De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre ser Mãe e Bipolar

Não sei se vocês que leem o blog notaram, mas meu humor oscilou consideravelmente esse ano. E ainda estamos em Agosto! Vocês podem até ter achado natural tudo isso mas quando você sabe que tem uma doença como a bipolaridade é bom ficar atento a algumas coisas.

Querem um exemplo?

Devido a todos os problemas que tenho enfrentado em casa eu já decidi (por que não foram apenas pensamentos, foram decisões!)
- deixar o trabalho que estava fazendo como secretária em home office
- prestar concurso público
- voltar a dar aula de inglês
- ser web writer
- fazer doces e cupcakes para encomenda (que é o que tem dado mais certo até agora e por mais tempo)
- escrever meu livro (não sei se esse conta pois decidi isso pela primeira vez ao 7 anos :P )

Por mais que essas decisões tenham sido motivadas por problemas financeiros e no relacionamento, mudar de ideia 4 vezes em 8 meses é um pouco preocupante para quem esta no momento mais estável dos últimos anos. Eu não sou uma adolescente de 17 anos tentando decidir qual faculdade cursar, sabem? Sou uma mãe de família de 30 anos que não consegue decidir no que insistir.

Com isso eu estou querendo ilustrar um pouquinho do assunto: Sou mãe e sou bipolar. São duas coisas difíceis de conciliar muitas vezes, mas não impossíveis.

Encontrei esses dias num backup textos do meu primeiro blog, que comecei na época do meu diagnóstico final como bipolar e pouco depois da minha internação. Não tem todos os textos, muita coisa eu perdi, mas tem algumas pérolas de uma época bem mais turva na minha vida. Aliás, vocês lembram de eu ter contado que já fui internada, não?

Minha luta verdadeira e definitiva com a bipolaridade começou há 10 anos e alguns meses. Tive uma crise de ciclotimia gravíssima, uma depressão profunda e tive que tirar forçar de sabe-se lá onde pra decidir e ir atrás sozinha de ajuda. Sozinha sim, apesar de ter marido e família pois se não fosse por minha própria iniciativa e força de vontade tudo teria continuado igual. Coisas que só quem já viveu situação assim sabe.

Muitas vezes as pessoas próximas a nós sabem que tem alguma coisa errada mas não sabem dizer o que é e não se sentem no direito de tomar uma atitude ou nem sabem que atitude devem tomar. A busca pelo tratamento acaba tendo que vir do próprio bipolar que na grande maioria dos casos está vivendo a crise.

Já contei um pouco sobre a trajetória que fiz, buscando o tratamento, abandonando o mesmo pouco tempo depois por causa de um aborto e uma depressão por causa dele e por fim voltando a me tratar por ter sido ali, nos poucos dias que estive grávida pela primeira vez que encontrei a minha motivação para ficar bem.

Hoje, 10 anos depois tenho uma filha linda que vai fazer 3 anos e enche meus dias de alegria.

E sigo firme e forte no tratamento, questionando algumas decisões dos médicos, mas ainda sim decidida a me cuidar. A motivação não deixou de existir, ela vive comigo.

Mas nem tudo é rosa, nem tudo são flores. Tenho dias piores. Talvez mais que uns dias.

Esses últimos 2 anos por exemplo eu abri mãe da minha saúde física tentando manter assim uma "paz" para manter minha sanidade mental. Com isso engordei 20 quilos e estou com suspeita de descalcificação.

Eu sentia vontade de me cuidar. Via tudo o que eu estava fazendo de errado. Mas sempre existia algo mais importante, ou algum empecilho pra que eu voltasse a me cuidar como deveria. Eu vejo esses empecilhos ainda hoje, todos os dias. Uma ansiedade que não passa e que me faz querer mastigar o dia inteiro - com certeza sentindo falta do cigarro! - um sedentarismo impregnado, uma rotina dentro da lógica do "mais fácil".

Mas a vontade de mudar não vinha. Não de verdade. Ficava sempre pra depois, adiada.

Tive dias que não quis levantar da cama, me sentindo fisicamente doente mas sem dar um espirro sequer. Dias que tudo que eu precisava era ficar quieta, no meu canto, deixar o dia passar pra quem sabe no dia seguinte acordar melhor.

Tive dias que não tinha paciência nenhuma e a Beca pagou o pato, em especial na hora de dormir, pois mesmo sem condições eu insistia pra colocar ela pra dormir e acabava brigando com ela que só queria, naturalmente, continuar acordada e brincando. Até que culminou nesse dia AQUI.

Sabem quando vocês tem aquele estalo de que algo precisa mudar? eu tenho isso as vezes. E o dia do ursinho foi assim pra mim. Ele fez começar a girar uma roda em que eu comecei a ver que algo estava muito errado e eu precisava urgentemente descobrir o que era.

Descobri que muito do que eu estava sentindo de ruim estava ligado ao sono excessivo que vinha sentindo. Pedi pra abaixar um pouco a medicação na esperança sim de que com menos sono meu humor ficasse um pouco melhor e eu tivesse mais pique pra tudo sem entrar numa crise.

Na ultima consulta coma psiquiatra eu briguei por isso. Literalmente. Briguei. Consegui sair de lá com a dose que eu queria do remédio e depois de mais 3 dias passei a tomar a nova dosagem. Isso tem 20 dias.

Fez diferença. Estou mais disposta, acordo com mais facilidade de madrugada quando necessário e de manhã. Estou mais paciente com a Rebeca e com o mundo em geral. Sinto que estou mais perto de uma serenidade que já foi minha em outro momento. Me sinto mais capaz.

E torço todos os dias pro feitiço não virar contra o feiticeiro e eu não entrar em uma nova crise.

E sei que pra grande maioria dos bipolares a vida é assim. Uma luta, uma vida cheia de incertezas, convivendo com nossos altos e baixos.

E com tudo isso eu quis dizer que to aqui, lutando. Por que eu encontrei a minha motivação.

E você, o que te move?

4 comentários:

  1. o que me move é a vida, viver como der e do jeito que puder. compartilho de tudo o que sentes, é difícil tomar decisões, é difícil fazer o que se tem que fazer em termos práticos e ao mesmo tempo tem-se que lutar contra nosso desânimo e reunir forçar para enfrentar a vida. só quem vive a situação sabe o que é. mas pelo pouco que te conheço, percebo tua vontade, principalmente pela tua filhinha, ela vai te ajudar a te superar. beijos

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  2. O que me move é a fé, é saber que mesmo na luta e na dor, eu tenho um Deus vivo, que morreu por mim numa cruz (e por vc também), que me ama independente dos meus defeitos e qualidades e que sempre está de braços abertos a todo aquele que abrir o coração e procurá-lo. Sei que sua doença precisa de tratamento médico, mas cuide do seu espiritual, procure uma igreja, procure conhecer a Palavra de Deus, nao quer ir a igreja? entao pegue sua biblia, leia um salmo por dia, um capitulo de provérbios, nao entende nada? peça ajuda do Espirito Santo, eu creio que assim Deus falará ao seu coração e a alegria gratuita de Deus, o dom da vida virá sobre sua vida e sobre a sua casa, apenas de o primeiro passo! Vc é abençoada, tem uma filha linda, tem familia, tem amigos, louve e agradeça ao Senhor, pois quando Ele foi morto na cruz, levou sobre si todos os nossos problemas, inclusive o seu! Deus abençoe sua vida! bjs

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  3. oi!!!!!! adorei seu post, e apesar de não ser bipolar eu tenho depreção, e a vida pra mim também não é la tão símplis, até porquê além de passar vários dias triste, eu ainda tenho que lidar com a deficiência visual. mais o que me move é a esperança de dias melhores, e ler blogs/livros/depoimentos que me estimulem a não perder a esperança, e acima de tudo, entregar todos os meus medos, aflições, anciedades, angústias, problemas ilusões, e tudo o que cerca e deixa meu coração apertado, nas mãos de deus.

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  4. Oi Di,
    faz séculos que não passava aqui.
    O que me move?
    AMO A VIDA, AMO TUDO NELA! As coisas boas, ruins, fáceis, difíceis.
    Agora como mãe, quero ser a melhor pessoa, para que Antônio seja uma pessoa do bem!
    Nada é fácil, muitas vezes me perguntava por que comigo? Mas sempre me saí bem dessas situações, mesmo triste, mesmo sofrendo, aprendi a aprender em qualquer situação!
    Não sou bipolar, mas já tive depressão, e hoje em dia faço terapia e a auto análise é ótima!
    Que bom que estás bem, melhor, desejo sucesso nas escolhas, sejam elas quais forem. Nisso sou parecidíssima com você, começo muitas coisas novas, estou me encontrando ainda, amo ser mãe, mas enquanto ele vai na escolinha, quero fazer algo por mim tb!
    Beijos e ótimo final de semana

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P