(re-Post de 2010)
"Acho que ja falei aqui que demorei bastante tempo pra engravidar da Rebeca (cerca de 2 anos), sendo que tive um aborto anos antes e outro durante esses dois anos de tentativa. A minha odisseia até alcançar a maternidade começou com a primeira gravidez, o primeiro aborto. E isso não sei se ja contei aqui antes.
Em 2003, novembro, eu descobri que estava gravida. Foi a melhor coisa que eu senti na minha vida (ate aquele momento). FUi tomada de uma felicidade sem igual, e apaguei o cigarro que estava na minha mão na mesma hora que li o positivo. Eles ficaram longe de mim por dias ate que eu tive que abrir mão dessa felicidade. So que foi em 2003 que eu iniciei meu tratamento para bipolaridade também, poucos meses antes, e estava tomando remedios que na epoca ainda eram experimentais e tudo o mais, alem de estar num peso excepcionalmente alto. Devido a união desses fatores, a gravidez foi interrompida.
No entanto, se a gravidez não foi ate o final naquela epoca, fez surgir em mim um sentimento que ja tinha um tepo brincava comigo. Um desejo, uma vontade de cuidar. E surgiu ali um amor que precisava então ter um foco. E começou ali, meio timido, minha jornada.
A primeira providencia que tomei foi refazer a gastroplastia que tinha de modo a perder peso suficiente pra ter menos chances de ter uma pre eclampsia. Emagreci com isso 38 kg, e foi nessa epoca que decidi começar a tentar.
Com o primeiro aborto eu larguei o tratamento da bipolaridade, mas logo retornei e o mantive e mantenho sem questionar desde então. Eu sabia que essa era uma das medidas que eu precisava ter: eu precisava ficar estavel tempo suficiente para que, ao suspender a medicação durante a gestação, eu fosse capaz de ficar bem.
Estava estudando e tentando voltar a trabalhar. Morando sozinha, so eu e o Taz, e ele trabalhando e querendo voltar a estudar também. Parecia uma boa hora pra começar a tentar, ja que eu não acreditava que seria algo facil. Sempre tive ovarios policisticos, mal de familia, e sabia que a tendent=cia era demorar um pouco.
Na epoca eu tomava anticoncepcional injetavel,e me dei muito mal com ele, pois eu parei de mesntruar. E mesmo depois de parar de usa-lo, quando decidi começar minhas tentatovas, demorei 10 meses, sendo desses 3 de tratamento, para voltar a ver o tal do sangue. E, assim como da primeira vez em que isso aconteceu na kinha vida, quando finalmente o tratemnto funcionou, eu dei literalmente pulinhos de alegria.
Ainda sim, foram mais uns meses de tratamento, e depois mais 6 meses de entativas livres, e depois mais 3 meses de indutor ovulatorio, pra ai, engravidar a primeira vez. E mais uma vez uma alegria incrivel! Contei pra todos assimq ue soube. E uma semana depois tive que contar que perdi...
Retoma tratamento, retoma pilula, retoma tudo, e mantem a paciencia. Nessa fiquei deprimida e acabei engordando 10 kg. Fui viajar, tive uma das minhas piores crises de mania enquanto estive fora e a pior depressiva quando voltei.
Sabia que teria que levar o tratamento mais a serio, pra bipolaridade, mas ainda queria continuar tentando. Vltei com os remedios, mas não tão fortemente, e pouco depois ja os abaixei. Mas comecei um negocio, e vi que não estava conseguindo leva-lo sem a medicação adequada pra isso. E, como nada de engravidar de novo, tinha voltado a morar com meus pais, o que deveria ser temporario mas ainda sim... Pensei em deixar pra la, esperar mais 2 anos, dar o gas no trabalho primeiro ja que essa ideia tinha sido concretizada primeiro.
Ai, assim, como quem não quer nada, veio a Rebeca. Bem ai, nesse contexto. E eu senti de novo a maior felicidade de todas. POr que eu sabia que eu queria, sabia que amava, savia que faria qualquer coisa por ela. E fiz.
Abri mão do negocio, e hoje nem o quero mais devido a imensa carga emocional que se depositou ali, negativa, estressante, triste. Não quero.
Abri mão de baladas, de noites de sono, de não ter que me preoucpar se tem hora pra acordar, pra dormir, pra comer, se tem hora e pronto. Abri mão de muita gente que eu chamava de amigo, que me criticou, muitas vezes pelas costas. Que sumiu, que deixou de me procurar, de ligar, de se preocupar. Que ficou com ciume.
Abri mão de muita coisa.
Mas não abri mão de ser feliz. Não abri mão do meu coração. Não abri mão de mim mesma, de quem eu sou e do que eu quero.
Daquela vez, anos atras, quando eu vi a possibilidade, eu me perguntei "e se for, como eu quero que seja?" Não sobre como eu quero que a Rebeca seja, ou o que ela vai fazer da vida e essas coisas. Não. Como eu quero que seja a rotina, o que eu quero que ela possa esperar de mim. O que eu considero uma boa mãe, pra que eu seja assim, por que eu quero ser uma boa mãe. Quais serão as prioridades? O que é superfulo? COmo eu acredito que devo e o que devo ensinar a ela? Que exemplos eu quero dar?
Esse post se originou muito por que eu fiquei pensando depois de ler o post no blog da Mari. E me senti meio culpada, por que acho que devo ter sido uma das pessoas que disse uma ou outra dessas coisas de que você não vai mais ter vida social, etc etc etc.
E fiquei pensando por que eu me senti assim, se falei ou não, mas por que eu me senti mal.
Quando eu decidi ser mãe eu revi todos os meus conceitos, e ouvi muito de que "quando você tiver um filho, é você que vai cuidar! Não conta comigo!!". E isso ficou na minha cabeça, e ainda fica. E durante a gravidez eu senti muito isso também. Mas eu ja tinha aceitado que essas coisas poderiam acontecer, e tinha decidido que tudo isso valia a pena se a recompensa fosse o sorriso da minha filha quando me ve.
E é uma recompensa enorme, revigorante, que me faz engolir muita coisa, muito choro, muito nervoso, por que no fundo essas coisas todas passam, não são tão importantes assim. E se forem, vão continuar sendo amanhã e ate que eu possa lidar com elas. Mas o sorriso da Beca? Nossa... Não tem igual, por que parece que muda todo dia, só não muda o fato de ela sorrir.
Não existe uma sensação igual a de amar alguem tão profundamente que você esta disposto a mudar tudo o que você conhece . Não que precise e va fazer isso, mas estar dispoto a fazer isso se for necessario. E nada igual a ter alguem sorrindo pra você, ao te ver, fazendo festa, por que sta feliz so por que você existe! Te ama por quem você é, te conhece por dentro, te reconhece pelo cheiro, e sorri, por que a sua existencia faz a felicidade dela. Não tem igual, não tem preço, e vale cada noite mal dormida, cada briga, cada conta não paga, cada momento que as vezes não só não é o melhor, mas é ruim, bem ruim.
Sabem, quando eu decidi ser mãe eu tive que aceitar que minha vida iria mudar muito e que a escolha de como lidar com isso seria minha, de uma forma ou outra.
Quando eu decidi ser mãe eu aceitei ser esponsavel por outra pessoa que seria por anos a fio incapaz de fazer as coisas sozinha e se responsabilizar por elas quando as fizesse.
Quando eu decidi ser mãe eu aceitei que a vida não era um mar de rosas e que muitas dificuldades que eu ignorei por muito tempo teriam que ser encaradas e quase que certamente vencidas.
Quando eu decidi ser mãe eu tomei a decisão mais importante da minha vida, a unica da qual eu nunca poderia voltar atras.
Eu decidi ser feliz. ^^"
E sou. Mais feliz do que jamais imaginei por ter você comigo. Todas as dificuldades que eu passo, cada decisão que eu tomo, eu faço com você do meu lado. E isso faz a diferença todos os dias.
Te amo boneca!
Feliz aniversário de 5 anos!
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!