De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Sobre dizer adeus...

Meu sogro faleceu no mês passado.

Eu ainda estou tentando lidar com essa informação.

Não sei se posso dizer que foi repentino. A saúde dele vinha se deteriorando nos últimos 2 anos. Antes disso, bem antes, ele já convivia com a Diabete e com a hipertensão.

Acho que por serem doenças controláveis hoje em dia nós já não as vemos com a gravidade que merecem.

Ele fazia o tratamento com medicamentos e desde o ano passado tomava injeções de insulina diariamente.


Quando ele completou 60 anos nós tivemos uma conversa onde ele me disse que sentia que já tinha feito sua parte na vida: fez sua família, trabalhou, criou seus filhos, comprou sua casa. Viveu, fez besteira e cometeu erros. A partir dali, dizia ele, cada ano vivido era lucro.

Esse ano ele faleceu aos 72 anos.
Fumava muito.
Reclamava de tudo e brigava com todos. Não tinha controle emocional e falava coisas que não queria e talvez se arrependesse depois. Era uma pessoa difícil de conviver. Chegou a apanhar na rua uns 2 anos atrás por xingar um motorista desconhecido.

Mas eu e ele tínhamos essa relação boa. Não nos víamos com tanta frequência mesmo morando perto, mas sempre que nos encontramos o que tive e retribui foi carinho, preocupação e cuidado.

Tive a oportunidade de dar a ele algumas alegrias e organizar suas festas de aniversário nos últimos anos. Seu aniversário era no dia 26 de Dezembro e depois que a família cresceu muito e juntar os filhos, netos e bisnetos no fim do ano se tornava cada vez mais difícil, tentei tornar o aniversário dele nossa reunião oficial. Acredito que tive sucesso e que ele ficava grato por isso.

O último Natal ele e minha sogra passaram conosco. Independente de divergências e diferenças focamos no que nos unia e tivemos uma noite alegre e agradável.
Combinamos de repetir no fim desse ano.

O levei para ver a Rebeca se apresentar. Ensinei a ela a respeitar e entender o avô tão diferente do que ela estava acostumada. Ele ensinou ela a fazer cuscuz e por várias vezes elogiou sua educação.

Nós mudamos de casa na semana passada e todo o trabalho de preparar e fazer a mudança me mantiveram ocupada pelas semanas que se seguiram ao seu falecimento e sinto que não me permiti sentir de verdade a perda.

Com os ânimos mais calmos e a mudança já quase finalizada, muitas noites de sono depois, me vejo sentindo saudade. Lembrando de pequenos momentos, cenas, as vezes nada que parecesse especial quando aconteceu é que agora me voltam a mente em momentos aleatórios.

Sinto saudade e parece que começo a entender que agora só poderei matar parte dessa falta olhando as fotos e conversando sobre o passado.

De repente virou passado.
Deixou de ser presente para virar lembrança.

E tudo que posso fazer é me esforçar para dizer adeus...