É manhã de quarta feira e esta um tempo frio. Os raios de sol que chegam ainda não tem força para aquecer a rua ou as pessoas, mas promete esquentar em breve.
Eu e Rebeca acordamos cedo, não muito para os padrões de quem tem acordar muito cedo como rotina para trabalhar e estudar, mas cedo demais para o meu humor.
Acordar cedo tem feito parte da nossa rotina tem um ano e meio agora. Nós o fazemos para que ela possa exercitar uma de suas paixões: a dança.
Faz um ano e meio que Rebeca faz aulas de Ballet e Jazz 3 vezes por semana pela manhã e eu a acompanho.
Ela aprende muito com essa atividade e eu aprendo muito com ela.
Ela descobriu que gostava de dançar bem cedo. Lembram que aos 3 anos ela fez ballet na escola e a amiguinha disse que ela não podia fazer Ballet porque era muito gorda? (aqui)
Apesar disso ter afetado a autoestima dela de uma forma que eu vejo refletida ate hoje, Rebeca não perdeu o gosto pela musica ou pela dança.
Depois desse episódio ela tentou fazer natação, onde também teve problemas e acabou parando, mas teve a chance de tentar as aulas de ballet da escola novamente 2 anos e meio atrás quando fizemos um plano...
Eu não sou uma pessoa fisicamente ativa, quero dizer, não faço exercícios, sou bastante sedentária, e não tenho muito orgulho disso não. O fato é que sinto que essa sempre foi uma área pouco incentivada na minha vida, expecialmente no sentido de buscar uma atividade que eu tivesse prazer em fazer.
Foi conversando com minha irmã sobre como lidamos com essa falta de incentivo ao esporte que traçamos um plano que tinha como objetivo ajudar a Rebeca a descobrir que tipo de atividade física ela sentia prazer em fazer.
A partir daí iriamos incentiva-la a ter essa atividade no seu dia a dia, na sua rotina desde ja, na esperança que ela leve isso para toda a vida, não só o exercício em si mas a associação de que mexer o corpo e fazer atividades físicas é algo bom, divertido.
Começou com cursos extracurriculares que a escola dela oferecia no contraturno das aulas regulares. Cada dia da semana ela tinha uma atividade diferente: Ballet, Artes, Arte Marcial, Teatro, Capoeira. Durante um ano ela fez todas essas atividades para descobrir quais ela fazia com mais animação.
As aulas com música ganharam disparadas, seguidas de perto pelas de Arte Marcial.
Então chegou a segunda parte do nosso plano, que consiste em focar a atenção e o esforço nessas atividades, fora da escola onde ela teria mais aulas por semana e poderia desenvolver o esporte, indo alem da Recreação.
Conversamos com a Rebeca. Não seríamos nós a escolher por ela. Essa era uma das coisas importantes: se ela ter prazer na atividade é importante e queremos que ela leve isso para a vida toda, então temos que ouvir o que ela quer.
Explicamos o plano. Apresentamos diversas opções e deixamos que ela nos dissesse o que gostava mais, o que ela realmente gostaria de continuar fazendo.
Ela escolheu a dança.
A partir daí focamos nossos esforços em buscar um lugar dentro das nossas possibilidades financeiras que oferecesse a melhor estrutura para ela dar continuidade no seu aprendizado e, se possível, oferecesse opções extras que ela poderia explorar.
Encontramos, e no começo do ano passado iniciamos nossa saga de acordar cedo. São 2 aulas seguidas, primeiro o Ballet e logo em seguida o Jazz, 3 vezes por semana.
Eu que nunca fiz aulas de dança na vida me surpreendi com quanto esforço físico se faz, em como nas aulas se trabalha o preparo físico além das técnicas, como se exige do corpo, da disciplina...
Tem sido uma jornada incrível.
Encontramos um local muito bom e uma turma receptiva e inclusiva, com crianças de diferentes idades, jeitos, tipo de corpo, etapas de desenvolvimento. E ensinado o trabalho em equipe e a união, o afeto e a aceitação.
Cada aula Rebeca sai feliz. Sorridente. Cansada, sem dúvida, mas satisfeita. E eu me encho de orgulho e com a certeza de estar fazendo a coisa certa.
Vou parar por aqui por hoje.
Mas volto. Quero falar do que aprendemos.
Faz parte da rotina, sabe?
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Sobre manhãs e dança
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