De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Sobre ser mãe de uma menina de quase 7 anos

Ok ok, eu sei, os posts estão mais espaçados que as chuvas no inverno... Desculpem, de verdade.
Como eu disse, depois que a gente para é difícil retomar o habito de escrever. Mas tenho um evento muito importante chegando e eu queria falar um pouco sobre como esta a vida de ser mãe da Rebeca nos últimos tempos.

Rebeca está para completar 7 anos de idade.

Gente, ela já vai fazer 7 anos!

Eu me surpreendo com isso todos os dias. Parece que foi ontem... Sim, é um clichê, mas é tão verdade!
Minhas lembranças ficam indo e voltando na memória, sem seguir ordem cronológica nenhuma.
Ás vezes me lembro de coisas marcantes da minha vida que aconteceram há 12 anos atrás como se tivessem acontecido a no máximo 2 ou 3 anos. E de repente quando me dou por mim, passou-se mais de uma década e na verdade a minha vida pós Rebeca já tem 7 anos!

Eu queria falar mais no blog sobre a rotina de ter uma menina de 7 anos em casa. Por que na verdade eu sinto que na blogosfera materna se fala muito pouco sobre crianças nessa faixa etária. Temos muitas mães e alguns pais que falam sobre como é a vida de estar grávidos, de ter um recém nascido em casa, até os temíveis ”terrible two”, mas a verdade é que pra cima dos 3 anos os blogs vão sumindo. Aliás, eu me incluo nisso, viu!
Fico imaginando que aconteceu com essas pessoas o mesmo que aconteceu comigo: as atividades foram ficando mais frequentes, com os filhos na escola foi-se entrando numa rotina, e muitas vezes momentos que se tornariam posts no blog passaram a ser mais vividos do que registrados.

Mas eis que, ressurgindo das cinzas, nós lutamos para dividir um pouco dessa experiência.

E hoje quero contar uma coisa que ocorreu ontem pela manhã. Por que tem a ver com ser mãe de menina. De ser mãe de uma menina de 7 anos nos dias de hoje. E de como certos assuntos que não deveriam fazer parte do di a dia de nenhuma criança de 7 anos hoje é tido como normal...
Eu estava no computador ontem pela manhã, pouco ante do almoço, quando Rebeca que brincava no quarto de se vestir e se arrumar me aparece na sala coberta dos pés a cabeça com um lençol, choramingando.
Pergunto a ela qual o problema e inicialmente ela não responde. Insisto um pouco, pergunto por que ela se cobriu toda, por que está choramingando.

Ela então me responde que não esta se sentindo bem com seu corpo, que está se sentindo feia.
Eu a chamo pra perto de mim e peço que ela me deixe ver como está vestida. Por debaixo do lençol e de um casaco que escondiam seu corpo, ela estava com um shorts e a parte de cima de um biquíni que já não serve nela há quase um ano. Pergunto pra ela o que no corpo dela faz ela se sentir mal, e ela, olhando pra baixo, aponta para sua barriga.

Eu lhe dou um abraço, e digo que ela não é e nem está feia. E que não há nada de errado com sua barriga. Que sim, ela tem uma barriguinha maior que a de algumas colegas dela sim, mas que isso não é nem feio e nem errado.
Converso com ela, explico que o biquíni que ela colocou é muito pequeno para seu corpo, e isso faz com que ele fique apertado e faz com que seu corpo pareça maior do que é. Que aquele biquíni não serve mais nela e que por isso ela não iria se sentir bem com ele mesmo, e que é normal que nós procuremos roupas e maiôs que sirvam corretamente no nosso corpo conforme crescemos e valorizam nossas formas e tamanho.
Falei que cada pessoa tem um tipo diferente de corpo, e que algumas pessoas são maiores que outras, que tem o corpo mais largo e outras o corpo mais fininho, e que isso são características que são passadas de pais para filhos. Disse que ninguém é igual a ninguém. E que isso não faz ninguém mais feio ou mais bonito.
Ela me disse que ela era maior que as amigas dela, que elas eram mais magras.
Eu expliquei mais uma vez que as pessoas não são iguais. E que ser mais magro não é necessariamente ser mais bonito ou mais saudável. E que ela é maior sim, que as outras meninas, mas que ela não pode ser considerada gorda, por que ela é mais alta que as outras meninas, então é normal que ela seja maior. E que se ela continuar se alimentando de forma saudável e fazendo atividades físicas, isso não é algo que ela deva se preocupar.
Expliquei que ela vem de uma família que tem o corpo grande como característica. E estou falando de grande mesmo, com os ombros e quadril largos, pernas longas e grossas, e que ela mesmo magrinha teria um tipo físico maior que de suas colegas.
No fim da conversa, procurei na internet imagens de um filme que ela gosta muito, o “Descendentes” da Disney. E usei as duas atrizes principais para fazer uma referência visual ao que estávamos falando. São duas atrizes muito bonitas, mas com tipo de corpo diferente, sendo uma menor e com o corpo mais estilo mignon, e outra mais alta e com o corpo mais largo, com traços mais definidos. Mostrei que as duas são lindas, que as personagens tem várias características, e mostrei como as roupas usadas por cada uma era diferente valorizando o que cada corpo tinha a seu favor.
Inicialmente ela entendia que uma das atrizes ser maior significava necessariamente que ela era mais gordinha. E aí fomos buscar outras imagens na internet pra ver que não tinha a ver com gordura e sim com tipo físico.
Paramos a conversa, almoçamos, saímos, o dia foi passando. Mais tarde mexendo no celular encontrei uma noticia que falava da vice-campeã do concurso de miss Itália, que estava causando uma controvérsia, pois não se tratava de uma mulher nos padrões atuais de modelos de moda, super magras, mas pelo contrário, era uma mulher linda, cheia de curvas, que usa um manequin 46 – praticamente o que eles chamam de plus size.
Resolvi usar isso para mostrar pra Beca que existem mulheres lindas por ai, que ganham concursos de beleza, ficando em segundo lugar, e são não apenas grandes, mas gordinhas sim, com barriguinha, e pernas grossas, e peitos grandes e tudo isso. E que são lindas. Tão lindas ou mais do que as modelos muito magras.
E falei que a mãe dela é linda. É gorda sim, e bastante. Mas é linda. Se ama. Tem saúde. É inteligente, capaz, e tantas outras coisas. E que tudo isso se soma para ser uma pessoa completa e incrível.
E que ela é incrível. Linda, alta, fofinha, inteligente, esforçada, dedicada, determinada, educada. E isso faz dela incrível.

Mas por dentro eu só conseguia me questionar o que estamos fazendo para que uma criança de 7 anos ache seu corpo feio e inadequado, e se compare – por que ela fez isso! Ela me disse! – ao corpo de uma boneca como se aquele fosse o ideal de beleza.

E acho que precisamos falar mais sobre isso.

Um comentário:

  1. Olá!
    Acho que fizes-te muito bem em explicar à fofinha como não tem mal nenhum em ser gordinha.
    Eu também sou gordinha, muito por culpa da doença bipolar, mas sou bonita, sinto-me linda e sou feliz.
    Só fico preocupada quando crianças tão pequenas estão tão preocupadas com o seu aspecto físico.
    Muitos beijinhos para as duas.
    <3

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