De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Errar é humano, mas dói muito...

Não consigo tirar o caso da cabeça tal qual é a minha culpa e vergonha pela forma que agi. Talvez eu me cobre demais e errar seja humano, mas acredito de verdade que é importante me sentir mal para não cometer o mesmo erro.

Esse sábado Taz saiu com os amigos depois do trabalho. Eu e a Beca ficamos em casa pois eu estava indisposta. Ele só esqueceu de me avisar que tinha decidido ir, coisa que só fui descobrir no fim da tarde quando eu mesma decidi ligar pra ele, mas ok, not a big deal, não fiquei brava nem nada, não teve briga, nada disso.

A Beca nessa hora ja estava mostrando sinais claros de cansaço e quando fui coloca-la pra dormir, perto das 20h, senti ela meio quente. Me convenci que era só sono, até por que eu estava exausta, e ficou por isso mesmo. Ela dormiu sem dificuldade e eu assisti um filme no computador e fui pra cama também.

Durante o filme percebi que estava com dor de cabeça e muito mal estar, mas achei que era a tensão por causa do dia longo. Deitei com aquela sensação de mal estar mas aí já estava meio ressabiada - Rebeca não estava bem e provavelmente acordarias de madrugada. Eu precisava dormir um pouco pois a noite não ia ser fácil. E não foi...

Ela acordou perto da 1h da manhã, com febre. Demorou pra se acalmar, fez onda pra tomar o remédio. O problema é que eu já tinha tomado os meus remédios e -  acho que já contei aqui - eu não acordo bem sem pelo menos 6h de sono ininterruptas. Levanto, mas não tenho paciência nenhuma e fico muito nervosa, estourada, fora de controle mesmo.

Acabei forçando a barra e tentei fazê-la tomar o remédio meio a força, segurando os braços dela. Claro que não funcionou e só deixou ela ainda mais nervosa e insegura - e eu tentando me acalmar também pra conseguir ajudá-la.

Meu pai, nessa altura, acordou assustado e veio ver o que estava acontecendo. Eu expliquei e ele me ajudou a acalmá-la. Liguei pro Taz e pedi pra ele voltar pra casa pois temia que tivesse que levá-la ao médico para tomar medicação. A febre medida em 38,7°

Meu pai me ajudou bastante, conversou com a Beca e no fim conseguimos fazer ela tomar a medicação. Esperei a febre baixar um pouco e tentei colocá-la pra dormir. Ai eu ja estava desesperada pra que ela dormisse pra poder voltar pra cama também. Depois de mais de meia hora tentando fazer ela voltar a dormir, quando ela estava adormecendo, o Taz chega e ela acorda de novo.

Nesse ponto eu já estava bem mal, mais dormindo que acordada mas sabia que ela não aceitaria ficar com ninguém diferente de mim e continuei tentando fazer ela dormir.

Dessa vez ela decidiu que queria dormir com um ursinho de pelucioa que tem, mais pra poder ficar brincando e continuar acordada que outra coisa, mas ok, não valia a pena discutir. Mas conforme ela ia brigando contra o sono e contra as minhas insistentes tentativas de fazê-la dormir eu fui perdendo a calma, o controle, e comecei a brigar come ela.

Não gritei, mas falei brava e sério, como se não dormir fosse de fato uma escolha pra ela.Disse que iria tirar o ursinho se ela insistisse em brincar e não dormir.

E claro que ela continuou brincando.

E eu peguei o ursinho das mãos dela, num rompante de fúria, e simplesmente joguei longe. Da forma mais infantil possível, como se a criança ali fosse eu.

Ela não entendeu, e chorou. Chorou sentido, por ter seu brinquedo arrancado de suas mãos.

A culpa veio instantânea. Peguei o bichinho no chão e devolvi e pedi todas as desculpas do mundo e mais um pouco. Abracei, beijei e prometi que nunca mais agiria assim.

Não sei o quanto ela entendeu disso tudo, demorou um pouco mas se acalmou. E eu, vendo que quem não tinha se acalmado era eu e que corria o risco de brigar com ela de novo acordei o Taz - que a essa hora até já dormia - e pedi pra ele ficar com ela pois eu já tinha ultrapassado meu limite a muito tempo.

E quando ele foi pra sala com ela e eu me vi sozinha no quarto eu desabei e chorei. Chorei muito, de nervoso, de tristeza, mas principalmente de vergonha e de culpa.

E conseguindo chorar eu me acalmei. E me acalmando eu sabia que ela também não estava bem e voltei pra sala. Rebeca chorava baixinho e eu sei, dessas coisas que mãe sabe, que ela estava se sentindo culpada também. Como se ela, coitada, tivesse feito algo errado pra eu estar daquele jeito e ter agido com tanta violência com ela.

Sentei no chão, conversei com ela, pedi desculpas. Tudo que ela fez foi pedir meu colo, meu abraço. Eu era tudo o que ela queria.

Peguei ela no colo e o Taz voltou pra cama após protestar um pouco e me ouvir falar que estava melhor.

E eu a coloquei pra dormir.

E por mais que eu tente eu não consigo tirar aquela sensação que tive quando a vi chorando: quem fez errado e agiu de forma estúpida fui eu mas ela estava ali acreditando que tinha feito algo errado.

Eu espero nunca mais fazer minha filha sentir isso de novo. Nunca!

4 comentários:

  1. Saber que errar é humano é corriqueiro, mas não ajuda a amenizar a dor, ainda mais quando estamos falando de você que se cobra pra chuchu néh?!?!?

    Di, claro que não sei o que vc está sentindo, embora também já tenha pisado na bola com crianças no exercício de lecionar e tenha experimentado um sabor amargo na boca. Mas, realmente, realmente mesmoooo, todos os bons pais, aqueles que são presentes, esforçados, dignos tem uma história assim para contar constrangidos e cheios de culpa, mas tem.

    Você é uma mãe de verdade de carne, osso e sangue!!!

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  2. Oi! Achei seu blog procurando no google sobre desfralde...mas me identifiquei com o nome: tenho ciclotimia, ansiedade generalizada e dois filhos pequenos full time em casa comigo!
    Espero nunca mais gritar, brigar e perder a paciência com eles...
    É muito triste isso!!!

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  3. Oi! Achei seu blog procurando no google sobre desfralde...mas me identifiquei com o nome: tenho ciclotimia, ansiedade generalizada e dois filhos pequenos full time em casa comigo!
    Espero nunca mais gritar, brigar e perder a paciência com eles...
    É muito triste isso!!!

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  4. Olá, Di... li seu post e fiquei emocionada (claro). Acho mesmo que deve ser duro para caramba (não sei o quanto deve ser ruim para uma mãe, mas sei como é dolorido para uma filha ver uma mãe sofrendo, e o quão dolorido deve ser para a mãe esse sentimento). Mas queria dizer para você que, de verdade, isso que você viveu não é uma experiência sua, só... você é uma mãe incrível, realmente dedicada, paciente, responsável, consciente e tudo mais que uma mãe deve ser. Mas mães, como você falou, são humanas... e no seu caso, você estourou por casa do cansaço e dos remédios, mas as melhores mães também estouram por outros motivos, por stress no trabalho, por falta de grana, por angústia... como você tão sabiamente escreveu no título do seu blog, no fundo não é assim tão diferente - você sofre igual, faz direito igual, e "erra" igual... Por isso, força e, lembre que pode contar comigo (mesmo que às vezes você não sinta... SAIBA!)! Beijos, muitos!

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P