De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Minha história - parte 1

Quando eu era criança eu queria ser escritora. Quando eu entrei na adolescência eu continuei querendo ser escritora. Ai veio um negocio chato pra caramba e atrapalhou toda minha vida: chamava Transtorno Bipolar do Humor.

Eu tinha 13 anos de idade quando tive minha primeira crise depressiva severa. Eu havia mudado de escola havia 2 anos e não tinha conseguido fazer amigos. Tinha duas colegas, mas elas eram mais amigas entre elas mesmas do que minhas amigas. Eu tentava, e na época achava que éramos amigas sim, mas a verdade é que algo já estava agindo por debaixo dos panos da minha mente. Hoje eu sei.

Sofri bullying na escola durante esse período. Era gordinha, tinha as pernas e os braços cheios de pelo, que meus pais teimavam em não me deixar depilar por acharem que eu era muito nova. Ia muito bem na escola sem fazer esforço algum, escrevia bem, era tímida, e ia mal em esportes. Basicamente um prato cheio para os valentões e pré-adolescentes em geral provocarem e manterem distância.

Chegou a acontecer na sala de aula um trabalho em que os professores pediram que a classe desenhasse como eles viam a união do grupo, onde foi desenhado uma grande panela com umas 3 pessoas tentando entrar. Eu fui identificada pelos colegas, durante a discussão sobre o desenho, como uma dessas pessoas. A professora então me questionou se eu achava que era excluída da sala por que eu era gorda, ao que eu disse que não, e fui prontamente corrigida por outra menina.

Lembro de uma aula de educação física em que um menino começou a me xingar. Eu tentei não dar bola e sair de perto. Ele veio atrás de mim depois de beber água no bebedouro e cuspiu toda a água que tinha guardado na boca em cima de mim. E apesar de eu reclamar com o coordenador sobre isso, ele foi liberado com uma conversa e uma promessa que não faria mais isso, e um pedido falso de desculpas. Estávamos na 6ª série.

Dali pra frente, a coisa degringolou. Quando passei para a 7ª série, deprimida, sem vontade nenhuma de sair de casa, do quarto, e depois de passar férias em um SPA na tentativa em vão de emagrecer uns poucos quilos, eu decidi mudar minha estratégia. E ao invés de tentar me encaixar, resolvi que ia chocar os outros.

Então eu acordava de manhã, tentava cabular aula, e quando não conseguia, fazia alguma coisa fora do padrão. Comecei a ir com roupas curtas. Me recusava a fazer os deveres de casa e a participar das aulas de educação física. Escrevia e distribuía textos eróticos para os colegas. Num projeto na aula de artes fui instruída a fazer uma escultura que demonstrasse algum sentimento. Ao ter minha ideia inicial rejeitada por que não aparecia um rosto no personagem, decidi fazer uma escultura de uma mulher ajoelhada chupando um homem em êxtase.

É.

Acho que o maior problema para a escola é que eu passei a ter seguidores. Lembro de um dia em que vieram me perguntar na aula de educação física por que eu não estava participando, ao que eu simplesmente respondi que não queria. Perguntaram se eu não ia ser penalizada por isso, ao que respondi: “Vou ficar com falta sim. E daí? Se eu não quero, não faço, não sou obrigada.”

E na semana seguinte mais 4 pessoas se recusaram a fazer a aula. Por que se eu não era obrigada, eles também não eram.


Ai a escola gentilmente sugeriu que eu me retirasse dizendo que ali não era meu lugar...


Continua...

Um comentário:

  1. Quase todas as pessoas que converso sobre bipolaridade temos o mesmo histórico bullying...
    Me lembro da minha adolescência sempre com tanta tristeza por recorrentes fatos assim.
    Espero que colocar essas coisas para fora te ajude de alguma forma!
    Bj

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P