Eu tenho
tido fins de semana muito bacanas nas últimas semanas. Tenho jogado RPG com
amigos que tem se aproximado mais e tem sido muito bom, divertido e libertador.
Esse fato,
os jogos de RPG nos fins de semana, tem sido uma consequência da reaproximação de
alguns amigos nos últimos meses. Além dos jogos de RPG, temos recebido amigos
em casa, dado suporte a amigos com dificuldades e feito da nossa casa o que
sempre desejamos: um local seguro, um refúgio, um local que você se sinta bem
recebido e tenha vontade de voltar.
Esse
movimento de receber, de acolher, é algo que faz parte de mim, é uma das minhas
principais características. Taz chegou na minha vida e se sentiu a vontade
exatamente por causa disso e ao iniciarmos nosso relacionamento ele tomou para
si parte dessa característica, se identificou, e hoje é corresponsável pela
manutenção dessa rede.
Agora,
apesar disso, tem uma coisa que eu sinto e da qual nunca falo que as vezes me
parece ir contra todo esse sentimento de mamãe coruja.
Eu não me
sinto confortável com toque.
Isso não é
algo que eu senti sempre. Sempre fui tímida, sim, e não demonstrava ou recebia
bem demonstrações de afeto de desconhecidos, mas depois que me sentia mais a
vontade conseguia relaxar e aceitava bem a aproximação das pessoas.
Isso mudou
muito depois do nascimento da Rebeca.
Sinto que
fui me fechando cada vez mais para o mundo, criando uma proteção, uma barreira
para me proteger e manter o controle. Eu sinto, o tempo todo, que posso perder
o controle a qualquer momento. E eu não posso perder o controle.
Inicialmente
uma barreira mental, sem que eu percebesse isso foi crescendo, ao ponto que eu
não me sentia bem recebendo elogios, abraços, beijos no rosto, apertos de mão,
ou qualquer coisa que pudesse me expor de alguma forma.
Duas ou três
vezes no ano eu tento abrir mão desse controle tendo uma noite onde vou beber,
ficar levemente bêbada, dar risada e não me preocupar com mais ninguém a não
ser minha própria diversão. Sempre acompanhada de alguém para dividir esse
momento, nunca sozinha. O que faz com que muitas vezes o plano de errado e eu me
veja tendo que cuidar desse outro alguém, mas são experiências mais positivas
que negativas então mantenho o plano.
Pode
parecer besteira mas é muito difícil se permitir esses dias e mesmo nesses
situações eu estou sempre a apenas um “clique” de voltar a me fechar, me
concentrar, ser responsável.
O que eu quero focar um pouco aqui é na questão do ser tocada. Com todas as dificuldades e as crises depressivas, de leves e contínuas as mais graves, eu fui desenvolvendo uma certa aversão ao toque de outras pessoas. Ao ponto de que em alguns momentos o único toque que eu me sentia realmente confortável era o da Rebeca. Com ela era o único momento que eu me sentia totalmente a vontade.
Com o Taz esse sentimento ia e vinha dependendo do meu humor, do tom das conversas, mas mesmo assim isso afetou profundamente nossa relação. Mesmo me sentindo segura com a presença dele a maior parte do tempo eu simplesmente não consigo baixar totalmente a guarda.
E dai que isso começou, lentamente a mudar no último ano. Com tudo que passei com minha mãe adoecendo, a mudança, a perda do meu sogro… Eu não tinha como não estar vulnerável. E durante esse período algumas pessoas voltaram ou passaram a estar bem mais presentes na minha vida. Amigos que me ofereceram não apenas ajuda em coisas práticas, mas atenção e carinho. E carinho na forma, também, de abraços.
O que eu quero focar um pouco aqui é na questão do ser tocada. Com todas as dificuldades e as crises depressivas, de leves e contínuas as mais graves, eu fui desenvolvendo uma certa aversão ao toque de outras pessoas. Ao ponto de que em alguns momentos o único toque que eu me sentia realmente confortável era o da Rebeca. Com ela era o único momento que eu me sentia totalmente a vontade.
Com o Taz esse sentimento ia e vinha dependendo do meu humor, do tom das conversas, mas mesmo assim isso afetou profundamente nossa relação. Mesmo me sentindo segura com a presença dele a maior parte do tempo eu simplesmente não consigo baixar totalmente a guarda.
E dai que isso começou, lentamente a mudar no último ano. Com tudo que passei com minha mãe adoecendo, a mudança, a perda do meu sogro… Eu não tinha como não estar vulnerável. E durante esse período algumas pessoas voltaram ou passaram a estar bem mais presentes na minha vida. Amigos que me ofereceram não apenas ajuda em coisas práticas, mas atenção e carinho. E carinho na forma, também, de abraços.
Eu não me
senti confortável com o toque, com ser tocada, num primeiro momento. Mas eu
senti, sinto, a necessidade dessa proximidade. Eu quero muito ter essas pessoas
na minha vida e quero que elas se sintam sim na liberdade de serem afetuosas comigo.
Porque elas são assim. E porque eu percebi, enfim, o quanto eu preciso disso.
Os abraços inicialmente mal retribuídos, pois eu não sabia mais como me portar, aos poucos tem sido cada vez mais bem vindos.
Os abraços inicialmente mal retribuídos, pois eu não sabia mais como me portar, aos poucos tem sido cada vez mais bem vindos.
E o que começou
como uma reciprocidade tímida e muito inconsciente, de repente com todas essas
peças se juntando me fizeram querer tomar a ação.
Eu ainda sinto, a cada abraço, que se eu ficar ali aninhada por tempo demais eu vou simplesmente perder o controle. Vou cair num choro sentido de quem não sabe o quanto sente falta de se permitir sentir qualquer coisa.
E o que eu percebi é que: eu ainda não consigo e não sei como fazer isso, mas eu quero voltar a sentir de novo.
Eu ainda sinto, a cada abraço, que se eu ficar ali aninhada por tempo demais eu vou simplesmente perder o controle. Vou cair num choro sentido de quem não sabe o quanto sente falta de se permitir sentir qualquer coisa.
E o que eu percebi é que: eu ainda não consigo e não sei como fazer isso, mas eu quero voltar a sentir de novo.
Não sei
como descrever isso melhor. Eu quero voltar a me deixar sentir.
E apesar disso me causar um medo absurdo, a vida é muito curta e muito imprevisível pra ter medo o tempo todo.
E eu quero, em algum momento, não sentir mais medo. Pelo menos não de mim mesma.
E apesar disso me causar um medo absurdo, a vida é muito curta e muito imprevisível pra ter medo o tempo todo.
E eu quero, em algum momento, não sentir mais medo. Pelo menos não de mim mesma.