De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quarta-feira, 23 de março de 2022

Todo dia ela faz tudo sempre igual...

 Tudo mudou. Ainda não estou preparada pra falar muito mais sobre isso. Mas tudo mudou.

Eu me vejo me apegando aquilo que posso para tentar me manter de pé e seguir em frente.

Eu tenho planos, e sonhos, e vontade.

E tudo isso nesse momento está sendo levado em câmera lenta conforme eu tento me adaptar a uma nova realidade no meio de uma crise que já existia.

Tanta coisa que já existia...

Eu me apego ao que sei, ao que consigo.

Eu acordo todos os dias as 5h da manhã pra poder fazer um café com calma e acordar a Beca as 5h30 pra ela começar a se arrumar pra escola.

A Beca sempre precisou do seu tempo, de poder fazer as coisas com calma, pra funcionar. São 1h30 praticamente entre eu chamar ela a primeira vez e ela estar pronta pra ir pra escola.

Mas tudo bem. Isso é normal. Faz parte da nossa vida e da nossa rotina há muito tempo. Isso me conforta. Então eu acordo às 5h, tomo meu remédio, faço meu café...

Mas tudo mudou. Tudo.

Sem ter certeza de nada eu me vejo acordando as 4h da manhã e não conseguindo me manter na cama.

Levanto. Faço café. Esqueço de tomar o remédio. Mexo no celular, falo com um amigo que fica acordado de madrugada.

Me pergunto se nós últimos dias ele não tem feito isso de propósito pra me fazer companhia...

Não faz diferença. Eu agradeço assim mesmo.

O ócio não tem me feito muito bem.

Eu tento trabalhar um pouco, conforme consigo. Nos dias bons a coisa rende e eu consigo fazer os projetos, tanto meu pessoal como do Canal do Onde Está Minha Mente, irem em frente. Um passo pequeno por vez. Mas nunca parada. Não consigo não fazer nada. Acho que isso não me pertence mais.

Estou em movimento. Sei pra onde quero ir, qual meu norte. E rumo pra lá em meio a uma das maiores tempestades que passei até agora.

Eu sei que as coisas vão aos poucos melhorar e eu vou ficar bem e vou conseguir chegar onde eu quero.

Mesmo porque é por isso mesmo que tudo mudou.

Porque eu mudei. E não consigo mais ficar parada.

Mas não vamos falar mais do que isso hoje...

terça-feira, 1 de março de 2022

Sobre como os problemas não esperam

Eis que a vida continua a andar independente de como eu me sinto. De como eu preciso...

O mundo gira, a vida segue, e a melhora que eu vejo tem seus baques.

O fato é que as coisas que levam a depressão não mudam porque eu entrei em depressão. Os motivos continuam lá. Porque a maior parte deles já está em mim.

As brigas que misturam o passado e o presente, e todo o ressentimento, tudo isso continua lá. Pedindo meu tempo, minha atenção e minha sanidade.

Simplesmente não há tempo para respirar o suficiente. 

Quando menos espero levo um tapa da realidade chamando minha atenção e me perguntando:

"Por quê?"

E dessa vez eu não soube mais responder.

E não soube responder porque minha resposta mudou. Porque mudei eu, mudou ele, e essa mudança precisa fazer sentido então a pergunta fatal "Por quê?" Parece pedir uma resposta mais honesta para quem somos hoje.

Já não somos os mesmos... Então a urgência de entender quem somos e o que queremos e pra onde vamos grita cada vez mais alto.

Mas mudanças dão medo. Muito medo. Especialmente quando sabemos o valor enorme do que estamos perdendo. Do que abrimos mão, da segurança do conhecido para algo nunca vivido.

Medo de perder tudo que foi construído, que se constrói, que se apega, que se ama.

Não é falta de amor. Definitivamente amor existe e está presente em cada linha dessa história que só está em um novo capítulo.

Eu não sou mais quem fui um dia.

Eu hoje luto para ser a pessoa que quero ser.

Para ser o exemplo que acho que devo.

Para ser completa.

Para ter controle da minha própria vida.

Como é difícil crescer.

Ainda mais aos 40...