casa

Nos dias que se seguiram tentamos aproveitar o máximo possível.

Reservamos um tempo para fazer compras de roupas pois era algo que eu queria fazer muito, comprar roupas pra Rebeca. 

Também era importante fazer programas que incluísse as filhas dos amigos de minha irmã. E tempo para passar com eles. E para descansar.

A única coisa com data certa era nossa ida a Orlando para a Disney. Nos outros dias sabíamos o que gostaríamos de fazer mas estávamos abertos a mudar de planos de fosse necessário.

Nós jantamos com os amigos de minha irmã duas vezes na semana. Um dia na casa deles, onde experimentamos uma sopa de abóbora que Rebeca não foi muito fã, mas educadamente tentou comer, e eu levei brigadeiros para enrolar com as crianças. O outro dia em uma pizzaria local. Até às pizzas lá são grandes, hehe Mas muito boas. Na pizzaria foi onde Rebeca e as meninas se entenderam melhor, fazendo bagunça, se melecando comendo a pizza com as mãos, pães de massa de pizza e muito queijo, dando risada. Um pouco de bagunça demais pro meu gosto, mas ei, a viagem não era pro meu gosto, certo?

Dos passeios nós fomos ao chamado Museu da criança, que se assemelha ao Museu da Imaginação em São Paulo, onde na primeira tentativa chegamos muito perto da hora de fechar (lembra que eu falei que as coisas fecham cedo por lá?) e acabamos brincando no parque e nas fontes em frente ao mesmo, mas que conseguimos visitar no dia seguinte com sucesso.
Passamos tempo na piscina do condomínio, tambem.

Num outro dia fomos ao Aquário de Tampa, muito bacana, com espécies e apresentação diferentes daqui. Lá participamos de uma atividade estilo show de perguntas parecido com o que vemos em filmes. Foi bem divertido.



Quando fomos pra Orlando tivemos que sair cedo de manhã. Entregamos o apto onde estávamos ficando ja que passaríamos a noite em Orlando e na volta os amigos de minha irmã fizeram a gentileza de nos receber por uma noite em sua casa. 
Orlando fica a cerca de 1h30 de Tampa e no primeiro dia fomos ao Magic Kingdom da Disney.

Foi mágico. O parque é gigantesco e nós decidimos não seguir a dica de minha prima, que havia dito para nós alugarmos uma Scooter elétrica que eles oferecem no parque para minha tia. Foi uma decisão ruim, mas só descobririamos isso no fim do dia.

Nós levamos lanchinhos na mochila para tentar economizar um pouco já que a prioridade era ficar nos brinquedos. Apesar de ser muito divertido e muito emocionante estar lá, o Magic Kingdom ė um parque para crianças pequenas. Rebeca com 8 anos já tinha altura para ir em todos os brinquedos e eles não eram de muita intensidade. Pra ela que gosta de emoçõed fortes, foi bom, mas nada espetacular. O fato de estar no parque e vivenciar tudo aquilo acho que pesava mais. No entanto para crianças mais velhas acho que os brinquedos seriam meio sem graça. Esse sentimento veio também porque a primeira atração que fomos foi a Space Mountain que era a montanha russa mais intensa do parque, então tudo que veio depois ficou com gosto de "é, foi bom, mas não foi a Space Mountain".

No final da tarde o parque seria fechado e aberto apenas para o especial de Halloween. Apenas quem tinha ingresso para o especial poderia permanecer ou entrar no parque, os outros precisariam ir embora.

As filas para os brinquedos eram gigantescas na mesma proporção do parque. Estamos falando da menor espera ser de 40min e a maior de 2h! Isso porque não era a época mais cheia, estava até meio vazio. Quem nos deu esse parâmetro foi um primo meu que encontramos por lá e já foi outras vezes. No meio do dia eu já não aguentava ficar em pé de tanta dor nos pés. Rebeca também reclamava bastante, minha tia sofria mas tentava ser mais discreta.

A dor veio forte na hora de ir embora. Fomos embora na hora de fechar para o evento de Halloween. Nós e todas as outras pessoas do parque. E aí descobrimos que a fila de 2h também existia para pegar o transporte para ir embora.

De lá nos fomos jantar. Por pedido meu nós fomos a um restaurante indiano. A comida era deliciosa! Muito apimentada, mesmo nos termos pedido com o mínimo de pimenta possível, e com isso Rebeca não conseguiu comer nada.

Aliás essa foi uma situação que se repetiu algumas vezes. Rebeca comeu muito menos que seu normal em diversas ocasiões por diversos motivos. Além dessa vez no restaurante indiano, dias antes nós fomos em um resarestaur coreano na expectativa de comer sushi que Rebeca adora. Mas fomos pegas por diferenças culturais que desconhecíamos: no sushi coreano o wasabi, aquela pasta verde extra apimentada, não vem a parte para você colocar como quiser como nos restaurantes japoneses no Brasil, mas entre o peixe e o arroz. Rebeca descobriu isso dá pior forma, colocando o sushi todo na boca. A garçonete, muito atenciosa e prestativa, tomou a culpa para si dizendo que devia ter avisado e ofereceu uma porção extra de hot rolo sem wasabi por conta da casa para compensar.

No restaurante indiano pela primeira vez nos perguntaram se Rebeca tinha alguma alergia alimentar antes de escolhermos os pratos. Quando informamos que ela tem alergia a nozes eles nos indicaram quais pratos e molhos ela não deveria comer. E vendo a dificuldade dela com o alimento muito temperado, foram atenciosos e buscaram nos oferecer opçõee que ela poderia se dar melhor.

Depois do jantar fomos para o Hotel onde passaríamos a noite e nós encontramos com o amigo de minha irmã. Duas das meninas iriam passar o dia seguinte conosco no parque da Universal.

Mas essa parte eu continuo depois... :)

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Viajar é preciso, ter medo não é preciso...

Embarcamos.

Eu escolhi viajar de dia. Por algum motivo, acho que por uma associação a viagens de carro, eu me sentia mais segura se a viagem acontecesse de dia. Fomos pro aeroporto cedo de manhã, encontramos minha tia e fizemos nosso check in.

Não demoramos muito e adentramos a área de embarque. A partir daí eu já comecei a ficar um pouco melhor. Mas só um pouco.

Embarcamos, nos ajeitamos no lugar, arrumamos malas de mão no bagageiro. Rebeca estava muito animada, muito ansiosa e feliz. Logo quis mexer na tela de vidro de seu lugar, explorar as opcões de filmes e jogos e descobriu que tinha um programa que monitorava o vôo, mostrando onde aproximadamente no mapa estávamos e quanto tempo de viagem ainda restava. Pronto. A cada 15min ela parava o que estava fazendo e voltava a ver o programa numa clássica modernização de "já chegamos?".

A viagem toda. A cada 15 min. Foram 8h de viagem.

Eu tentei assistir algum filme, o máximo que ela permitiu. Minha tia também. Conversamos um pouco também, mas no mais eu lembro de me ocupar com a Rebeca e sua ansiedade em chegar. Acho que com a minha também.

Quando chegamos em Miami tive minha prova de fogo, meu último obstaculo: a imigração. Eu tinha medo de falar alguma besteira, ou mesmo não conseguir me comunicar de tão nervosa. Minha tia não falava muito inglês e a Rebeca ainda uma criança então essa primeira comunicação dependia totalmente da minha capacidade de me controlar.

Atendimento rápido, fila grande. Apenas algumas perguntas sobre quanto tempo iríamos ficar e onde e fomos liberadas.
Pronto. Estava feito. Consegui passar por meus medos. Estava pronta para aproveitar a viagem tão sonhada.

Encontramos minha irmã no desembarque. Rebeca correu para um abraço. Muita emoção. Ela estava de carro, já era noite e nós seguimos para o hotel onde ficaríamos aquela dia antes de seguir viagem em direção a Tampa.

As diferenças culturais já começaram a aparecer: lá tudo fecha relativamente cedo, então quando saímos para jantar perto do hotel, quase 21h, a única coisa que encontramos aberto foi uma lanchonete. Vazia. Lanches vieram errado, mas quem ligava a essa altura do campeonato?

Voltamos para o hotel e acabamos dormindo cedo. Teríamos horas de estrada no dia seguinte.

Nossa viagem estava apenas começando...


Foram 6 horas de carro até Tampa. Tomamos café no hotel. Nada parecido com os cafés da manhã de hotéis no Brasil, muito mais simples. Leite, café, iogurte, bagel, cereal, geleias, um suco, era isso.

Saímos cedo para tentar aproveitar o dia.
Andar de carro foi algo que fizemos bastante nessa viagem.

Era Outubro e estava muito calor. Aquele calor úmido de cidades praianas. O sol forte, queimando. E todo lugar que íamos, do carro as lojas, ao hotel, ao apto que ficamos em Tampa, tudo com ar condicionado. Se não me engano todos regulados a 20°C. Do lado de fora o sol há fáceis 35°C. Era um choque de temperatura atrás do outro.

A viagem de carro para Tampa foi muito agradavel. Conversamos, ouvimos música, falamos sobre o que iríamos fazer nos próximos dias. Almoçamos num restaurante mexicano no caminho. Fast food também, mas delicioso. Porções enormes de comida, refil a vontade de bebidas.

Estrada quase que uma reta só. Os vidros fechados do ar condicionado disfarçam a velocidade que lá é medida em milhas.

Chegamos em Tampa. Automaticamente me senti dentro de um filme americano. Essa sensação me acompanhou por dias, de estar vivendo um filme.

As casas com seus grandes jardins na frente. A cerca branca. As ruas tranquila se limpas. Ou quase. Alguns lugares ainda alagados e um pouco de entulho acusavam que por ali passará um furacão a apenas 2 semanas...

Esquilos.

Ficamos em um apto numa área residencial da cidade. Grande, confortavel, 2 quartos, piscina no condomínio. Banheira. Todas as casas lá tem banheira, me lembrou minha irmã.

Descansamos um pouco e decidimos fazer compras para a semana. No final do dia receberiamos a visita dos amigos de minha irmã e suas filhas.

Antes de entrar no Mercado minha irmã avisa que estamos num país consumista e que temos que controlar nossos impulsos.

É época de Halloween. Na entrada da loja tem uma barraca com abóboras enormes. Minha irmã se empolga e decide comprar a abóbora.

Fomos fazer compras várias vezes durante a viagem. Compras de comida, de roupas... As lojas gigantescas, maior do que qualquer loja que eu já vi no Brasil. E tudo muito barato (Se você ganha em dólar)! Era muito fácil se empolgar comprando coisas. Muito facil mesmo.

Terminamos nossa primeira noite em Tampa recebendo os amigos de minha irmã para uma taça de sorvete. Muito simpáticos, nos deram boas vindas e nos fizeram sentir a vontade.

Rebeca conheceu as meninas e elas logo se deram bem. Ok, rolou aquela vergonha de quando conhecemos pessoas novas, mas dentro do esperado, conseguimos nos entender.

Agora era acertar a programação e aproveitar.

Seriam 10 dias muito intensos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Sobre a viagem que transforma...

2017 pra mim foi um ano que teve 3 anos dentro do mesmo ano. Isso aconteceu por causa do efeito que uma viagem que fiz com a Rebeca em Outubro, mas que começou a ser preparada em abril daquele ano.

Em Abril do ano passado eu e Rebeca ganhamos de presente de vários membros da família uma viagem para visitar minha irmã que mora nos EUA.

Foi uma iniciativa da minha irmã, que queria muito que nós fossemos para lá vê-la ao invés de só ela vir para o Brasil.
Eu relutei bastante em aceitar o presente, por medo principalmente, por insegurança, por não me sentir a vontade ganhando um presente tão caro, e tudo o mais. Minha irmã precisou desconstruir cada um dos meus motivos para me convencer.

O que mais pesou para aceitar a proposta de viajar para outro país foi como isso poderia ser importante na vida da Rebeca. Como essa experiência poderia ser rica, dando a ela a vivência em outro país, falar outra língua, conhecer pessoas com uma cultura diferente. E como eu não sabia se teria a oportunidade de oferecer essa vivência a ela tão cedo.

Quando minha irmã tentava me convencer esbarramos logo de cara num medo que eu mesma não sabia que existia. Eu estava com medo de voar de avião. Tinha medo de um desastre, medo que o avião caísse, medo que eu e a  Rebeca pudessemos morrer.
E era um medo enorme, paralisante, irracional.
Estava com medo de viajar sozinha com ela para um país estrangeiro, medo que se nós nos separassemos por alguns segundos eu poderia perde-la pra sempre.
Medo com as novas políticas migratorias, que nos barrassem de entrar no país, que me separassem da minha filha.

Foi aí que mais pessoas da família entraram na história e vieram ao meu socorro.

Começou por minha tia. Conversamos com ela e contamos o caso da viagem e como eu não queria ir pois estava com esses medos, tudo isso numa festa da familia. Minha tia, uma senhora de 75 anos mas com um espírito aventureiro de dar inveja, se ofereceu para ir comigo. Ela planejava fazer uma viagem aquele ano e ainda não tinha decidido para onde e ela nunca havia ido para os EUA. Ofereceu então para unir a vontade dela de conhecer outro lugar e me ajudar, e a minha irmã, a fazer a viagem.

Isso mudou tudo. E eu não poderia ser mais grata.

Eu continuei com medo. Acreditem, esse medo todo só passou na hora que já estávamos em solo americano, mas ter esse apoio, e ganhar força para oferecer essa chance a Rebeca foi essencial.

A primeira coisa que precisamos fazer foi tirar passaporte e vistos. O passaporte foi fácil. O visto no fim também, mas teve todo o estresse do medo do visto ser negado.

Decidimos tirar o visto todos juntos, minha tia, meus pais, eu e Rebeca.

O processo para tirar o visto começa com um formulário online que você responde com seus dados, os dados dos seus contatos no país, e um questionário para avaliar sua candidatura. Você responde o questionário, envia, e paga a taxa de avaliação do mesmo. Após o pagamento da taxa você agenda a entrevista no consulado, momento onde você poderá ter o seu pedido aceito ou não.
Antes da entrevista você tem que se apresentar num posto do consulado americano para checagem dos documentos, fotos e digitais.

Somos o tempo todo inundados com notícias ruins. Como se apenas as coisas negativas merecessem chegar ao noticiario. Então eu estava apavorada já pra passar por esse processo. Um misto de muito medo da solicitação não ser aceita, e uma esperança de que isso realmente acontecesse e eu não precisasse fazer a viagem (aí não ia ser culpa minha!).

Mas correu tudo bem, recebemos nosso direito de visitar os EUA.

Nessa parte, desde que estávamos completando o formulário, recebemos ajuda dos meus primos, filhos da minha tia, que se engajaram para que a viagem fosse um sucesso. Meu primo, que tem uma agência de viagens, nos auxiliou no processo para tirar os vistos e passagens e seguro viagem e minha prima nos ajudou com estadia, compras, dicas, etc

Minha irmã ficou responsável por organizar a viagem, minha passagem e da Rebeca, estadia, programação...

Decidimos que, apesar de minha irmã morar em Washington, essa primeira viagem seria mais interessante para a Rebeca se nós fossemos para a Flórida, onde moram amigos dela com filhas da idade da Rebeca. Faríamos a viagem toda voltada para ela. Seria seu presente de aniversário. Iríamos em Outubro.

Nossa programação então incluía conhecer a Disney e a Universal em Orlando, e conhecer outros pontos turísticos na cidade de Tampa, onde os amigos dela moram. Acreditávamos que a vivência da Rebeca com outras crianças seria mais proveitosa para ela explorar outra lingua. Crianças tem um jeito próprio de se comunicar e se sentem mais a vontade umas com as outras, e apostavamos nisso.

Deu muito certo.

Rebeca já faz inglês na escola, tendo uma fluência muito boa, mas ate a viagem ela tinha muita vergonha de falar em inglês, mesmo entendendo bastante quando falamos com ela. E a viagem serviu para se soltar e se sentir mais segura. Foi realmente uma oportunidade incrível.

Eu também pude me sentir mais confortável com minha fluencia. Apesar de ter sido professora de inglês e já ter convivido com pessoas nativas dessa língua antes eu não tinha tido a chance de viajar para um país de língua inglesa. Estar la e ser capaz de me comunicar confortavelmente foi ótimo.

Mas entre a compra das passagens e tirar o visto em junho e a viagem em outubro eu tive a pior crise de ansiedade da minha vida.

Eu não conseguia pensar em outra coisa. O medo me consumia. Não conseguia me alimentar direito, vivia a base de miojo com muito queijo ralado. Minha imunidade foi pro beleléu e eu fiquei doente o tempo todo.
Um mês antes de viajar eu peguei uma infecção de garganta fortissima, fiquei sem voz, febre, dor, e isso só passou uma semana antes da viagem.

Rebeca não passou despercebida por tudo isso. Por mais que eu tenha tentado protegê-la, no último mês ela acabou ficando doente também.

Quando chegou o grande dia, uma semana depois do aniversário dela, já estávamos bem, ansiosas e animadas. Quando o avião decolou fui sentindo o medo deixar e ficar a animação.
Quando finalmente chegamos em Miami, passamos pela imigração e encontramos minha irmã, toda a preocupação ficou pra trás e estávamos prontas, eu, Rebeca e minha tia, para aproveitar aqueles dias de descobertas...

Continua... ;)