De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Aquele sobre o aniversário

Rebeca fez 7 anos.
Foi uma festança, com vários amigos, familiares, colegas de escola. Foi bom. Foi como ela pediu que fosse.

Começou com café na cama. É uma tradição aqui, nos dias de comemoração, ganhar café na cama. Ela nunca esquece. Faz questão, não só de ganhar o dela, como de dar o meu e o do pai em nossos respectivos aniversários e datas comemorativas.

Enfim, teve café na cama.  Teve ovo mexido, salsichas, pão na chapa, leite com chocolate, suco e frutas. Tudo arrumadinho na bandeja e colocado ao lado da cama.

Aos 7 anos, Rebeca ainda tem dormido comigo na cama. Reveza dias que dorme na minha cama comigo e na cama dela com a boneca. Estava aceitando voltar para o próprio quarto até eu ter a brilhante ideia de levar ela comigo no velório do meu tio E deixar ela ver o caixão. Falemos das coisas idiotas que fazemos, não? De lá pra cá ela agora esta voltando a aceitar dormir no quarto dela, de vez em quando. Faz parte, a gente entende e da o tempo dela ganhar confiança de novo. Agora com o calor deve ser mais fácil, e vamos levando.

Mas Rebeca fez 7 anos.

Depois do café da manhã, teve festa na hora do almoço com direito a salgadinhos diversos, macarrão de almoço, docinhos, bolo preparado pela mãe, uma playlist de mais de 5 horas com as músicas que ela tem ouvido no ultimo ano, e uma retrospectiva desses anos que passaram. E amigos, família e colegas de escola, como eu já disse.

E que lição de vida que foi esse bolo!

Ela pediu que eu fizesse o bolo de aniversário dela, como eu faço todos os anos. Mas eis que tudo resolve dar errado... Vou fazer o bolo, ela vai me ajudar, tudo estava correndo bem, iríamos fazer 2 massas separadas pra poder rechear. Vai pro forno e... o forno está com problemas e apaga sozinho no meio do tempo, e mesmo reacendendo o mesmo, a massa fica solada e inutilizável. Tira a massa solada, coloca a fornada de cupcakes que iríamos levar pra festa, feitos com cuidado. Mas a temperatura do forno ficou alta demais depois de ter sido reacendido e o cupcake ferve ao invés de assar, e basicamente explode na forma, tendo no fim mais massa espalhada que dentro do copinho.

Eu fico arrasada. Mas muito mesmo. Frustrada, me sentindo mal, por que sei que não terei tempo ou energia pra fazer tudo de novo, a começar por não ter todos os ingredientes disponíveis.

E choro. Mesmo, doído, sentido. Todo mundo em casa tenta me dar uma palavra de apoio. Eu peço desculpas pra Rebeca que, calma e com um sorriso no rosto, me diz que esta tudo bem e que vai ficar tudo bem.

A todos eu reafirmo: Vou fazer de novo, até dar certo, só preciso desabafar e me acalmar.

Passadas algumas horas, volto pra cozinha e tento uma receita diferente pra tentar usar apenas o que eu ainda tenho disponível.

Chamo Rebeca pra me ajudar de novo. Ela diz que vai ficar só olhando, pra não me atrapalhar de novo.

Então eu percebo que ela se sentiu culpada.

Falo pra ela me ajudar sim, que não tem problema, que ela não havia feito nada de errado da outra vez e que o bolo não ter dado certo não foi culpa dela. Expliquei sobre o problema do forno e a questão da temperatura. E também disse que eu estava triste sim, e com medo de não poder dar a ela o que eu havia prometido, mas que eu não ia desistir, e que não importava quantas vezes eu precisasse refazer aquele bolo, eu ia continuar tentando até dar certo.

Ela então me ajudou a fazer a massa, quebrando ovos e mexendo a mistura, acrescentando os ingredientes. Animada. Massa no forno, não cresceu o que devia, mas deu certo o suficiente para ser usado na festa. Fizemos o recheio e a cobertura, deixamos tudo esfriar e montamos o bolo. E pode não ter sido o melhor bolo que eu já fiz, nem o mais bonito, mas ele serviu ao seu propósito.

E Rebeca fez 7 anos.

Depois da festa, recebemos os amigos em casa até tarde, jantamos pizza. Fazia parte dos nossos acordos de aniversário familiares que cada aniversário teria como tema um país. E o dela era Italia. Então o almoço foi macarrão, a noite pizza e o almoço de domingo finalizaria suas comemorações com uma boa lasanha.
E foi o que fizemos.

E ela brincou muito, e se divertiu e ganhou presentes.

E fez 7 anos.