De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Sobre gripe, sono e sintomas


 Estou gripada faz 2 semanas. Uma gripe bem feia, bem forte, como não tenho há mais de 7 anos. Comecei à melhorar um pouco ontem, depois de passar dias evitando um tratamento que me indicaram no segundo dia.

E achei que valia a pena falar um pouco sobre isso. E com “sobre isso” eu quero dizer com como pequenos sintomas relacionados à bipolaridade podem aparecer sem a gente perceber em momentos de vulnerabilidade e irem crescendo.

Vou começar dizendo que eu praticamente nunca fico doente. Eu não lembro a ultima vez que tive febre, tosse deixou de ser um problema na minha vida quando parei de fumar após o nascimento da Rebeca (alias, eu preciso fazer um post sobre isso com 7 anos de atraso né?) e fico resfriada  1 vez por ano.

Então, considerando isso, essa gripe que estou agora me pegou de um jeito que eu não estava esperando. Eu havia acabado de sair do meu resfriado anual, meio forte, e já achava que tinha deixado isso pra trás, quando um descuido bobo – dormir com o ventilador ligado e voltado pra cima de mim numa noite que esfriou bem mais do que eu estava obviamente esperando – possibilitou que essa gripe viesse e se alojasse com mala e cuia.

Quero dizer que pela primeira vez na vida estou sem convenio médico, e que apesar do atendimento na UPA perto de casa não ser aquele caos digno de televisão, todo mundo sabe que tem que sentar e esperar horas a fio pra ter um atendimento.

E toda mãe sabe que você não leva, e portanto também não vai, no PS por qualquer gripe pra na correr o risco de pegar uma bactéria mais forte por exposição.
Então eu não fui no médico. E to lutando pra me tratar em casa sem ir ao médico até agora.

Mas a tosse foi ficando cada vez pior, a sensação de fraqueza aumentando, a dor de cabeça, as tonturas, e nada de melhorar...
E com tudo isso, eu não consigo dormir direito. Vocês ai todos sabem bem como é, você tosse metade da noite ao invés de dormir, e quando dorme ta tão mal posicionado pra ficar com a cabeça alta que acorda mais cansado do que quando foi deitar.

Essa é a parte igual pra todo mundo.

O que eu acho que não é igual são os motivos que levam as pessoas a fazerem ou deixar de fazer certas coisas.

No segundo dia meu marido já estava me indicando a tomar um remédio pra soltar toda a secreção que claramente se alojava no meu nariz e garganta. No terceiro dia meu pai disse a mesma coisa. E eu negando, dizendo que era só uma gripe, que só precisava de um antigripal e que logo ia passar.

O que eu falava meio escondido é que eu não queria tomar o remédio com medo que a secreção descesse para o pulmão e eu ficasse com uma pneumonia num momento que estou sem convênio medico.

Não que existisse uma única possibilidade disso acontecer. Mas eu imaginava que sim com tanta força que não aceitava tomar o remédio.

E isso foi ficando pior a cada dia que eu dormia mal e pouco.
Depois de na ultima quinta feira eu ter uma crise de tosse que durou 1h inteira enquando eu tentava colocar a Rebeca pra dormir, e com isso assustar a todos eles- meu pai, meu marido e minha filha – meu pai sugeriu que eu passasse Vick Vaporub nos pés para acalmar a tosse e conseguir dormir.
Não tive coragem.
Alias ainda não tenho.

Mas naquele dia meu raciocínio era de que eu estava a 10 dias tomando um antigripal que tem como efeito colateral de seu principio ativo afinar o sangue. O Vick Vaporub iria dilatar os vasos sanguíneos. E nos cálculos mentais essa soma não me parecia algo seguro de se fazer e eu não tive coragem.

Adicional a isso eu tinha medo de, como a Rebeca estava dormindo comigo, ela respirasse o vapor do remédio e tivesse alguma reação estranha visto que nunca usei esse remédio nela e não sei se elea tem sensibilidade ao mesmo.

Agora somem a isso que leram o sentimento de medo desproporcional, e impotência por não conseguir agir, e cansaço e desespero.

Na sexta eu cedi, tentei passar o tal remédio nos pés, e tive uma crise desencadeada por isso que me manteve semi-acordada a noite toda com medo.
Medo de morrer.

Sério, nesse nível.
Daí a partir de sábado, ciente que esses medos eram na verdade sintomas que estavam se agravando, não da gripe, mas da minha ansiedade e bipolaridade, consegui ser mais racional e seguir o tratamento que eu estava evitando fazia 10 dias por causa deles.

Comecei a tomar o remédio para diluir a secreção, parei com o antigripal ficando apenas com o analgésico para aliviar os sintomas, e descansei o fim de semana todo, de molho no sofá.

E estou finalmente conseguindo dormir melhor, respirar, e ter um pouco mais de voz de novo. Me sinto melhor, mais bem disposta, e sem duvida mais calma.

Mas o medo ainda não passou.

E a depressão ta forte como um retorno do stress, tensão, e problemas reais que não deixaram de existir.


Mas eu estou finalmente melhorando da gripe e tendo uma perspectiva de ficar boa logo.

E foi essencial saber que todo o medo, o nervoso, e as coisas que estava imaginando eram criações da minha cabeça alimentadas por noites mal dormidas e um quadro de ansiedade.

E esses sintomas, como todo o resto, também vão passar com o tratamento adequado.