De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sobre traumas de infância e como eles ainda me afetam

Vou falar hoje de um assunto muito dificil pra mim, pra minha família, mas que definiu muito do que eu quis pra mim e afeta ainda hoje as minhas decisões como mãe.

Minha mãe sofre de síndrome do pânico E isso foi um divisor de aguas na nossa vida.

A primeira crise dela eu ainda era bem pequena, não tinha muito mais que sete anos de idade, se chegava a isso. Eu acordei assustada, ouvindo minha mãe gritar que ia morrer. Foi apavorante. Eu ja sabia o que era a morte e a ideia me deixou petrificada. Não lembro como a situação naquele dia se resolveu. Sei, por que minha mãe conta, que meu pai a levou ao hospital.

Dai em diante foram anos de crises e tratamentos diversos, terapia, remédios, e muita, mas muita briga. Minha mãe, coitada, sofreu muito antes de acertar o médico e os remédios que de fato a ajudaram. Fez muita terapia pra aceitar sua condição e os efeitos que tudo isso estava tendo em casa.

Hoje em dia eu sop sei que fui assunto pra muitas e muitas sessões. Fui por que eu e minha mãe passamos, quase todos esses anos, brigando. Brigas feias. Quando eu era pequena eu não entendia o que ela tinha, então brigava por não ver sentido nas coisas que ela fazia ou deixava de fazer. Conforme fui crescendo, por mais que entendesse racionalmente, não aceitava a forma dela agir.

Viramos oleo e agua, eu e ela. E chato de admitir, mas ainda somos.

Depois que eu tive as minhas crises nós conseguimos nos entender melhor. Mas por mais que o relacionamento tenha melhorado, ele nunca chegou a ficar bom de verdade.

Minto

Eu e minha mãe nos demos muitissimo bem quando não estávamos morando juntas..

Voltando a minha infancia, é dificil admitir pra mim o quanto as atitudes dela, a froma como ela agia durante as crises, a agressividade e todas essas coisas, me afetaram permanentemente. Era um assunto constante, conforme os anos iam seguindo, a culpa que ela sentia e que ela não queria que eu dissesse isso, que a culpa de X ou Y era dela.

Eu não acho que ela tenha culpa por como agiu. Da mesma forma que eu não posso me responsabilizar por muita coisa que fiz quando estava no meio de uma crise. Mesmo que eu lembre o que eu disse, no momento da crise eu estava sem controle. E hoje, exatamente por passar pela mesma coisa, eu sei que pra ela tambem era assim. Mas não posso negar que essas coisas me marcaram fundo.

Durante todos esses anos eu tive uma certeza do que eu Não queria: eu não queria ficar como a minha mãe.

Sempre quis ter filhos, e essa certeza se somou a isso também: não vou fazer meus filhos passarem pelo que eu passei.

Nas horas que penso nisso, acredito que foi bom a minha doença se manifestar tão antes dos meus filhos nascerem. Eu tive a oportunidade de melhorar e me estabilizar antes. E acredito que é minha responsabilidade, meu dever para com eles, não abrir mão dessa estabilidade. Por isso levo o tratamento a sério, e mantenho um remedio que me garante essa estabilidade apesar do seu altissimo custo, financeiro e emocional.

E no fim de semana retrasado eu passei por uma cena que eu até agora ainda não consegui definir dentro de mim como reagir.

Minha mãe não anda bem, esta deprimida e com dificuldade de reagir. Mas mesmo assim, ela se comprometeu a ir no almoço de familia onde veria suas primas que não via a mais de 8 anos, e foi. Desde antes de sair de casa era visivel seu sofrimento. MAs ela insistiu, como aprendeu que deveria fazer. Chorou muito durante o caminho, qualquer palavra que lhe parecesse mais dura a fazia cair em prantos.

No final do caminho até o almoço, 3 horas de viagem depois e apenas 1 parada pra ela fumar um cigarro, nós nos perdemos. Foi rapido, logo nos achamos e pudemos voltar ao caminho. Mas foi a gota dagua pra ela se descontrolar e gritar, brigando com meu pai que estava dirigindo. Ele gritou de volta, mais para fazer ela parar de gritar pelo susto. Mas nenhum deles lembrou de um pequeno detalhe: Rebeca no banco de trás do carro.

Rebeca tem se mostrado uma criança muito sensível. Ja mais de uma vez ela assistiu algo mais triste na tv ou ouviu uma musica com a melodia lenta e triste tambem e caiu no choro. Um choro sentido, de quem foi de fato afetada pelo que ouviu e viu.

E foi exatamente isso que aconteceu. Na hora que aconteceu eu automaticamente me virei pra ela, sentada ao seu lado no banco de trás, ela na cadeirinha. Mas assim que eu comcei a falar ela ja abriu a boca, chorando, triste e assustada, sem entender o que tinha acontecido.

A minha reação foi manter a calma e ir calmamente conversando com ela, ignorando tudo mais que estava acontecendo ao redor (minha mãe chorando ainda mais, se sentindo mal pelo que fez a pequena) e explicar o que tinha acontecido, que as pessoas as vezes se sentem mal e perdem a calma, e brigam, mas que isso é normal e que tudo ficaria bem.

Mas dentro de mim minha vontade era de pegar Rebeca no colo e fugir dali. Era gritar junto, brigando por fazerem minha filha vivenciar aquela cena. Por que eu faço o maximo dos esforços pra evitar que o meu problema, a minha doença, a afete. E o minimo que eles poderiam fazer era o mesmo. E que se isso não era possivel, se eu não posso controlar o que os outros vão fazer e como vão agir, eu posso controlar o meu lado, e mante-la longe disso tudo. Longe do que a fez chorar

Longe do que me faz chorar e me da medo até hoje.

Foi um momento de projeção altissimo.

Eu sei que a atitude que eu tomei na hora, mantendo a calma, foi a mais certa possível. Sei que em meio ao caos eu fui a voz que a fez se sentir melhor e a acalmou. E fico feliz por ter conseguido agir assim.

Mas a verdade do nosso dia a dia é outra. E eu fico no limite entre o sociavel e entrar em pequenas discussões idiotas o tempo todo.

E se antes desse dia minha relação com minha mãe não era das melhores, sempre uma alfinetando a outra por nada, agora esta dificil de ficar no mesmo comodo. E eu simplesmente não consigo mais evitar. Ela, e meu pai tambe, chegam perto de mim quando a Rebeca esta do lado e eu começo a rosnar e a trata-los de uma forma que, eu até sei, eles não merecem.

Na semana passada fui a psiquiatra. Falei como venho me sentindo mal, meio deprimida. Relatei os varios fatores que ao longo das semanas fizeram diferença no meu sono e no meu humor. E falei dessa situação em casa com meus pais, em especial com minha mãe, e contei essa cena. Quando fiz isso a médica fez até aquela cara de "Ah, ta explicado!" E aumentou meu remédio, por alguns dias, e me pediu paciencia. E torceu pra que meus planos de me mudar dêem certo.

Por que nada mexe mais com meu humor do que minha familia. Por que eu simplesmente não consigo deixar de reagir quando estou perto deles. E não é reagir ao presente, É de reagir ao passado, constantemente, como uma forma de me proteger.

E tudo o que eu quero é que a gente volte a se dar bem, como ficamos bem quando morávamos separados. Quero dar a eles a chance de serem os avós legais que são e a Beca merece ter.

Então, ajudem ai e assoprem essas lembranças ruins pra longe e torçam muito pros planos aqui darem certo. Por que vai fazer muita gente bem mais feliz...

2 comentários:

  1. Oi! através de outro blog vim conhecer o seu e só gostaria de dizer que síndrome do panico é uma doença triste, nem preciso falar pq vc já sabe, vive isso na tua família, mas se vc crer no Senhor Jesus e buscá-lo de coração, Ele pode mudar tua história e da sua mãe também. Deus nos fez para sermos felizes, Jesus quando morreu na cruz levou consigo todas nossas enfermidades! Remédios e médicos são sim necessários, mas nós somos filhos de Deus e vou fazer uma comparação simples e me perdoe até se estou falando o que não devo, quando vc compra uma geladeira ou uma tv nova e ela dá um defeito, imediatamente vc vai no fabricante ou na assistência técnica para reclamar e resolver o problema e assim deve ser conosco, Deus é nosso Pai, aquele que nos fez e algumas coisas somente a mão Dele pode tocar e consertar.
    Desculpe qualquer coisa, vc deve estar me achando doida, afinal, não nos conhecemos, mas que Deus abençoe sua vida, sua família e sua filha. Renata

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  2. Di é dificil comentar estas coisas... pq só vc sabe o q vc passou e passa... realmente a gente fica numa situação dificil... todos nós temos nossos traumas, vc pode ter certeza... o q fazemos com eles é q faz a diferença... talvez vc precise perdoar o passado... para se libertar no presente... eu penso q não dá para mudar nossos pais (ainda mais na idade em q estão) mas podemos explicar a eles e exigir q não façam determinadas coisas... sua médica tem razão, tenha paciencia... espera td isso passar... pq tenho certeza q vcs ficarão bem novamente... não deixe que ninguém saia da sua presença sem uma palavra de amor... a gente nunca sabe qd vai ver esta pessoa novamente...
    Bjs

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P