De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Sobre saudade e sentimentos confusos

 Faz 1 ano e meio que eu e meu ex-marido nós separamos.

Nós nós damos bem e convivemos bastante ainda. Semana passada fomos ao cinema 2 vezes juntos, uma com nossa filha assistir Barbie e outra com um amigo assistir Oppenheimer.

Ele me ajuda bastante indo comigo em médicos e exames, meus ou da Beca. Ele e a Beca tem seus próprios programas de pai e filha, e eu e ele ainda trabalhamos juntos no projeto OEMM.

Mas não é sobre isso. Ou talvez seja também.

Faz um ano e meio e eu muitas vezes ainda me pego chorando com a dor da perda. Porque eu perdi muita coisa.

Faz um ano e meio e eu sinto muita saudade de ter ele comigo todos os dias, de ter ele comigo para conversar e dividir as coisas e a vida.

Faz um ano e meio e quando esse sentimento vem junto com ele vem as lembranças de como estávamos nos tratando nos últimos tempos.

E das vezes que ele foi cruel falando comigo, ou mentiu pra mim e eu relevei porque "enquanto a gente quiser a mesma coisa podemos suportar tudo".


E me dói ver que eu quebrei.

E que dar um fim ao casamento eu quebrei ele de vez.

Mas que nem assim eu acredito que as coisas mudaram. 

Porque eu entendo que eu mudei e uma coisa que eu mudei foi de não conseguir mais lidar com um passado que me machucou tanto quanto me trouxe alegria.

E que no fim, por mais que eu ame ele até hoje e sinta falta da nossa família, eu não consigo ver a gente voltando ao que era.

Porque eu não quero voltar ao que foi. Eu quero seguir em frente.

Mas as vezes é duro sofrer essa dor que não passa sozinha. Porque a maioria das pessoas não entende o que é terminar um casamento de 23 anos. 

O que é quebrar uma família.

Hoje está doendo.

Amanhã é outro dia.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Sobre dormir sozinha, ou nem tanto

 Meu cachorro, Chewbaca, e minha gata, Delírio, dormem na cama comigo. Chewie e Del são meus companheiros toda noite quando decido ir dormir. Deitam geralmente cada um de um lado das minhas pernas me impedindo de me mexer, bem grudados nessas noites frias de SP.

Eu cresci até minha adolescência em uma casa em que os cães ficavam do lado de fora, no quintal. Apenas os gatos podiam ir e vir pela casa. Até porque, quem consegue impedir um gato determinado não é mesmo?

Aí quando eu já tinha uns 15 anos minha mãe ganhou uma cachorrinha, e eventualmente essa cachorrinha teve filhotes, e essa dupla já tinha mais privilégios do que meus cachorros anteriores: elas podiam entrar na sala da TV e dormir nos sofás.

O resto da casa continuava do gato.

O fato é que essa era minha referência. E por anos eu quis ter um cachorro que fizesse parte da família, que tivesse acesso aos ambientes, que participasse. Então quando o Chewie chegou ele rapidamente teve direito a casa toda.

Mas não a minha cama.

Essa foi a mudança mais recente e que eu mesma tinha dificuldade de aceitar.

Ele só ganhou direito de subir na minha cama quando a gata chegou. Ter a Del dormindo na minha cama claramente deu a ele o recado que isso era permitido. Bem no estilo "se ela pode eu também posso".

E aí vem o click.

Nós adotamos a Del logo depois da minha separação. Foi uma forma de ajudar minha filha a lidar com a situação. E no fundo me ajudar também...

E quando os dois, Chewie e Del começaram a dormir comigo isso me ajudou muito. Eu que estava sentindo muita dor em dormir sozinha passei a ter a companhia e o carinho de dois bichinhos que estavam ali pra me apoiar.

E isso me ajuda até hoje.

Faz com que eu me sinta menos sozinha, me traz conforto e segurança. E é uma forma de eu também direcionar um pouco do meu afeto.

No final sinto que a "eu" do passado estava certa sobre ter um cãozinho que pudesse compartilhar da casa. E uma gata.

Eles me completam em um momento que ainda estou me esforçando pra recolher os pedaços.

Mas essa parte já fica pra outro dia...

quinta-feira, 13 de julho de 2023

De tudo um pouco

 Estamos em Julho e são férias escolares. Quem tem filhos em idade escolar, seja qual idade for essa, sabe o desafio que é entreter um ser que quer fazer tudo ao mesmo tempo agora. E mais ainda se você é uma só, se me entendem bem.

Viajar seria um sonho. Fugir um pouco da mesmice das 4 paredes do nosso apartamento pra algum lugar diferente, mesmo que por poucos dias... Ah, como eu queria! 

Mas na atual conjuntura isso não é possível. Muito porque estou pagando uma viagem a trabalho que vou fazer no fim do ano e todo o nosso esforço financeiro extra está indo pra isso.

Outra porque quando pensamos em viajar pensamos muitas vezes em pra onde ir e onde ficar, mas existem todos aqueles outros detalhes que transformam um pequeno investimento em um passeio de luxo: como ir e como voltar? Como se locomover por lá? O que comer? Fazer compras? Comer fora? E a reserva de algo der errado e alguém passar mal?

Deixamos o sonho da viagem para outro momento então. Vamos nos virar por aqui.

Rebeca quer ver os amigos, fazer festa, ir ao shopping gastar o pouco que tem.

Numa dessas levei ela para, aos 13 anos, furar as orelhas por decisão dela. E agora tenho uma feliz adolescente de orelhas furadas já sonhando em colocar um piercing.

Não tem jeito, com eles é tudo pra agora. E lá vai a mãe dizer aquele não e pedir paciência. "Talvez no ano que vem!".

Não sou contra, me entendam bem! Mas acho que é importante ir conquistando as coisas aos poucos. Tudo que vem muito fácil corre o risco de ser esquecido tão rápido quanto.

Quero levar ela pra passear, ir ao cinema, jantar fora, conhecer algo novo. O que for possível.

Mas eu ainda estou muito limitada. E não apenas financeiramente. Continuo doente. Em tratamento, mas seguimos sem diagnóstico fechado. O esforço tem sido me alimentar o suficiente pra ter energia e fazer exercícios para recuperar a força muscular. Isso com uma alimentação saudável e complementos vitamínicos pra não me perder de novo.

Conto com o pai dela pra me ajudar, seja pra ir ao médico seja pra sair com ela e eu ter um tempo pra mim.

O trabalho? Segue em frente. Devagar, com certeza, mas não parado. Cada dia um esforço pra não passar em branco.

E é isso. Julho. E continuo aqui.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Se ainda tem gente aqui... Eis que vivo e estou bem.

Faz 8 meses mais ou menos do último post nesse blog. Sim, muitos pensariam que ele estava extinto... Mas não! Resisto! Resisto as mudanças, as dores e ao tempo. Prefiro, mantenho, continuo essa jornada literária, por que não, e insisto em continuar aqui, escrevendo.

Se alguém lê? Aí já são tantas outras...

Esse período de oito meses foi necessário. Nele eu estive no mais fundo do poço que estive em 30 anos e desse lugar eu subi, degrau por degrau, para fora.


Respiro ares mais doces, altos e vivos. Sim, eu vivo.

A dor ainda me acompanha e ela é diária. Não há dia que eu não lembre do que deixei para trás e não sinta dor.

Saudade.

Amor.

Mas já encontro em mim novamente um pouco daquela força que me motivou a mudar.

Encontro um pouco mais de mim.

E sigo em frente.

No momento brigo com uma doença silenciosa e sem explicação que me acomete desde novembro e que me faz ter dificuldade para me alimentar, causa fraqueza muscular e fadiga extrema. Existiu uma desnutrição, um problema hormonal, e uma suspeita de cirurgia de emergência devido a uma rara torção no intestino. Essa última, por sorte, se resolveu sozinha. As outras estão sendo tratadas. E assim seguimos.

Rebeca tem suas próprias dores, sua própria vida, seus amores e seus desafios. Aprendendo a viver com pais separados no começo da adolescência e descobrindo sua individualidade. Eu sou apoio, sou teto, sou chão, sou abraço, sou afeto e dor. Sou o que ela precisar de mim.

E sou eu.

Hoje já vejo novamente o horizonte de quem quer mais da vida.

Acredito em sonhos e em grandes amores.

Me apoio em grandes amigos e amores presentes.

Mudar não significa deixar pra trás. E seguir em frente as vezes nos dá a chance de reaprender o que ficou pra trás de outra forma.

Estou aprendendo a viver de novo.

Tem um caminho longo pela frente. Eu quero parar e ver as flores.