De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Sobre a hora de pedir ajuda

 Eu estou deprimida. 

Estou em uma crise depressiva bem forte.

Eu estava tentando manter o controle, aquela coisa de tentar esticar o tempo, tentar esticar o elástico da mente só mais um pouquinho... "Eu só preciso fazer isso primeiro..."

Não deu.


Duas semanas atrás eu cheguei no limite. E eu não consegui ver ele chegando. Eu realmente não achava que estava tão mal.

As coisas em casa andam bastante difíceis. A gente briga bastante, estamos frustrados, eu sinto um desespero constante e os loops mentais me mantinham em uma paranóia e dependência emocional muito altas.

Aí duas semanas atrás, num domingo, combinamos eu, o marido, o parceiro e um amigo, de instalar um papel de parede no quarto da Rebeca que estávamos devendo fazer há meses.

Mas foi um dia ruim. Marido e eu havíamos passado os dias anteriores discutindo. Parceiro tava passando por suas próprias questões. Amigo idem.

A instalação do papel de parede deu errado, não ficou do jeito que devia, todo mundo frustrado.

Demos sequência indo bater papo na sala. Caímos num assunto meio espinhoso.

Mas eu achava que a coisa estava sob controle, falávamos de sociedade, de relações pessoais, mas não de forma pessoal, não sobre nós. Até que marido mudou o rumo da conversa e começou a falar de como ele se sente.

E eu, que tentava fazer o jantar, senti o gatilho de todas as nossas discussões. E fui ficando nervosa. 

Eu entendia que era importante e que ele estava buscando ajuda e eu tentava ouvir. Mas eu tive uma quebra de realidade e o meu raciocínio parou quando a conversa ainda não havia enveredado a ser tão pessoal.

E eu de repente não ouvia mais nada. Era só barulho. Eu sabia que eles estavam falando, conversando, eu ouvia o som das vozes, mas eu não ouvia mais o que eles de fato falavam. Era só barulho.

Dentro da minha cabeça eu ouvia mais barulho. Os pensamentos negativos e as memórias passavam numa velocidade tão grande que eu não conseguia acompanhar meus próprios pensamentos.

Rebeca veio pra cozinha pra ver como eu estava e eu via os lábios dela se mexendo e não conseguia ouvir o que ela falava.

Foi aí que eu comecei a entender que eu tinha quebrado. 

Pedi pra ela terminar o jantar.

Eu ia pro quarto.

No caminho decidi apenas falar o último pensamento que eu achei relevante para a conversa. Mas era um pensamento que teria feito sentido na conversa impessoal e não era mais isso que estava acontecendo. Misturei o que eu estava pensando com o pouco que consegui ouvir e falei algo, que nem tenho certeza do que foi, que soou muito pessoal ao parceiro que estava se expondo,  foi ofensivo e o magoou.

Eu vi a reação imediata no rosto dele quando eu falei.

Fui para o quarto o mais rápido que pude como havia sido combinado de quando eu sentia que não conseguia acompanhar uma conversa, pra me acalmar.

Fiz isso de forma repentina.

Marido perguntou o que tinha acontecido.

Eu apenas respondi que ele sabia o que era. Porque eu de fato achei que ele teria entendido.

Ele não entendeu.

Acho que nenhum deles entendeu.

Fiquei no quarto mas o barulho não passava e os pensamentos negativos foram piorando. 

Me acalmei um pouco e voltei para a sala porque não queria ficar sozinha.

Tentei ficar o mais quieta e não me envolver que consegui.


Mas o estrago estava feito.

Gerou um série de consequências que só me fizeram descer mais fundo na depressão e no desespero. Comecei a me sentir mal comigo mesmo e a me odiar e a odiar essa doença que me faz agir assim.


Esse sentimento ainda não passou completamente.


Mas eu fiz algo a respeito. Algo importante e bom.

Eu falei com as psiquiatra e expliquei o que aconteceu e nós ajustamos a medicação, incluímos mais remédios e diminuímos o tempo entre as sessões.

Aceitei a ajuda de minha irmã e recomecei a fazer terapia.

Hoje estou um pouco melhor. O loop mental e o desespero estão melhores. Consigo trabalhar e ser produtiva e ter dias bons.

Estou otimista e me sinto bem disposta.

Mas não posso pensar sobre mim mesma por muito tempo ainda.

Qualquer assunto mais difícil ainda me é muito pesado pra lidar e causa uma reação intensa demais.

Mas é isso. Agora é tratar, cuidar, ter paciência. E tentar ser mais gentil comigo mesma. E se der, consertar o que foi quebrado. E seguir em frente.

Mas eu tô me cuidando. Eu procurei ajuda. E eu vou ficar bem de novo.

Mais que isso.

Eu vou ficar melhor.

Um dia de cada vez.



2 comentários:

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  2. Que bom que você procurou ajuda e voltou a se acompanhada por médicos

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P