De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Dos objetivos de ter um blog

Quero falar um pouco sobre o ideal do blog, ok?

Eu estou pensando nesse recomeço, nesse retorno, e acho que uma coisa importante é definir um pouco o “O QUE É O BLOG” sabem?

E eu gostaria de saber de vocês também, se quiserem deixar nos comentários, o que vocês gostariam de ter aqui.

Existem outros blog sobre bipolaridade, e eu mesmo acompanhei alguns. Eles buscam passar informações técnicas, pesquisas recentes, falar sobre medicação, tratamentos, e etc.
Eu acho que é bacana usar o blog como uma forma de compartilhar informações úteis e até penso em ter um dia da semana em que o post seja exclusivamente para divulgar um pouco mais de informação sobre Transtornos Afetivos, ou de Ansiedade e tantos outros que sabemos estar ligados à bipolaridade de alguma forma. Mas não vejo esse sendo o objetivo aqui.

Eu comecei o blog com a ideia de compartilhar um pouco do que é ser bipolar, e mais que isso, como é ser mãe e bipolar ao mesmo tempo, e como uma coisa não inviabiliza a outra.
Então eu acho que o objetivo do blog é algo mais pessoal, não só pra mim, mas para os leitores.

O objetivo do blog é dizer “Você não esta sozinha”.

A bipolaridade não é uma doença que você descobre que tem. Ela não esta escondida em um órgão do seu corpo, e você não pega por ter contato com outros bipolares. Nâo é uma doença que vai aparecer se você se alimentar mal, ou que vai ser diagnosticada por exames num laboratório.
O Transtorno Afetivo Bipolar é uma doença que nos acompanha, que esta em você, às vezes desde que você se entende por gente e que muitas vezes nos confunde e nos faz pensar que seus sintomas definem quem nós somos.
E é uma doença que, por nos definir, só se busca ajuda quando nos encontramos em uma crise muito forte, mais uma de muitas que já vivemos e que antes foram rotuladas das mais diversas coisas. Mas que dessa vez, da vez que você decide aceitar ajuda, você percebe que ela esta atrapalhando a sua vida. E na maioria esmagadora dos casos que conheço, se busca ajuda quando o sofrimento causado é tão insuportável que finalmente questionamos se precisamos viver desse jeito.
E o tratamento é lento, difícil, e muitos desistem dele no começo, assim que sentem que conseguem respirar de novo. Por que ainda estão presos no seu EU definido pelos sintomas do TBH.

Mas nem todo mundo para o tratamento. Ou se para, eventualmente acaba voltando pra ele.
O fato é que seja por que você foi diagnosticado agora ou há muitos anos, receber o diagnóstico de um transtorno mental é sempre muito impactante.
E seguir o tratamento na maioria das vezes nos faz querer saber mais sobre o que é realmente viver com TAB, saber mais sobre o tratamento, e se conectar com outras pessoas que entendam o que você esta vivendo.
Não é a bipolaridade que é a novidade na sua vida, mas a perspectiva de que essa vida pode ser diferente. É a dúvida que diz “diferente como?”.
É perceber que, se muitas das coisas que você encarava como parte da sua vida e parte de quem você é na verdade não precisam ser daquele jeito, e que você vai eventualmente redefinir quem você é e o que é parte do transtorno afetivo bipolar.

E isso tudo dá medo. Redescobrir quem você é, aprender a identificar seus sentimentos todos de novo, reaprender a andar. Lidar com a possibilidade de que você pode ter um pouco de paz no caos mental que sempre te acompanhou.

E que nada disso impede você de fazer nada. E que sim, você vai ter limitações, mas você pode aprender a lidar com elas. E você pode realizar seus sonhos, e ser a pessoa que você quer ser.

E ai voltamos pro objetivo do blog...

“Você não esta sozinha”
Eu acredito que a melhor coisa que podemos fazer por outra pessoa muitas vezes é dar o exemplo que ela precisa para seguir.

Eu baseio muita da minha maternidade nisso. E é uma responsabilidade enorme, sabem? Ser responsável por ser o exemplo que vai formar a personalidade e o caráter de outra pessoa.
Mas eu fiz as pazes com essa escolha já lá, nas inúmeras tentativas para engravidar. Isso fez parte dos meus questionamentos durante todo o processo de me tornar mãe.
E ainda é, na verdade.

E o blog veio com a mesma premisssa. Eu não sou médica, eu não tenho todas as respostas e nem sou senhora da verdade. Eu sou uma pessoa igual a você. Então o melhor que eu posso fazer é tentar falar das minhas experiências, e tentar mostrar que, seja como mãe, seja como bipolar, seja como uma mãe bipolar, você não está sozinha.
Uma vez eu tive uma conversa com minha filha sobre o que ela queria ser quando crescesse. E depois dela me dar sua resposta, que incluía ela ser cientista, e cantora e maquiadora nas horas vagas, ela me questionou sobre o que eu queria ser. Qual era o meu sonho.

E eu meio que falei pra ela as coisas que contei a vocês no ultimo post.

Quando contei pra ela meu sonho foi como se uma luz acendesse na minha frente. Afinal, se eu quero ensinar minha filha que ela pode ser o que ela quiser, que mesmo que demore, se ela se esforçar bastante, ela pode ser qualquer coisa que ela quiser, então cabe à mim dar esse exemplo a ela.

Eu tenho que ser o exemplo dela de alguém que não desistiu. Que enfrentou suas adversidades, que esperou seu tempo, e que não desistiu de seus sonhos. E que, com muito esforço, alcançou seu objetivo.

E acho que isso meio que vale pro blog também. Por que as duas coisas estão intimamente ligadas.

Por que o blog existe para dividir um pouco de mim. Para mostrar que é possível.

Então a nova fase do blog tem a ver com isso. Com essa jornada pessoal de alcançar meus sonhos. E dividir com vocês esse processo todo, de como continuar sendo mãe, continuar tendo que lidar com os altos e baixos da bipolaridade, e como transpor isso tudo para chegar lá.
Mesmo que isso demore.

Vamos juntos?

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Dos sonhos que deixamos para trás, para frente, mas nunca agora

Eu vou falar uma coisa que eu acho que  9 de 10 pessoas que lêem o blog vão se identificar.

Eu tenho muita dificuldade de dar andamento para aquele grande sonho da minha vida.

Quer dizer, o outro. O grande sonho que eu já realizei foi ter a Rebeca.

Mas tem aquele outro....

Sabem como é?

Você quer muito fazer aquilo, é a sua grande vocação na vida, mas seja lá por que motivo, você nunca acha tempo pra ele. E ele fica lá naquele passado onde você "poderia ter feito" ou "Deveria ter se dedicado" ou ainda "gostaria de ter tido tempo". E você fica se prometendo que "um dia eu vou colocar isso em pratica".

Vou te contar, senta ai:

Desde que eu aprendi a escrever, com meus 7 anos... Por que na "minha época" a gente aprendia a ler na 1ª série viu! Nada de sair alfabetizado do pré escolar nem nada do gênero, com as mães entrando em parafuso quando a pobre criança de 5 anos quer mais saber de brincar que de soletrar o nome de trás pra frente. Ok, desculpem o desabafo, falo sobre a alfabetização atual depois.

Mas enfim, desde que eu aprendi a escrever eu soube, ali, o que eu queria fazer da minha vida: escrever! Mais do que fascinada por ler livros e conhecer histórias, a ideia de criar minhas próprias histórias e que as pessoas lessem e gostassem dessas minhas histórias me encantava como nada nunca mais o fez.

Assim, sério, nada mesmo.

E eu passei boa parte da minha infância, na verdade, escrevendo. Redações na escola eram a minha especialidade, e o difícil sempre foi ter que escrever histórias curtas. Como assim, gente, 30 linhas? Era pouco, sempre era pouco.

Quando comecei a ter meus problemas por causa da bipolaridade, lá nos meus 11 e 12 anos, ainda sem saber o que estava acontecendo, foram as letras no papel, e eventualmente na tela de um computador, que me deixavam transpirar todos os sentimentos de tristeza, solidão e inadequação que viviam dentro de mim. E, sim, todos aquele sonhos de como poderia ser diferente, outras vidas, outros personagens.

Mas a adolescência foi chegando. Com ela veio muita coisa... E a maioria delas não me impedia de escrever, muito pelo contrário. Tenho histórias incríveis dentro da minha cabeça que datam dessa época. O problema é que elas continuam aqui, dentro da minha cabeça. Por causa de 2 fatores muito importantes...

O primeiro fator foi quando chegou a fase do vestibular e eu, que passei a vida toda tendo certeza que eu iria fazer jornalismo e iria viver de escrever, me vi com dúvidas: por que eu deveria fazer jornalismo? eu não queria ser jornalista, nem repórter, nem nada do gênero. Eu queria ser escritora! Eu deveria fazer Letras! E se bem que, na verdade, eu posso fazer qualquer faculdade pra ser escritora, né? Só preciso escrever! Só que escrever não da dinheiro. Não de imediato, isso se um dia eu tiver condições de me sustentar só de escrever. Será que eu não deveria então fazer faculdade de outra coisa? Algo que pudesse me garantir uma boa renda enquanto os livros não emplacassem? O que mais eu gosto de fazer?

Sim, lá estava eu, 17, 18 anos, pensando no que eu deveria fazer pro resto da minha vida.
Sabe qual foi o problema? Eu nunca mais consegui tirar isso da minha cabeça.
Nunca mais. Foram 5 faculdades, nenhuma terminada, e nada...
Eu tenho essas duvidas até hoje. Toda vez que eu sento na frente do computador e penso "agora vai, essa ideia é ótima!" sabem o que acontece? Isso mesmo, a tela continua em branco e minha mente vai lá de volta pros meus 18 anos.

A outra coisa que aconteceu nessa mesma época foram as crises de mania e depressão se intensificando novamente.

Digo novamente por que depois de uma crise muito ruim aos 13 anos, e um tico de tratamento de poucos meses, elas ficaram "manejáveis" e ganharam os status de "crise de adolescente" e "de lua".
Mas aos 20 anos com a morte da minha vó tudo mudou e minhas crises deixaram de ser brandas.
Contei essa história algumas vezes, volte uns posts pra trás inclusive que tem mais detalhes, ok?

Mas não foram as crises que me impediram de escrever. Não. Foi o tratamento mesmo. Medicação forte, pesada, pra deixar a gente no chão, todo quebrado, e juntar os pedacinhos comprimido a comprimido, sessão de terapia após a outra, por anos a fio.

Hoje, 14 anos depois da crise, 13 anos de tratamento, eu fico feliz de dizer que minha mente tem uma clareza que eu nunca imaginei que teria se me contassem lá em 2002. Mas tem. Então, ok, valeu a pena. Sério, valeu mesmo!

Durante o tratamento eu descobri, ou redescobri, meu desejo intenso por ser mãe, e muito trabalho e persistência me trouxeram a realização desse sonho. Foi duro, não foi fácil não. Demorou pra poder começar a tentar engravidar, depois pra conseguir ficar gravida, depois de ficar sem medicamento, depois pra retomar o tratamento...

E foi duro, muito duro, por que ser mãe me fez repensar e redefinir uma porção de coisas sobre mim mesma. Por que eu não era só mais a "Di". Eu era a "Di mãe da Rebeca" e eu tive que viver essa transição.

E eu decidi me dedicar a isso, a ser mãe. Tentei outras coisas nesses últimos 7 anos, mas a verdade é que tudo estava, está, diretamente ligado a mãe que eu quero ser.

Mas é isso, né, Rebeca já tem 6 anos, vai fazer 7... E ai que ela esta esticando as asas, se interessando cada vez mais pela escola e por brincar com os amigos do que de fato ficar comigo e me acompanhar nos programas de adulto.

E isso é ótimo! Eu sinto tanto orgulho da pessoa que ela esta se tornando que nem cabe no peito.
Mas desde que esse processo de identidades separadas se intensificou eu venho sentindo algo estranho: Espaço.

Tenho espaço para voltar a pensar em mim. E no que eu quero fazer, e o mais importante de tudo isso, tempo livre para poder de fato fazer alguma coisa.

E eu ainda quero.... Quero escrever e viver de fazer livro! Que viver disso aqui, de colocar em letra atrás de letra as idéias para os outros lerem.

E me vejo aqui nesse impasse, nessa trava... O que me impede hoje?

Eu preciso melhorar as condições financeiras em casa? Olha, não vou mentir não, seria muito bom que a coisa ta bem feia. Mas... Estamos levando até agora... Será que não dava pra se espremer mais um pouco?

Escrever não da dinheiro? Talvez... Mas eu também não estou ganhando nenhum agora.

E vou deixar claro uma coisa. Eu não acho que consigo trabalhar. Eu tentei, várias vezes, inclusive nesses últimos anos tive algumas tentativas frustradas. E todas elas levaram a um processo depressivo de leve a moderado e foram abandonadas antes que isso se agravasse muito. Então... Não é exatamente como se eu tivesse muitas opções.

Então... Ó, duvidas dos meus 18 anos, por que vocês não me deixam em paz?

Não quero que seja um sonho que ficou pra trás, e cansei de ir prorrogando esse sonho pra um futuro que nunca chega.

Mas como tornar o sonho real?

To tentando.

Vocês estão lendo uma partezinha dele, aliás...

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Cara nova, novas histórias, velhos personagens

Eu quero muito voltar a escrever no blog. Muito mesmo! Mas percebi que essa enferrujada de ficar tanto tempo sem escrever atrapalhou mais do que eu imaginava.
E eu quero poder falar! Contar do nosso dia a dia, falar sobre o que eu aprendi nesses anos como mãe, falar de como a vida tem nos tratado e como temos levado a vida. Quero falar das coisas que me interessam, e dos meus planos.

Enfim, quero voltar.

Mas pra voltar, depois de tanto tempo, acho que o blog merece uma repaginada. Ganhar uma carinha nova. Tirar esses banners, criar outros.
Vou manter todo o arquivo que já existe, mas meio que vamos ter uma quebra aqui, um antes e depois, sabem?

Então, ta ai, convido vocês a acompanhar e compartilhar essa nova fase do blog.
Quem sabe ela não acompanha uma nova fase na vida, não é mesmo?

Tudo passa, tudo muda, tudo é vento.