De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

domingo, 1 de novembro de 2020

11 anos de Mãe Bipolar e Filha Jacaré

 Hoje faz exatamente 11 anos que comecei o Blog!

Podemos remontar tanta coisa de lá para cá, tanto crescimento, tanto aprendizado.


Como ser mãe da Rebeca mudou tudo na minha vida.

E como quem ela é hoje aos 11 anos me permite mais uma vez mudar tudo e transformar meu mundo de ponta cabeça.


Eu estou hoje lutando pra sair de uma crise. Faz parte da vida bipolar: você não sabe quando e por quanto tempo mas sabe que ela vira: a crise. Uma crise depressiva, uma hipomania, uma mania, uma crise mista... E a certeza que podemos ter quando qualquer uma delas se instala, por sorte, também é a mesma: da mesma forma que ela vem ela eventualmente irá embora.


Nossa vida é cíclica.


Vivi esse último ano inteiro no que pode ser considerado uma crise de hipomania. Será?

Honestamente não tenho certeza.

Mas foi um ano diferente de todos os últimos, não sei, 10 anos?

Talvez por finalmente sentir a segurança e a liberdade depois de todo esse tempo para agir e ser eu mesma, aos poucos, semana após semana, eu fui mudando, me reconectando a partes de mim que estavam escondidas há anos, que pensei que estivessem perdidas.

Esse último ano foi um ano de mudanças intensas, de reconectar, de reencontrar, de amadurecer. De redescobrir uma face de mim: a minha.

Eu me dediquei por 10 anos totalmente a ser mãe da Rebeca. Era o que eu sentia que devia fazer.

Nesse último ano Rebeca mudou muito. Ela deixou de ser uma criança indefesa e está se tornando uma pré adolescente que busca sua independência, que se sente mais segura para não precisar mais de mim na mesma intensidade. 

E isso me deu liberdade para que eu pudesse ser eu mesma novamente. Para que eu pudesse olhar para o mundo e redescobrir o que eu gosto. As coisas que eu quero. Me fez perguntar quem eu era, quem eu quero ser hoje.

Tem sido uma jornada incrível e vocês a acompanharam esses anos todos por aqui.

E eu tento como posso trazer um pouco desse novo momento também. Porque chega uma hora na vida de toda mãe que seus filhos começam a andar sozinhos e você precisa descobrir o que fazer com as mãos novamente.

A coisa mais importante que eu recuperei esse ano, de 2020 mesmo, no meio de uma pandemia, foi escrever.

Em algum momento em que tentávamos ver como viver e sobreviver a essa pandemia, não poder sair de casa, não ter outra saída a não ser buscar algo criativo para fazer, me libertou.

Numa combinação de ideias, amizade, liberdade, oportunidade, eu reencontrei a única coisa que eu sempre sonhei além da maternidade: a escrita.

Hoje é o que eu faço. Hoje faz parte da minha rotina como não fazia desde a adolescência. Hoje é meu trabalho. Hoje escrever tem sido um sonho que se torna realidade.

Mas eu disse que estou lutando com uma crise. E estou.

No último mês essa que parecia uma crise de hipomania degringolou para uma mania completa e eu fui aos poucos perdendo contato com a realidade.

Precisei dar 2 passos pra trás. Voltar 6 casas no tabuleiro.

E eu senti muito medo que a única forma de recuperar meu equilíbrio seria abrir mão do meu sonho mais uma vez.


Eu tenho pessoa que me amam do meu lado dizendo que eu não preciso fazer isso. Que eu não preciso abrir mão de nada. Que talvez isso signifique que, passada a crise mais forte, nós tenhamos que lidar com uma certa instabilidade. E que tudo bem.

Mas que eu não preciso perder quem eu estou descobrindo ser hoje, nem o que eu quero, ou meus sonhos, para alcançar meu equilíbrio. Porque eu preciso ver o que eles já vêem: o ponto de equilíbrio mudou.


Hoje faz 11 anos que comecei o Blog.


O ponto do equilíbrio mudou.


Você vem comigo descobrir esse novo mundo que se abre?