De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sobre aquilo que podemos controlar e aquilo que não podemos...

Nesse tempo que fiquei sem escrever e nesse processo de voltar com o blog minha vida teve diversos altos e baixos. No momento estou num momento de baixa, mas lidar com tudo isso ha tanto tempo quanto eu me dá a maturidade de entender que mesmo depois de uma crise desespero num domingo, vem o dia seguinte, e o depois, e isso passa.

Tudo sempre passa. Sejam os momentos bons ou ruins. Tudo passa. E isso é bom.

Ano passado eu tive a oportunidade de fazer uma viagem internacional com a Rebeca e isso foi algo que determinou todo o meu ano. Pra mim foi como se o ano de 2017 tivesse valido por 3 anos diferentes, dividido em 3 fases: pré viagem, viagem (incluído o tempo de preparação) e pós viagem.

Mas eu vou voltar a esse tópico em um post, talvez mais de um, exclusivo para ele.

Hoje quero falar um pouco mais sobre o momento atual. O imediato. Porque simplesmente as vezes precisamos falar a respeito das coisas para ter espaço para respirar, sabem?

Como disse estou num momento de baixa. Estamos lidando desde o começo do ano com uma série de complicações envolvendo a saúde da minha mãe e isso tem mexido muito comigo. Por mais que hoje, exatamente hoje, ela esteja melhor, ela esta em tratamento e se esforçando para ficar bem. E como é de se esperar, ela tem dias melhores, como hoje, e dias não tão bons assim.

Não vou entrar em mais detalhes, mas o que quero ressaltar é que isso é algo que esta totalmente fora do meu controle. Por mais que eu esteja disposta a ajudar e fazer o melhor que puder, a saúde da minha mãe não é algo que eu possa controlar, exatamente pelo fato de se tratar de uma pessoa capaz, senhora de suas próprias decisões, que faz suas escolhas independente da minha vontade. No máximo ela pode ou não ouvir meus conselhos, mas a decisão final é sempre dela sobre que rumos tomar.

E o mais óbvio é que ninguém sabe exatamente em que momento vai ficar doente.

Por mais que possamos cuidar da saúde, comer de forma saudável, fazer exercícios, fazer terapia, ter vida social, não cometer excessos, não usar drogas, não beber, não fumar, etc etc etc a verdade é que fazendo ou não isso, você pode até saber que pode ficar doente, ter mais ou menos chances, mas não vai saber o momento exato que isso vai acontecer.

Tudo isso para dizer que conviver com minha mãe nesse momento, morando na mesma casa e tudo, tem me feito reviver diversos momentos da minha vida, da minha infância e adolescência. E isso tem sido extremamente difícil. E é o que me colocou nessa baixa.


Eu não escolhi ser bipolar. Eu não sabia que seria, e mesmo que naquela época se tivesse conhecimento suficiente, coisa que não tinham, pra dizer que as chances de ter TBH eram grandes, nós não tínhamos como prever quando exatamente isso iria se manifestar.

Como eu já contei AQUI antes, minha primeira grande crise foi quando eu tinha 13 anos de idade. Hoje eu olho pra trás e vejo que dei outros indícios antes disso, mas a crise mesmo, que chocou, que me derrubou, que fez com que fossemos procurar ajuda e eu recebesse um diagnóstico pela primeira vez, foi aos 13 anos.

Muita coisa rolou entre esse momento e eu de fato iniciar um tratamento que eu mantenho até hoje, isso já aos 21 anos, lá pelo ano de 2003.

Mas se por um lado eu não escolhi ter Transtorno Bipolar de Humor, a escolha que eu pude fazer e que mudou a minha vida foi de iniciar, seguir e não abandonar o tratamento. Isso eu pude fazer. Essa escolha cabia a mim.

E uma das coisas que manter essa decisão me proporcionou foi o direito de fazer uma outra escolha ainda mais importante, a de ser mãe. Na verdade, foi meio que ao contrário... Foi quando eu descobri o quanto eu desejava com todo meu coração ser mãe, que eu entendi que para isso eu precisava tomar a decisão, e manter sempre a escolha de fazer o tratamento pra TBH.

Já contei essa parte da história AQUI também.


O momento que eu estou hoje, sentindo meu passado voltar e por vezes me dominar como ondas de um mar revolto batendo contra as pedras na praia, tem tornado difícil enxergar o que eu sou capaz de fazer. O que é escolha minha e o que não é. O que eu posso controlar e o que não posso.

Eu aprendi com o filme do Superman (sim, eu disse isso mesmo) é que quando o mundo parecer muito grande e assustador, o que podemos fazer é torná-lo menor.

E tenho visto isso em diversas outras situações, de diversas fonts diferentes, mas a ideia é sempre a mesma: se concentre nas pequenas coisas.

Arrume a cama. Tome banho. Penteie o cabelo. Coma 3 vezes por dia.

Pague as contas.

Assista um filme.

Abrace.

Fale com alguém.

Mantenha a rotina.

Desenvolva um pequeno projeto de curto prazo. Pode ser um post no blog, planejar uma festa de aniversário, uma reunião com os amigos para fazerem sua mudança. Um almoço mais elaborado.

Coisas que você pode controlar.

E deixe que isso preencha os espaços no lugar do que está fora do seu controle. Deixe o tempo te devolver o ar e a energia que você precisa para ficar bem.

Isso pode significar a energia necessária para pedir a ajuda de alguém.
Ligar para um amigo.
Marcar hora no médico ou no terapeuta.
Visitar a família.
Conseguir dizer para seu companheirx o que você realmente está sentindo.
Ficar com seus filhos e simplesmente ouvir o que eles tem a dizer.


Eu sei de tudo isso. E a outra coisa que sei é que preciso disso tudo para ficar bem.

Não posso ajudar enquanto eu não ficar bem também.

Então preciso deixar meu mundo menor.

Hoje eu vim escrever no Blog...

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