De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

1 ano em alguns parágrafos...

Vai completar um ano de quando parei o blog. Muita muita coisa aconteceu nesse periodo. Ou não. Pra mim parece que foi quase uma vida, e as vezes parece que só tirei umas férias...
2015 tem sido um ano muito ruim pra mim, com bons momentos que valeram muito. Mas na soma das coisas, não ta sendo um ano fácil.

No meio do ano passado eu me arrisquei a sair da casa de meus pais e ir morar só eu, marido e filha num apto. Era alugado, era bem perto da casa deles, mas era nosso.
E gente, sabe quando o tiro sai pela culatra?

O que começou como um sono foi ficando ruim, marido entrou numa crise depressiva serissima, Rebeca regrediu muito, voltando a fazer xixi na cama diariamente e a so dormir na cama comigo, eu fui ficando mal, acabamos com a maior crise que ja tive no meu casamento...
E começamos o ano completamente sem dinheiro, num ano de crise, com uma perspectiva financeira bem ruim.

Conversando com meus pais e eles expondo as dificuldades que eles também estavam passando, decidimos que era melhor pra todos que nós saíssemos do apartamento e voltássemos a morar juntos.

Antes disso tive um bom Natal e umas férias de Janeiro que me deram um gás e me fizeram ter energia para tomar essa decisão. Minha prima, muito querida, veio passar as férias no Brasil com o filho depois de 11 anos morando fora do pais e foi realmente incrível poder te-la por perto novamente.

Ai 2015 começa a mostrar a carinha... Volto para a casa de meus pais, e na semana que decidimos mudar de volta o comportamento da Rebeca que ja estava complicado, piora e ela simplesmente passa a se recusar a ir a escola. E ela se mantem assim, numa briga diaria para tentar convencê-la a ir, num stress sem tamanho, por cerca de 2 meses.

Decido então começar a leva-la num psicologo para tentar entender o que estava acontecendo. O que havia gerado todo aquele comportamento. Se nós não a forcassemos a ir a escola, ela ficava bem, em casa, tranquilo. Dormindo comigo, sim. Fazendo xixi na cama, sim. Mas era menos pior, sabem?

Com o começo do tratamento dela nós descobrimos que ela ficou muito mal por termos voltado para a casa de meus pais, que ela entendeu isso como algo ruim, e que ela teria preferido continuarmos morando apenas eu, ela e o pai. Que ela havia percebido a tensão no casamento e tinha medo que eu e o pai dela nos separássemos. Que ela entendia que eu estava doente, mas não a gravidade disso, e tinha medo que eu morresse. Mais que isso, ela assumia para si a responsabilidade por eu ficar bem, e achava que enquanto ela estivesse ao meu lado nada me aconteceria. E portanto não queria ir a escola, nem fazer nada que a tirasse do meu lado.

Sem ter na escola uma compreensão da situação que ela estava, necessitando reafirmar a segurança de que estando longe de mim ela ficvaria bem, acabei decidindo trocar ela de escola no meio do ano.

Foi a melhor decisão que tomei. Nós refizemos a adaptação dela na escola com calma, ela foi se sentindo melhor e criando vinculo com seus cuidadores. Aos poucos foi ganhando segurança em mim, nela e na escola. E de lá pra ca tem sido cada vez melhor.

No meio disso tudo houveram 4 falecimentos significativos. Uma amiga minha que morava fora do pais teve uma overdose acidental ao misturar bebida com calmante.

Pouca mais que 2 semanas antes o pai de um dos meus melhores amigos faleceu, ele perdeu o emprego e teria de entregar a casa que morava com a esposa e o filho e sua vida estava mais do que incerta.

E um mês depois a mãe de outro dos meus melhores amigos faleceu.

E quando eu sentia que finalmente estava começando a ficar bem, meu cachorro, o melhor cachorro do mundo, foi atropelado na frente de casa por um momento de descuido.

Mas como eu disse existiram os bons momentos. ou as boas decisões.

Rebeca continua em tratamento com a psicologa e em conjunto com ter trocado de escola e os esforços em casa, melhorou de vento em popa, está feliz, mais segura, se arriscando mais, sabendo mais o que quer. Meio teimosa, as vezes respondendo meio atravessado, mas o fato dela se sentir bem para poder fazer isso depois de tudo que passamos me faz ver essse inicio de rebeldia, rs, com muito bons olhos.

Meu amigo que se viu perdido? Nós o acolhemos em casa apesar de todas as adversidades, inclusive de uma amiga minha ter decidido parar de falar comigo. Alugamos um quarto pra ele aqui em casa e procuramos dar a ele uma situação segura e estável para que ele, junto com a familia - mulher e filho morando ainda na casa da sogra - possa começar de novo.

Meu relacionamento com o marido melhorou. Reafirmamos algumas coisas, estamos procurando nos comunicar melhor, aceitamos nossas limitações, vontades, e estamos nos esforçando. Ambos amamos a família que temos e acreditamos que vale lutar por ela. Vale abrir mão de algumas coisas, e buscar outras. Mas que nós, nosso casamento, e nossa família, vale a pena se lutar. E, aos trancos e barrancos, estamos conseguindo.

Voltar para a casa de meus pais, sinto, que foi uma boa decisão. Estávamos certos quanto o ano ser dificil - pra todo mundo né? - e dar esse passo atrás nos permitiu ter outra perspectiva. Não foi suficiente para resolver nossos problemas financeiros, e né o deles, mas com certeza foi melhor do que teria sido se tivéssemos seguido separadamente.

Eu voltei a fazer terapia, e isso tem me ajudado muito. Inclusive a voltar a escrever no blog.
Decidi voltar a ideia de prestar concurso, e estou buscando um curso que eu possa fazer onlione voltado para a minha área de interesse. E no caminho até lá vou trabalhando a ideia, a decisão, e o que isso implica na minha vida para ter mais chances de sucesso.

E na semana que vem a Beca faz 6 anos.
A melhor decisão que tomei na minha vida foi ela.
E por ela eu luto por tudo isso. Por mim. Por nós.
É um amor que não tem tamanho e me da força todo dia.
Mesmo nos dias mais escuros que não quero levantar da cama, eu sei que isso passa. Que a tristeza passa. Que a depressão tem tratamento e também pode passar. Mas o amor? A, o amor fica, enriquece, preenche.
O amor ilumina e da sentido.
Então vamos em frente.
Por que 2015 ta dífícil sim, mas é só mais um ano.
E a unica certeza que a bipolaridade me deu na vida é que tudo pode mudar de um dia pro outro. E amanhã sempre pode ser melhor do que hoje.

Bom fim de semana pra vocês.

4 comentários:

  1. Não foi uma ano nada fácil é verdade mas adorei estas frases:
    "E na semana que vem a Beca faz 6 anos.
    A melhor decisão que tomei na minha vida foi ela.
    E por ela eu luto por tudo isso. Por mim. Por nós.
    É um amor que não tem tamanho e me da força todo dia.
    Mesmo nos dias mais escuros que não quero levantar da cama, eu sei que isso passa. Que a tristeza passa. Que a depressão tem tratamento e também pode passar. Mas o amor? A, o amor fica, enriquece, preenche.
    O amor ilumina e da sentido.
    Então vamos em frente.
    Por que 2015 ta dífícil sim, mas é só mais um ano.
    E a unica certeza que a bipolaridade me deu na vida é que tudo pode mudar de um dia pro outro. E amanhã sempre pode ser melhor do que hoje."
    São um bom princípio não só para a Di como também para qualquer bipolar.
    É por isso que eu gosto tanto do seu blog, a Di dá a volta à doença, vai em frente e diz a todo o mundo que é possível ser bipolar mas superando a doença.
    Obrigada pelas suas palavras, são um estímulo para os momentos em que estou mais em baixo.
    Beijinhos

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  2. Olá!
    Mas depois de um relato cheio de amor com td que aconteceu, sim eu tento achar amor em td, eu achei o amor ao final do seu relato!
    O amor que esses filhos nos dão e sua filha não é diferente... Sinto em mim o esforço que ela estava fazendo para ficar ao seu lado te apoiando a td momento! Sou professora e sei muito bem como isso faz uma criança perder um rumo e ela é muito pequena ainda para assumir essa responsabilidade!!
    Sempre nossa melhor escolha é o amor!!
    Eu estou aqui em busca de um concurso que me faça ver luz no final do túnel tbm...
    E que essa luz chegue logo para tds que a estão buscando!!
    Mais uma vez estarei por aqui e obrigada por compartilhar, me faz ver que não estou só!
    Bj

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  3. Também fiquei, uma vez ou outra, longe do blog por um ano... É sempre bom poder voltar a escrever e ver que não estamos sozinhas.
    Foi um ano bem difícil, hein?! Ainda bem que coisas boas acontecem, para nos impulsionar e não desistir de viver. Entendo um pouco sua filha. Eu não deixei de ir à escola, mas sentia que a felicidade dos meus pais era minha responsabilidade, e que precisava ser boa filha pra merecer o amor deles, ou eles poderiam me abandonar... Coisas de ser bipolar, pq meus pais nunca me deram nenhum motivo para eu pensar assim. Ainda bem que sua filha já está melhor! :)
    Eu também estou estudando pra prestar concurso, pro INSS. Força pra nós!
    Continue escrevendo! Estarei te visitando sempre ;)

    Abração da Fran,
    http://nomundodafrancine.blogspot.com

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  4. fazia tempo mesmo que eu não via nenhum post seu. também andei sumida da blogosfera, e realmente. sua vida não foi fácil. + parabéns por ter tido equilíbrio, e por ter conseguido dar a volta por cima de todas as dificuldades! http://m.facebook.com/mamaedeolhosfechados.

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P