Rebeca completou 12 anos. Novamente fazendo aniversário em meio a Pandemia, e com outros problemas que tem que lidar com relação a familia e amigos, nós decidimos viajar para comemorar o aniversário dela. Sair de casa, das nossas 4 paredes apertadas e tentar relaxar.
Deu tudo errado.
No dia da viagem ela acorda e comenta que a garganta esta arranhando um pouco. Como o tempo andava seco, tento não dar muito ibope para o caso, torcemos pelo melhor e dou a ela uma pastilha para a garganta, só para garantir.
Um dia cheio, escola, parabéns com os avós, arrumar as coisas, pegar estrada, se perder, chegar tarde. A casa é linda, mas no fim do dia estamos exaustos. Fomos em 4 pessoas - eu, ela, o pai e um amigo meu. Da idade dela, ninguém. Mas, ei, teriamos a praia!
Na manhã seguinte, muito cedo, eu e ela acordamos. Ela esta constipada, com dores e se sentindo mal. O tempo não ajudava - fechado e frio, logo começou a chover. Prostrada durante todo o dia, era impossível esconder o medo - com ela de volta a escola, a poucos dias de tomar s primeira dose da vacina, será que ela tinha pego COVID?
Esperamos algumas horas. Almoçamos. Ela comeu pouco, a garganta doia muito. Deitada em frente a TV, sem energia, ela escondia a propria aflição. Eu não via sentido em continuar ali. A previsão do tempo era de chuva para o resto do fim de semana. Alguém tinha que tomar a frente e tomar as decisões e essa pessoa, mais uma vez, era eu. Voltamos para casa. Exame de COVID agendado para o dia seguinte.
Rebeca ficou muito triste. Muito frustrada. Se sentia culpada, deprimida. Sozinha. Com medo.
Fiquei com ela e fiz o que pude. Conversamos. Ficamos juntas, assistimos filme, comemos coisas gostosas.
O exame de COVID deu negativo. Ufa! Só isso mudou muito o humor de todos na casa. Como uma enorme nuvem negra que se dissipava.
Mas, ainda sim, 4 pessoas fechadas numa casa num fi de semana chuvoso, sim, a cada dia foi mais um amanhecendo gripado. E foi assim por toda a semana.
A possibilidade de aula online facilitou muito para Rebeca poder ficar em casa e esperar melhorar. Para nós, foram dias de molho, mau humor e descanso. Diminuir o ritmo. Se curar.
Existe muito do que precisamos nos curar.
Uma das coisas que esse susto me lembrou é que por mais que os numeros estejam melhores a andemia não acabou e ainda não é hora de deixar todos os cuidados de lado. E que essa doença ainda esta e continuara consoco por muito tempo.
A outra coisa que me fez pensar foi em como a pandemia afetou a vida da Rebeca. Em como ela é solitária, mantendo contato apenas com os amigos online. Crianças são resilientes, talvez, mas não estão imunes as sequelas desse isolamento. Todos somos afetados.
Combinei com ela que assim que possível vamos comemorar esse aniversário de uma forma decente.
Ela merece se sentir feliz e bem.
Ela tem 12 anos.