De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

De passeios, de cultura, de diferenças, de voltar pra casa

Nos dias que se seguiram tentamos aproveitar o máximo possível.

Reservamos um tempo para fazer compras de roupas pois era algo que eu queria fazer muito, comprar roupas pra Rebeca. 

Também era importante fazer programas que incluísse as filhas dos amigos de minha irmã. E tempo para passar com eles. E para descansar.

A única coisa com data certa era nossa ida a Orlando para a Disney. Nos outros dias sabíamos o que gostaríamos de fazer mas estávamos abertos a mudar de planos de fosse necessário.

Nós jantamos com os amigos de minha irmã duas vezes na semana. Um dia na casa deles, onde experimentamos uma sopa de abóbora que Rebeca não foi muito fã, mas educadamente tentou comer, e eu levei brigadeiros para enrolar com as crianças. O outro dia em uma pizzaria local. Até às pizzas lá são grandes, hehe Mas muito boas. Na pizzaria foi onde Rebeca e as meninas se entenderam melhor, fazendo bagunça, se melecando comendo a pizza com as mãos, pães de massa de pizza e muito queijo, dando risada. Um pouco de bagunça demais pro meu gosto, mas ei, a viagem não era pro meu gosto, certo?

Dos passeios nós fomos ao chamado Museu da criança, que se assemelha ao Museu da Imaginação em São Paulo, onde na primeira tentativa chegamos muito perto da hora de fechar (lembra que eu falei que as coisas fecham cedo por lá?) e acabamos brincando no parque e nas fontes em frente ao mesmo, mas que conseguimos visitar no dia seguinte com sucesso.
Passamos tempo na piscina do condomínio, tambem.

Num outro dia fomos ao Aquário de Tampa, muito bacana, com espécies e apresentação diferentes daqui. Lá participamos de uma atividade estilo show de perguntas parecido com o que vemos em filmes. Foi bem divertido.



Quando fomos pra Orlando tivemos que sair cedo de manhã. Entregamos o apto onde estávamos ficando ja que passaríamos a noite em Orlando e na volta os amigos de minha irmã fizeram a gentileza de nos receber por uma noite em sua casa. 
Orlando fica a cerca de 1h30 de Tampa e no primeiro dia fomos ao Magic Kingdom da Disney.

Foi mágico. O parque é gigantesco e nós decidimos não seguir a dica de minha prima, que havia dito para nós alugarmos uma Scooter elétrica que eles oferecem no parque para minha tia. Foi uma decisão ruim, mas só descobririamos isso no fim do dia.

Nós levamos lanchinhos na mochila para tentar economizar um pouco já que a prioridade era ficar nos brinquedos. Apesar de ser muito divertido e muito emocionante estar lá, o Magic Kingdom ė um parque para crianças pequenas. Rebeca com 8 anos já tinha altura para ir em todos os brinquedos e eles não eram de muita intensidade. Pra ela que gosta de emoçõed fortes, foi bom, mas nada espetacular. O fato de estar no parque e vivenciar tudo aquilo acho que pesava mais. No entanto para crianças mais velhas acho que os brinquedos seriam meio sem graça. Esse sentimento veio também porque a primeira atração que fomos foi a Space Mountain que era a montanha russa mais intensa do parque, então tudo que veio depois ficou com gosto de "é, foi bom, mas não foi a Space Mountain".

No final da tarde o parque seria fechado e aberto apenas para o especial de Halloween. Apenas quem tinha ingresso para o especial poderia permanecer ou entrar no parque, os outros precisariam ir embora.

As filas para os brinquedos eram gigantescas na mesma proporção do parque. Estamos falando da menor espera ser de 40min e a maior de 2h! Isso porque não era a época mais cheia, estava até meio vazio. Quem nos deu esse parâmetro foi um primo meu que encontramos por lá e já foi outras vezes. No meio do dia eu já não aguentava ficar em pé de tanta dor nos pés. Rebeca também reclamava bastante, minha tia sofria mas tentava ser mais discreta.

A dor veio forte na hora de ir embora. Fomos embora na hora de fechar para o evento de Halloween. Nós e todas as outras pessoas do parque. E aí descobrimos que a fila de 2h também existia para pegar o transporte para ir embora.

De lá nos fomos jantar. Por pedido meu nós fomos a um restaurante indiano. A comida era deliciosa! Muito apimentada, mesmo nos termos pedido com o mínimo de pimenta possível, e com isso Rebeca não conseguiu comer nada.

Aliás essa foi uma situação que se repetiu algumas vezes. Rebeca comeu muito menos que seu normal em diversas ocasiões por diversos motivos. Além dessa vez no restaurante indiano, dias antes nós fomos em um resarestaur coreano na expectativa de comer sushi que Rebeca adora. Mas fomos pegas por diferenças culturais que desconhecíamos: no sushi coreano o wasabi, aquela pasta verde extra apimentada, não vem a parte para você colocar como quiser como nos restaurantes japoneses no Brasil, mas entre o peixe e o arroz. Rebeca descobriu isso dá pior forma, colocando o sushi todo na boca. A garçonete, muito atenciosa e prestativa, tomou a culpa para si dizendo que devia ter avisado e ofereceu uma porção extra de hot rolo sem wasabi por conta da casa para compensar.

No restaurante indiano pela primeira vez nos perguntaram se Rebeca tinha alguma alergia alimentar antes de escolhermos os pratos. Quando informamos que ela tem alergia a nozes eles nos indicaram quais pratos e molhos ela não deveria comer. E vendo a dificuldade dela com o alimento muito temperado, foram atenciosos e buscaram nos oferecer opçõee que ela poderia se dar melhor.

Depois do jantar fomos para o Hotel onde passaríamos a noite e nós encontramos com o amigo de minha irmã. Duas das meninas iriam passar o dia seguinte conosco no parque da Universal.

Mas essa parte eu continuo depois... :)

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Viajar é preciso, ter medo não é preciso...

Embarcamos.

Eu escolhi viajar de dia. Por algum motivo, acho que por uma associação a viagens de carro, eu me sentia mais segura se a viagem acontecesse de dia. Fomos pro aeroporto cedo de manhã, encontramos minha tia e fizemos nosso check in.

Não demoramos muito e adentramos a área de embarque. A partir daí eu já comecei a ficar um pouco melhor. Mas só um pouco.

Embarcamos, nos ajeitamos no lugar, arrumamos malas de mão no bagageiro. Rebeca estava muito animada, muito ansiosa e feliz. Logo quis mexer na tela de vidro de seu lugar, explorar as opcões de filmes e jogos e descobriu que tinha um programa que monitorava o vôo, mostrando onde aproximadamente no mapa estávamos e quanto tempo de viagem ainda restava. Pronto. A cada 15min ela parava o que estava fazendo e voltava a ver o programa numa clássica modernização de "já chegamos?".

A viagem toda. A cada 15 min. Foram 8h de viagem.

Eu tentei assistir algum filme, o máximo que ela permitiu. Minha tia também. Conversamos um pouco também, mas no mais eu lembro de me ocupar com a Rebeca e sua ansiedade em chegar. Acho que com a minha também.

Quando chegamos em Miami tive minha prova de fogo, meu último obstaculo: a imigração. Eu tinha medo de falar alguma besteira, ou mesmo não conseguir me comunicar de tão nervosa. Minha tia não falava muito inglês e a Rebeca ainda uma criança então essa primeira comunicação dependia totalmente da minha capacidade de me controlar.

Atendimento rápido, fila grande. Apenas algumas perguntas sobre quanto tempo iríamos ficar e onde e fomos liberadas.
Pronto. Estava feito. Consegui passar por meus medos. Estava pronta para aproveitar a viagem tão sonhada.

Encontramos minha irmã no desembarque. Rebeca correu para um abraço. Muita emoção. Ela estava de carro, já era noite e nós seguimos para o hotel onde ficaríamos aquela dia antes de seguir viagem em direção a Tampa.

As diferenças culturais já começaram a aparecer: lá tudo fecha relativamente cedo, então quando saímos para jantar perto do hotel, quase 21h, a única coisa que encontramos aberto foi uma lanchonete. Vazia. Lanches vieram errado, mas quem ligava a essa altura do campeonato?

Voltamos para o hotel e acabamos dormindo cedo. Teríamos horas de estrada no dia seguinte.

Nossa viagem estava apenas começando...


Foram 6 horas de carro até Tampa. Tomamos café no hotel. Nada parecido com os cafés da manhã de hotéis no Brasil, muito mais simples. Leite, café, iogurte, bagel, cereal, geleias, um suco, era isso.

Saímos cedo para tentar aproveitar o dia.
Andar de carro foi algo que fizemos bastante nessa viagem.

Era Outubro e estava muito calor. Aquele calor úmido de cidades praianas. O sol forte, queimando. E todo lugar que íamos, do carro as lojas, ao hotel, ao apto que ficamos em Tampa, tudo com ar condicionado. Se não me engano todos regulados a 20°C. Do lado de fora o sol há fáceis 35°C. Era um choque de temperatura atrás do outro.

A viagem de carro para Tampa foi muito agradavel. Conversamos, ouvimos música, falamos sobre o que iríamos fazer nos próximos dias. Almoçamos num restaurante mexicano no caminho. Fast food também, mas delicioso. Porções enormes de comida, refil a vontade de bebidas.

Estrada quase que uma reta só. Os vidros fechados do ar condicionado disfarçam a velocidade que lá é medida em milhas.

Chegamos em Tampa. Automaticamente me senti dentro de um filme americano. Essa sensação me acompanhou por dias, de estar vivendo um filme.

As casas com seus grandes jardins na frente. A cerca branca. As ruas tranquila se limpas. Ou quase. Alguns lugares ainda alagados e um pouco de entulho acusavam que por ali passará um furacão a apenas 2 semanas...

Esquilos.

Ficamos em um apto numa área residencial da cidade. Grande, confortavel, 2 quartos, piscina no condomínio. Banheira. Todas as casas lá tem banheira, me lembrou minha irmã.

Descansamos um pouco e decidimos fazer compras para a semana. No final do dia receberiamos a visita dos amigos de minha irmã e suas filhas.

Antes de entrar no Mercado minha irmã avisa que estamos num país consumista e que temos que controlar nossos impulsos.

É época de Halloween. Na entrada da loja tem uma barraca com abóboras enormes. Minha irmã se empolga e decide comprar a abóbora.

Fomos fazer compras várias vezes durante a viagem. Compras de comida, de roupas... As lojas gigantescas, maior do que qualquer loja que eu já vi no Brasil. E tudo muito barato (Se você ganha em dólar)! Era muito fácil se empolgar comprando coisas. Muito facil mesmo.

Terminamos nossa primeira noite em Tampa recebendo os amigos de minha irmã para uma taça de sorvete. Muito simpáticos, nos deram boas vindas e nos fizeram sentir a vontade.

Rebeca conheceu as meninas e elas logo se deram bem. Ok, rolou aquela vergonha de quando conhecemos pessoas novas, mas dentro do esperado, conseguimos nos entender.

Agora era acertar a programação e aproveitar.

Seriam 10 dias muito intensos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Sobre a viagem que transforma...

2017 pra mim foi um ano que teve 3 anos dentro do mesmo ano. Isso aconteceu por causa do efeito que uma viagem que fiz com a Rebeca em Outubro, mas que começou a ser preparada em abril daquele ano.

Em Abril do ano passado eu e Rebeca ganhamos de presente de vários membros da família uma viagem para visitar minha irmã que mora nos EUA.

Foi uma iniciativa da minha irmã, que queria muito que nós fossemos para lá vê-la ao invés de só ela vir para o Brasil.
Eu relutei bastante em aceitar o presente, por medo principalmente, por insegurança, por não me sentir a vontade ganhando um presente tão caro, e tudo o mais. Minha irmã precisou desconstruir cada um dos meus motivos para me convencer.

O que mais pesou para aceitar a proposta de viajar para outro país foi como isso poderia ser importante na vida da Rebeca. Como essa experiência poderia ser rica, dando a ela a vivência em outro país, falar outra língua, conhecer pessoas com uma cultura diferente. E como eu não sabia se teria a oportunidade de oferecer essa vivência a ela tão cedo.

Quando minha irmã tentava me convencer esbarramos logo de cara num medo que eu mesma não sabia que existia. Eu estava com medo de voar de avião. Tinha medo de um desastre, medo que o avião caísse, medo que eu e a  Rebeca pudessemos morrer.
E era um medo enorme, paralisante, irracional.
Estava com medo de viajar sozinha com ela para um país estrangeiro, medo que se nós nos separassemos por alguns segundos eu poderia perde-la pra sempre.
Medo com as novas políticas migratorias, que nos barrassem de entrar no país, que me separassem da minha filha.

Foi aí que mais pessoas da família entraram na história e vieram ao meu socorro.

Começou por minha tia. Conversamos com ela e contamos o caso da viagem e como eu não queria ir pois estava com esses medos, tudo isso numa festa da familia. Minha tia, uma senhora de 75 anos mas com um espírito aventureiro de dar inveja, se ofereceu para ir comigo. Ela planejava fazer uma viagem aquele ano e ainda não tinha decidido para onde e ela nunca havia ido para os EUA. Ofereceu então para unir a vontade dela de conhecer outro lugar e me ajudar, e a minha irmã, a fazer a viagem.

Isso mudou tudo. E eu não poderia ser mais grata.

Eu continuei com medo. Acreditem, esse medo todo só passou na hora que já estávamos em solo americano, mas ter esse apoio, e ganhar força para oferecer essa chance a Rebeca foi essencial.

A primeira coisa que precisamos fazer foi tirar passaporte e vistos. O passaporte foi fácil. O visto no fim também, mas teve todo o estresse do medo do visto ser negado.

Decidimos tirar o visto todos juntos, minha tia, meus pais, eu e Rebeca.

O processo para tirar o visto começa com um formulário online que você responde com seus dados, os dados dos seus contatos no país, e um questionário para avaliar sua candidatura. Você responde o questionário, envia, e paga a taxa de avaliação do mesmo. Após o pagamento da taxa você agenda a entrevista no consulado, momento onde você poderá ter o seu pedido aceito ou não.
Antes da entrevista você tem que se apresentar num posto do consulado americano para checagem dos documentos, fotos e digitais.

Somos o tempo todo inundados com notícias ruins. Como se apenas as coisas negativas merecessem chegar ao noticiario. Então eu estava apavorada já pra passar por esse processo. Um misto de muito medo da solicitação não ser aceita, e uma esperança de que isso realmente acontecesse e eu não precisasse fazer a viagem (aí não ia ser culpa minha!).

Mas correu tudo bem, recebemos nosso direito de visitar os EUA.

Nessa parte, desde que estávamos completando o formulário, recebemos ajuda dos meus primos, filhos da minha tia, que se engajaram para que a viagem fosse um sucesso. Meu primo, que tem uma agência de viagens, nos auxiliou no processo para tirar os vistos e passagens e seguro viagem e minha prima nos ajudou com estadia, compras, dicas, etc

Minha irmã ficou responsável por organizar a viagem, minha passagem e da Rebeca, estadia, programação...

Decidimos que, apesar de minha irmã morar em Washington, essa primeira viagem seria mais interessante para a Rebeca se nós fossemos para a Flórida, onde moram amigos dela com filhas da idade da Rebeca. Faríamos a viagem toda voltada para ela. Seria seu presente de aniversário. Iríamos em Outubro.

Nossa programação então incluía conhecer a Disney e a Universal em Orlando, e conhecer outros pontos turísticos na cidade de Tampa, onde os amigos dela moram. Acreditávamos que a vivência da Rebeca com outras crianças seria mais proveitosa para ela explorar outra lingua. Crianças tem um jeito próprio de se comunicar e se sentem mais a vontade umas com as outras, e apostavamos nisso.

Deu muito certo.

Rebeca já faz inglês na escola, tendo uma fluência muito boa, mas ate a viagem ela tinha muita vergonha de falar em inglês, mesmo entendendo bastante quando falamos com ela. E a viagem serviu para se soltar e se sentir mais segura. Foi realmente uma oportunidade incrível.

Eu também pude me sentir mais confortável com minha fluencia. Apesar de ter sido professora de inglês e já ter convivido com pessoas nativas dessa língua antes eu não tinha tido a chance de viajar para um país de língua inglesa. Estar la e ser capaz de me comunicar confortavelmente foi ótimo.

Mas entre a compra das passagens e tirar o visto em junho e a viagem em outubro eu tive a pior crise de ansiedade da minha vida.

Eu não conseguia pensar em outra coisa. O medo me consumia. Não conseguia me alimentar direito, vivia a base de miojo com muito queijo ralado. Minha imunidade foi pro beleléu e eu fiquei doente o tempo todo.
Um mês antes de viajar eu peguei uma infecção de garganta fortissima, fiquei sem voz, febre, dor, e isso só passou uma semana antes da viagem.

Rebeca não passou despercebida por tudo isso. Por mais que eu tenha tentado protegê-la, no último mês ela acabou ficando doente também.

Quando chegou o grande dia, uma semana depois do aniversário dela, já estávamos bem, ansiosas e animadas. Quando o avião decolou fui sentindo o medo deixar e ficar a animação.
Quando finalmente chegamos em Miami, passamos pela imigração e encontramos minha irmã, toda a preocupação ficou pra trás e estávamos prontas, eu, Rebeca e minha tia, para aproveitar aqueles dias de descobertas...

Continua... ;)

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sobre aquilo que podemos controlar e aquilo que não podemos...

Nesse tempo que fiquei sem escrever e nesse processo de voltar com o blog minha vida teve diversos altos e baixos. No momento estou num momento de baixa, mas lidar com tudo isso ha tanto tempo quanto eu me dá a maturidade de entender que mesmo depois de uma crise desespero num domingo, vem o dia seguinte, e o depois, e isso passa.

Tudo sempre passa. Sejam os momentos bons ou ruins. Tudo passa. E isso é bom.

Ano passado eu tive a oportunidade de fazer uma viagem internacional com a Rebeca e isso foi algo que determinou todo o meu ano. Pra mim foi como se o ano de 2017 tivesse valido por 3 anos diferentes, dividido em 3 fases: pré viagem, viagem (incluído o tempo de preparação) e pós viagem.

Mas eu vou voltar a esse tópico em um post, talvez mais de um, exclusivo para ele.

Hoje quero falar um pouco mais sobre o momento atual. O imediato. Porque simplesmente as vezes precisamos falar a respeito das coisas para ter espaço para respirar, sabem?

Como disse estou num momento de baixa. Estamos lidando desde o começo do ano com uma série de complicações envolvendo a saúde da minha mãe e isso tem mexido muito comigo. Por mais que hoje, exatamente hoje, ela esteja melhor, ela esta em tratamento e se esforçando para ficar bem. E como é de se esperar, ela tem dias melhores, como hoje, e dias não tão bons assim.

Não vou entrar em mais detalhes, mas o que quero ressaltar é que isso é algo que esta totalmente fora do meu controle. Por mais que eu esteja disposta a ajudar e fazer o melhor que puder, a saúde da minha mãe não é algo que eu possa controlar, exatamente pelo fato de se tratar de uma pessoa capaz, senhora de suas próprias decisões, que faz suas escolhas independente da minha vontade. No máximo ela pode ou não ouvir meus conselhos, mas a decisão final é sempre dela sobre que rumos tomar.

E o mais óbvio é que ninguém sabe exatamente em que momento vai ficar doente.

Por mais que possamos cuidar da saúde, comer de forma saudável, fazer exercícios, fazer terapia, ter vida social, não cometer excessos, não usar drogas, não beber, não fumar, etc etc etc a verdade é que fazendo ou não isso, você pode até saber que pode ficar doente, ter mais ou menos chances, mas não vai saber o momento exato que isso vai acontecer.

Tudo isso para dizer que conviver com minha mãe nesse momento, morando na mesma casa e tudo, tem me feito reviver diversos momentos da minha vida, da minha infância e adolescência. E isso tem sido extremamente difícil. E é o que me colocou nessa baixa.


Eu não escolhi ser bipolar. Eu não sabia que seria, e mesmo que naquela época se tivesse conhecimento suficiente, coisa que não tinham, pra dizer que as chances de ter TBH eram grandes, nós não tínhamos como prever quando exatamente isso iria se manifestar.

Como eu já contei AQUI antes, minha primeira grande crise foi quando eu tinha 13 anos de idade. Hoje eu olho pra trás e vejo que dei outros indícios antes disso, mas a crise mesmo, que chocou, que me derrubou, que fez com que fossemos procurar ajuda e eu recebesse um diagnóstico pela primeira vez, foi aos 13 anos.

Muita coisa rolou entre esse momento e eu de fato iniciar um tratamento que eu mantenho até hoje, isso já aos 21 anos, lá pelo ano de 2003.

Mas se por um lado eu não escolhi ter Transtorno Bipolar de Humor, a escolha que eu pude fazer e que mudou a minha vida foi de iniciar, seguir e não abandonar o tratamento. Isso eu pude fazer. Essa escolha cabia a mim.

E uma das coisas que manter essa decisão me proporcionou foi o direito de fazer uma outra escolha ainda mais importante, a de ser mãe. Na verdade, foi meio que ao contrário... Foi quando eu descobri o quanto eu desejava com todo meu coração ser mãe, que eu entendi que para isso eu precisava tomar a decisão, e manter sempre a escolha de fazer o tratamento pra TBH.

Já contei essa parte da história AQUI também.


O momento que eu estou hoje, sentindo meu passado voltar e por vezes me dominar como ondas de um mar revolto batendo contra as pedras na praia, tem tornado difícil enxergar o que eu sou capaz de fazer. O que é escolha minha e o que não é. O que eu posso controlar e o que não posso.

Eu aprendi com o filme do Superman (sim, eu disse isso mesmo) é que quando o mundo parecer muito grande e assustador, o que podemos fazer é torná-lo menor.

E tenho visto isso em diversas outras situações, de diversas fonts diferentes, mas a ideia é sempre a mesma: se concentre nas pequenas coisas.

Arrume a cama. Tome banho. Penteie o cabelo. Coma 3 vezes por dia.

Pague as contas.

Assista um filme.

Abrace.

Fale com alguém.

Mantenha a rotina.

Desenvolva um pequeno projeto de curto prazo. Pode ser um post no blog, planejar uma festa de aniversário, uma reunião com os amigos para fazerem sua mudança. Um almoço mais elaborado.

Coisas que você pode controlar.

E deixe que isso preencha os espaços no lugar do que está fora do seu controle. Deixe o tempo te devolver o ar e a energia que você precisa para ficar bem.

Isso pode significar a energia necessária para pedir a ajuda de alguém.
Ligar para um amigo.
Marcar hora no médico ou no terapeuta.
Visitar a família.
Conseguir dizer para seu companheirx o que você realmente está sentindo.
Ficar com seus filhos e simplesmente ouvir o que eles tem a dizer.


Eu sei de tudo isso. E a outra coisa que sei é que preciso disso tudo para ficar bem.

Não posso ajudar enquanto eu não ficar bem também.

Então preciso deixar meu mundo menor.

Hoje eu vim escrever no Blog...

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Mais sobre o que aprendi com ela

A cada aula eu vejo ela se dedicar e vejo seus avanços.

As vezes e difícil acordar cedo, ainda mais no frio onde a cama quentinha e mais convidativa. Cabe a mim, muitas vezes, insistir no levantar e se arrumar. O cafe da manhã engolido no meio dos bocejos, o desenho da TV fazendo barulho enquanto não despertamos totalmente...

Então quando ela chega na aula tudo muda.
Ela se anima rápido, vê as amigas, fica aflita se chega atrasada ou se chega cedo e nenhuma das colegas ainda está lá.

No começo as dificuldades eram maiores. A vergonha de se enturmar, de chamar alguém para fazer dupla nos exercícios, os movimentos tão desejados e desconhecidos que exigem muito mais do que a imaginação mostrava... E vieram as quedas, os momentos de insegurança, as lagrimas. Mas veio também o acolhimento pelo grupo, as conversas, o ser aceito. Vieram as aulas uma atrás da outra e nelas a possibilidade de ver que o esforço era recompensado e que os movimentos ficavam mais fáceis e mais leves.

E juntas aprendemos a não desistir nas primeiras dificuldades. Aprendemos a ter persistencia, a valorizar cada passo, a nos levantar depois de cair, aprendemos que cair faz parte da jornada, e aprendemos a valorizar o caminho. Ela aprendeu que mesmo as coisas que gostamos exigem esforço e que isso não é algo ruim. Aprendeu a associar o esforço a algo bom, a conquista. Aprendeu a associar a mexer o corpo a algo que trás prazer e alegria. E que cansa sim, e isso também é bom.

E eu aprendo tudo isso com ela.

Todo dia.