De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sábado, 2 de novembro de 2024

O que eu quero pra mim

 Eu quero ser livre.


Eu quero não depender de outra pessoa, nem emocionalmente, nem fisicamente e nem materialmente.


Eu quero descobrir quem eu sou, do que eu gosto, o que eu quero, quais são meus sonhos e até onde eu posso chegar.


Eu quero poder amar minha filha e ter ela do meu lado. Quero cuidar dela e dar pra ela tudo que eu desejo e ela precisa e deseja.


Quero poder levar ela aos lugares que ela sonha e mostrar pra ela que ela pode ser e fazer o que desejar na vida.


Quero ser feliz e poder viver a vida da forma que eu acredito.


Quero mostrar pro mundo que as coisas podem ser boas, que o mundo pode ser um lugar melhor.


Quero poder focar em mim e na minha vida e na minha filha sem me sentir culpada por isso.


Quero poder construir em mim a segurança que eu busco e encontrar o caminho para estar bem.


Quero ter saúde, quero ter força, quero viver bem.


Eu quero ser livre para que um dia, quando eu estiver pronta, eu possa querer incluir alguém na minha vida por vontade e não por necessidade.


Quero encontrar na minha família e nos meus amigos os apoio que eu preciso, a companhia e o carinho, de forma que eles sejam somas a algo que eu encontro em mim mesma, e não para suprir uma parte que me falta.


Eu quero ser inteira comigo mesma.


Quero ensinar a Rebeca a ser inteira nela mesma.


Quero ser um exemplo de força, resiliência e determinação. 


Quero ser um exemplo de amor, cuidado e carinho.


Quero ser inteira. Quero ser livre. Quero me amar.

domingo, 25 de agosto de 2024

Sobre sobrecarga e maternidade solo

 Essa semana tive que recusar um trabalho.


Assim, dizer não. 

Era um trabalho que eu queria muito, que eu estou esperando pela oportunidade há anos, e quando finalmente a coisa se apresentou, eu tive que dizer não.

Era um trabalho em uma sala de roteiro. Roteirista Junior. Mas logo na conversa preliminar eu tive que pular fora.


Porque era uma vaga de período integral, presencial, longe da minha casa.


E eu não tenho essa disponibilidade.


Eu sou uma mãe solo que mantém o cuidado quase total com minha filha sozinha. E por mais que ela seja adolescente e em teoria poderia ficar sozinha e se virar no horário que eu estaria fora, ela está num momento com problemas de depressão, em tratamento, e requer um acompanhamento mais próximo. O fato é que eu não posso estar longe de casa o dia todo, e se eu sair, preciso ter a possibilidade de voltar facilmente e nunca com frequência diária.


Além disso eu sou o único apoio do meu pai, que mora no mesmo condomínio que o meu, nos cuidados com a minha mãe.

Minha mãe tem síndrome do pânico e uma serie de limitações físicas, e para que ele possa sair e resolver pendências na rua eu preciso estar disponível para ficar com ela.

Então eu não posso ficar pelo menos 10h por dia fora, em horário comercial. Eu preciso estar por perto.

Cheguei a perguntar na conversa sobre o trabalho se não haveria a possibilidade de fazer meio período presencial apenas ou fazer algo híbrido, mas eles não abriram essa opção.

Então eu tive que pedir mil desculpas e rejeitar o trabalho.


Não me arrependo.


Estou desenvolvendo outros projetos pessoais que eu espero possam me render algum retorno financeiro em breve e que me permitem ter essa flexibilidade de horário. 

São projetos de desenvolvimento de roteiro, de produção, e empreendedorismo, que vão me ocupar quase o dia todo, mas que eu posso fazer boa parte do tempo em casa e equilibrar melhor minhas saídas.

Sim, são mais de 2 projetos ao mesmo tempo.

E além disso eu tenho que continuar estudando e fazendo faculdade e cursos livres pra continuar me aperfeiçoando.

Tenho que cuidar da casa, nem que seja fazendo o mínimo pra subsistência, cuidar da minha saúde física e mental pra não deixar que a sobrecarga de coisas me prejudique, e continuar indo na academia pelo menos 4 vezes por semana.

E tenho uma gata e um cachorro pra cuidar também.


E aí, finalmente, eu chego nesse lugar: sobrecarga e maternidade solo.

Meu acordo de separação não limita visitas nem nada. Mas meu ex-marido tem uma série de problemas de saúde mental que está tratando também, o que limitam a capacidade dele de se manter presente. 

E tem parte grande do machismo estrutural, não vou dizer que não. É fácil dizer que você vai cuidar da sua saúde mental e que precisa de tempo e espaço se você tem uma outra pessoa assumindo toda a responsabilidade.

Mas é um processo de adaptação a realidade do estar separado que nós ainda estamos passando, nós 3. Aos poucos ele tem se aproximado e tentado estar mais presente, e eu tento incentivar que ele e minha filha mantenham contato constante nem que seja por telefone e online. 

Mas quem vive isso sabe que não é suficiente.

Mas ok. Eu vou ser muito sincera e dizer que eu já faço isso há tanto tempo, porque essas coisas já eram uma questão mesmo quando ainda estava casada, que acho que hoje eu prefiro que seja assim.

Faça o que pode e está ao seu alcance, só não me atrapalhe e questione as decisões que eu preciso tomar por ter que fazer 90% das coisas sozinha.

E ele não atrapalha e não questiona. Falando de coisas de ordem prática, claro. Pro emocional, graças a ajuda, temos terapia.

No fim eu a Beca vamos aprendendo a nos virar, e fazemos nossos planos mais entre nós duas que outra coisa.

No entanto, pra tudo isso dar certo, as vezes coisas assim acontecem: eu tive que rejeitar um trabalho. 

Eu sei que outras oportunidades vão surgir, e que boa parte delas vai me permitir fazer as coisas equilibrando com minha demanda pessoal, mas é uma decisão difícil. 

E a vida da mãe solo é de decisões difíceis e por vezes de abrir mão de coisas que não se encaixam no que a gente pode fazer.

De tudo que aprendi é que tudo tem seu tempo e nada é definitivo. Então eu trabalho com o que esta dentro das minhas limitações hoje.

Amanhã é outro dia.

Vida que segue.

sábado, 6 de julho de 2024

Sobre transtorno bipolar e filhos

Minha filha tem 14 anos e desde muito cedo apresenta sintomas de algum tipo de transtorno.

Aos 5 ela me trouxe pela primeira vez o sentimento de inadequação e de achar que não merecia viver. 

Se sentia infeliz consigo mesma e com sua aparência. Sofria bullying nas aulas de ballet de meninas magérrimas que a consideravam gordinha demais para a dança.

Não, ela não era.

A pandemia fez com ela o que fez com grande parte dos adolescentes e agravou enormemente seu quadro de saúde mental e o que eram episódios pontuais e mais leves se tornaram um claro transtorno de ansiedade e depressão profunda.

E nós estamos lutando contra isso e tratando com médicos e terapeutas desde então.

Eu quis trazer isso para falar de um medo que eu sei que toda pessoa que se descobre bipolar e deseja ter filhos tem: e se meu filho acabar sendo bipolar também?

Quando eu decidi ser mãe eu ponderei bastante sobre isso e eu cheguei a conclusão que ninguém melhor para cuidar de um filho bipolar do que eu que já passei por isso.

Durante a gravidez eu conversei muito com meu terapeuta, conversei muito com minha filha ainda na barriga, e ensaiei como eu falaria com ela sobre a minha condição de saúde.

Ao longo desses anos ela viveu comigo minhas instabilidades. Sempre de forma honesta e transparente, dando a ela toda a informação necessária para cada fase da vida dela.

E isso tem sido importante num momento que nos voltamos para a saúde dela.

Com uma mãe bipolar e um pai depressivo, era quase inevitável que ela apresentasse algum quadro de transtorno emocional. E sabendo disso eu me preparei.

Não é facil. Não é fácil pra ela, mesmo com toda a informação e apoio,  viver nessa montanha russa. Não é fácil pra mim ter que reviver tudo isso para poder ajudar ela da melhor forma que eu posso.

Mas nós estamos levando.

Uma das coisas que fiz esse ano e que sinto que foi um acerto, foi trocar ela de escola e buscar uma escola mais aberta e preparada para lidar com essas questões. A escola e a rotina escolar, pra ela, são um gatilho forte e ser acolhida nessa dificuldade tem feito diferença.

Ter um psiquiatra bom acompanhando o caso e um terapeuta que ela se sente confortável e confia tem sido outro fator muito importante. 

Apoio da família e amigos são imprescindíveis. 

Mas a coisa que eu sinto que faz mais diferença é poder estar perto dela.

Ela me acessa muito e precisa muito de contato e cuidado durante os dias mais escuros. E ela acaba sendo também um apoio nos meus dias difíceis.

Não é ideal, talvez, mas é o que temos. Temos uma a outra e um amor muito forte.

E eu me esforço pra ser para ela o exemplo de que tudo o que ela sente hoje de ruim, não vai durar pra sempre. Que é possível ser feliz, ser capaz, e alcançar nossos sonhos. Temos que ter paciência, resiliência e coragem. 

E temos uma a outra.

Podemos conquistar o mundo.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Sobre o segredo do universo

 42


Esse é o segredo do universo.

Curiosamente meu aniversário é no mesmo dia do Orgulho Nerd, também conhecido como Dia da Toalha, homenagem a Douglas Adams, que fazia aniversário nesse dia, e é autor de O Guia do Mochileiro das Galáxias.


É nesse livro que encontramos a pergunta para qual o segredo do universo: 42


É minha idade agora.


E seja por todas essas coincidências ou não,  nesse ano que alcanço tal marco, estou vivendo uma das melhores fases da minha vida.

Passei por maus bocados nos últimos a anos. Aliás, por vários anos. Mas desde o início desse ano eu tenho repetido que esse é o meu ano.


E tem sido mesmo.


Tenho muito pelo que agradecer.


Eu tenho uma filha incrível, inteligente, linda, gentil, companheira. Ela hoje está vivendo um período difícil com sua saúde mental e mesmo assim eu sou grata. Sou grata porque tudo que eu vivi antes dela me permite estar numa posição para acolher o que ela sente e ajudá-la a se tratar e se entender.

Vivo uma situação confortável, em que tenho apoio e segurança para estar com ela e dar a ela o tempo que ela precisa para ficar bem.

Sou grata porque pude estar com o pai dela todos os anos que estivemos juntos e ele me deu tudo o que podia e não podia, e esteve comigo durante minha montanha russa. Ele me deu meus bens mais preciosos, minha filha e minha enteada, e me deu tempo para que eu estivesse pronta para andar sozinha. Me deu seu amor e sou grata. Hoje tenha sua amizade e sou grata.

Sou grata porque tenho um parceiro pra me incentivar a trilhar meu próprio caminho, que é meu amigo e incentivados voraz das minhas ideias mais loucas. Somos livres e estamos bem. E sou grata pelo tempo que estaamos tendo e o que vier. Construímos uma história de sucesso e muitas outras.

Sou grata pela minha família. Por ter uma irmã que me apoia e me ajuda e que sempre acreditou em mim. Por ter pais que sempre foram fora da curva, que me ensinaram o mais básico da vida: seja gentil, questione tudo, e seja você mesmo. Seja responsável. Somos responsáveis de devolver ao mundo aquilo que temos, aquilo que recebemos. O mais importante é aqueles que temos ao nosso lado, todo o resto pode ser construído de novo. Nunca desista não importa quanto tempo leve. Acredite nos seus sonhos.


Esse ano o trabalho começa a dar frutos. Os estudos voltaram a andar pra frente. Estou sendo valorizada e reconhecida, aos poucos.


Conheço pessoas novas e incríveis. Voltei a socializar de uma forma que não fazia há anos.


Estou feliz.


Quantas vezes podemos dizer isso?

Eu estou feliz.

42 é um bom número.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Hoje eu senti sua falta...

 Hoje eu senti sua falta.

Senti falta do seu bom dia,

As vezes animado,

Na verdade poucas vezes animado,

Muitas vezes lento e preguiçoso, 

As vezes já tenso mesmo acabando de acordar.

Hoje eu senti sua falta,

De poder te contar sobre o sonho que tive,

Sobre como me sinto melhor,

Mas também continuo cansada.

Senti falta de te contar sobre um texto que corrigi,

Que eu me identifiquei, 

E de outro que era tão chato que quis dormir.

Hoje senti sua falta,

De ouvir sua voz no meio das mensagens,

Um áudio do carro,

De você me contar do filme que viu,

Da série que terminou.

Senti falta de falar do novo livro

Aquele que eu queria a tanto tempo

E que finalmente chegou. 

Senti falta de dizer que me sinto melhor,

Mas que ainda tem muito barulho.

Senti falta de ouvir você reclamar,

E da gente falar do trabalho.

Hoje senti sua falta,

Da sua presença discreta no meu dia,

De longe e de perto,

Daquele café e do seu sorriso.

Hoje senti falta de cada momento que pensei em você.

Hoje senti sua falta.

E foi só um dia.

sábado, 23 de março de 2024

Sobre a rotina e os silêncios...

 Meu ex-marido era uma pessoa barulhenta. 

Não entenda isso mal, era apenas parte de quem ele é.  

Ele é um homem grande, de 1.90m de altura e eu sempre senti que isso afetava a presença dele no mundo de forma que ele sempre ocupava muito espaço. 

Meio desajeitado, as vezes não tinha noção do próprio tamanho.

Mas isso incluía o nosso espaço sonoro.

E as vezes com questões peculiares...

Ele é uma pessoa musical, adora música, ouve todo tipo nem que seja só para conhecer e ter uma opinião. Por gosto mesmo ele sempre gostou de rock pauleira e com letras inteligentes e sarcásticas. Mas barulhentas. Matanza, A Cana, Velhas Virgens, entre outros do gênero eram ouvidas em volume alto com frequência nos 23 anos que estivemos juntos.

Teve outras coisas também que faziam mais meu agrado: Legião Urbana por exemplo foi a trilha sonora do dia do parto da Rebeca. Nós ficamos cantando no quarto durante as horas que esperamos até a cesariana começar e, coincidentemente,  era o que tocava na rádio que os médicos colocaram pra tocar na hora do parto. 22h40 da noite e nosso coração foi embalado por um resmungo e Renato Russo cantando.

Mas voltando, o barulho.

Quando não estava ouvindo música ele estava assistindo algo na TV. Assobiava com frequência. Se mexia e fazia barulho. Sua altura fazia com que até ir ao banheiro fosse algo barulhento, como uma torneira aberta. Ele respirava alto pois tinha problemas respiratórios e estava sempre com sinusite. E roncava, muito e muito alto.


Um amigo meu, terapeuta, disse que se eu estava no ponto em que a respiração dele me incomodava eu fiz muito bem em terminar.


Mas o fato é que esse era o barulho externo.

Existe um outro barulho constante na minha vida que algumas pessoas talvez se identifiquem, que é o barulho interno. 

Dentro da minha cabeça, 24h por dia, eu sou incapaz de manter minha mente sem pensar em nada. Existe uma sensação constante de barulho, como se eu estivesse em uma festa, do lado das caixas de som que tocam uma música muito alta, e as pessoas estão conversando, e o ambiente é de tal forma que essas vozes e a música me fazem não conseguir ouvir esses pensamentos.


As vezes é mais baixo, as vezes é mais alto, mas está sempre lá. Ou estava. A minha medicação tem a capacidade quase mágica de fazer esse barulho passar por algumas horas - é isso que me permite dormir, por exemplo.


Quando eu estou passando por um período de mais estresse,  esse barulho fica mais alto, e por consequência, pra conseguir me manter mais calma, eu preciso que o barulho externo seja, então, quase nulo.

Eu preciso de silêncio. 

Cada vez mais nos últimos anos eu senti necessidade de silêncio.

Eu trabalho melhor em silêncio. Eu penso melhor em silêncio. Eu me acalmo com silêncio. Eu aprecio os momentos que posso curtir minha solitude e descansar em silêncio. 


Isso faz com que eu adore a madrugada. 

E isso me fez pensar esses dias que eu sempre fui assim. Adoradora da calma e do silêncio da madrugada, quando o mundo inteiro está em suspenso, no sono. Sem barulho na rua, sem preocupações, sem lugar pra ir,  sem estar atrasado pra nada e sem ter compromisso algum com ninguém. Só eu e a noite.

Durante minha adolescência eu aproveitava esses momentos para escrever. Eu esperava todos irem dormir, fazia uma batida de leite com chocolate e muito gelo,  sentava no computador no meu quarto e escrevia madrugada adentro. Nossa, era incrível...


Não tenho mais 14 anos e não aguento mais passar madrugadas acordada, além de ter diversas outras obrigações durante o dia. O mundo não me espera mais.

Mas eu sinto necessidade desses momentos de solitude e silêncio.

Então criei o hábito de acordar de madrugada. 

Acordo as 5h todos os dias,  inclusive nos fins de semana, para curtir um pouco esses momentos. Durante a semana dura pouco, coisa de 30 min até eu ter que acordar a Beca pra aula e o dia começar a se movimentar.  Mas nos finais de semana em que ela dorme até mais tarde eu posso aproveitar melhor esse tempo.

Vejo o sol raiar pela varanda e aproveito o vento gelado do começo da manhã. Faço meu café e fico ali, na mesa, apenas contemplando a casa que eu tanto amo.

Penso em mim, no meu dia, na minha semana. Respiro e sinto o tempo passar. Mexo no celular sem ver nada muito específico. Só deixo o tempo passar em silêncio...

As coisas não estão fáceis. Tem muita coisa boa acontecendo, mas nem tudo é assim e isso não torna tudo mais fácil. Eu ando com muito barulho interno.

Então eu tenho aproveitado cada vez mais o silêncio. 



E você? Que  tipo de pessoa é você?

sábado, 16 de março de 2024

Sobre adoecer e se curar

 Depois da minha  separação em fevereiro de 2022 eu entrei em uma depressão profunda.

Vivi um processo de luto intenso e duro, sofri demais pela decisão que tomei mesmo não me arrependendo dela. 

Saber que a relação tinha alcançado o limite de onde poderíamos ir juntos não fez a dor ser menor e nem o processo de deixar pra trás todos os sonhos que sonhamos juntos menos triste e difícil.

E eu passei 2022 praticamente inteiro sem conseguir cuidar da minha alimentação e por consequência a da Rebeca. 

Rebeca que viveu todo esse luto também, em silêncio,  lutando sozinha com o trauma e o medo de ficar sozinha, de ser deixadas pra trás e ser negligenciada.

E nós duas nos afogados na comida e principalmente nas massas e no fast food.

Ganhamos muito peso, e como consequência problemas de saúde. Colesterol alto foi o mínimo.

Eu vivi 2022 comendo miojo com salsicha e queijo ralado. Essa era a minha alimentação básica.

Rebeca comia macarrão com molho  e queijo ralado, sanduíches,  muitos doces.

A depressão era real para nós duas. 

Em 2023 queríamos nos cuidar, mas algo aconteceu. 

Eu comecei a ter problemas para comer. Eu comia cada vez menos, não conseguia engolir. Me sentia muito fraca, não conseguia carregar pesos ou subir um único degrau de escada sem ajuda. Minha força simplesmente havia me abandonado.  

Eu perdia peso muito rápido. Não tinha energia pra ficar acordada. 

Eu tive muito medo. E comecei a ir em médicos,  um atrás do outro,  para entender o que estava acontecendo comigo.

Foi só em Julho do ano passado que fiz um exame que mostrou que eu estava com um problema grave de gordura no fígado e uma fibrose hepatica moderada.

E a única coisa que eu podia fazer era mudar totalmente minha dieta,  adotando hábitos saudáveis,  e fazer exercícios físicos,  de forma que eu perdesse peso sim, mas muito mais devagar e de forma controlada e saudável. Eu não podia tomar remédios para ajudar. Era eu comigo mesma.

Eu estava doente, desnutrida, a perda de peso repentina tinha queimado minha massa muscular e não a gordura apenas. Eu precisava agir pra recuperar isso.

E foi o que eu fiz.

Eu mudei a alimentação em casa, aumentando o consumo de frutas, legumes, verduras, proteínas e cereais. (Entenda por arroz,  feijão,  carne, legumes e saladas), cortar os doces pra uns 20% do que era antes, passar a beber água,  muita água, quase nada de refrigerante, e fazer exercícios de 3 a 5 vezes por semana.

Não foi fácil, até porque eu tinha dificuldade para comer nas quantidades adequadas. Entenda, eu não comia demais, eu comia de menos. Era difícil terminar uma refeição inteira, mesmo ela sendo medida na balança como a nutricionista tinha indicado.

Mas eu encontrei prazer em cuidar de mim. Ir a academia me dava energia e fazia eu me sentir bem. Ver minhas forças voltando mes a mês me motivava.

Rebeca foi vendo esse processo e do lado dela ela lutava sua batalha pessoal contra a depressão e o transtorno de ansiedade. Mas ela via meus resultados e começava a querer isso pra ela também.

De Julho pra cá eu mudei meus hábitos. E ontem eu recebi o resultado do exame de acompanhamento dessa doença e tive a melhor notícia que poderia ter:

A de que estou curada. 

Não tenho mais fibrose ou gordura no fígado. Todos os indicadores voltaram a normalidade. Eu estou mais saudável do que fui nos últimos 15 anos.

E valeu a pena.

Eu estou tão feliz e tão aliviada!

Depois de tudo que passei e do medo que senti e ver que meu esforço deu resultado... 

Eu fico feliz toda vez que consigo subir uma escada. 

Eu olho pra esse resultado e penso "Uau! Olha o que eu conseguir, onde eu cheguei! E se eu continuar fazendo o que estou fazendo agora? Onde mais eu consigo chegar? Até onde eu consigo ir?"

Me sinto pronta pra mais um desafio e pra ir além.

Esse ano as coisas começaram diferentes pra mim. Estou com 2 trabalho free-lance em andamento, estou trabalhando nos meus projetos pessoais, estou fazendo faculdade e cursos livres, estou me cuidando  e cuidando da Beca.

É como se a vida tivesse começado a entrar nos eixos. 

E eu estou feliz.

Hoje eu estou muito feliz.

Cuidem-se. Saúde não tem preço,  seja mental ou física. Cuidem-se. Vale a pena.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Sobre começar 2024

Desculpem o sumiço.  Sim, eu sei, foram meses. Mas tive bons motivos.
A verdade é que passei 2023 doente e correndo atrás de recuperar minha saúde. Fisicamente mesmo. Um problema no fígado que me fez emagrecer involuntariamente mais dee 35 quilos.

Mas, hoje, não é sobre isso que eu quero falar.

Quero falar de começos.

Tirei Dezembro e Janeiro de férias de verdade. Aproveitei para viajar com minha irmã,  passar tempo com família e amigos, descansar, comer besteira. Acompanhei a temporada de NFL na TV, sai com a Beca várias vezes, assisti filmes na TV e fui ao cinema.

Chegamos em Fevereiro e meu ano oficialmente começou.  As aulas da pequena voltaram, eu comecei um freela que minha irmã conseguiu pra mim, os projetos estão fumegando na minha cabeça, a faculdade que decidi fazer esta para começar logo depois do Carnaval, e as inscrições de eventos e concursos está a toda obra.

Quero falar que decidi fazer faculdade esse ano. Vou fazer Produção Audiovisual e tirar meus DRTs, me profissionalizar pra poder bancar a empresa que abri ano passado.

E comecei um freela e estou procurando outros, porque não dá pra viver de sonhos e enquanto os sonhos não bancam as contas corremos atrás do capitalismo mesmo.

A Beca está melhor daa depressão. Ano passado foi muito difícil pra ela, perigos de repetir de ano, crises e mais crises de pânico na escola. Mas com acompanhamento de terapeuta e médico, medicação ajustada, ela começou o ano melhor.
Voltou a fazer aulas de dança e vai fazer um curso de teatro fora da escola. Esta feliz.

Eu quero colocar a vida pra frente.
Ano passado foi tempo de cuidar, de aprender finalmente a comer de forma saudável e encontrar prazer nisso. De descobrir que gosto de ir na academia. E que poder subir um lance de escadas é importante.

Eu estou melhor e me sinto finalmente preparada a colocar minhas ideias em andamento. Manter e financiar o canal do OEMM mas também tantos outros.

Tem tanta coisa que eu quero fazer....

Meu momento é de planejar e organizar para saber priorizar cada coisa e colocar tudo pra frente, mas uma coisa de cada vez.

Começamos aqui.

E você? O que vai fazer esse ano?