E achei que valia a pena falar um pouco sobre isso. E com “sobre
isso” eu quero dizer com como pequenos sintomas relacionados à bipolaridade
podem aparecer sem a gente perceber em momentos de vulnerabilidade e irem
crescendo.
Vou começar dizendo que eu praticamente nunca fico doente.
Eu não lembro a ultima vez que tive febre, tosse deixou de ser um problema na
minha vida quando parei de fumar após o nascimento da Rebeca (alias, eu preciso
fazer um post sobre isso com 7 anos de atraso né?) e fico resfriada 1 vez por ano.
Então, considerando isso, essa gripe que estou agora me
pegou de um jeito que eu não estava esperando. Eu havia acabado de sair do meu
resfriado anual, meio forte, e já achava que tinha deixado isso pra trás,
quando um descuido bobo – dormir com o ventilador ligado e voltado pra cima de
mim numa noite que esfriou bem mais do que eu estava obviamente esperando –
possibilitou que essa gripe viesse e se alojasse com mala e cuia.
Quero dizer que pela primeira vez na vida estou sem convenio
médico, e que apesar do atendimento na UPA perto de casa não ser aquele caos
digno de televisão, todo mundo sabe que tem que sentar e esperar horas a fio
pra ter um atendimento.
E toda mãe sabe que você não leva, e portanto também não
vai, no PS por qualquer gripe pra na correr o risco de pegar uma bactéria mais
forte por exposição.
Então eu não fui no médico. E to lutando pra me tratar em casa sem ir ao médico
até agora.
Mas a tosse foi ficando cada vez pior, a sensação de
fraqueza aumentando, a dor de cabeça, as tonturas, e nada de melhorar...
E com tudo isso, eu não consigo dormir direito. Vocês ai todos sabem bem como
é, você tosse metade da noite ao invés de dormir, e quando dorme ta tão mal
posicionado pra ficar com a cabeça alta que acorda mais cansado do que quando
foi deitar.
Essa é a parte igual pra todo mundo.
O que eu acho que não é igual são os motivos que levam as
pessoas a fazerem ou deixar de fazer certas coisas.
No segundo dia meu marido já estava me indicando a tomar um
remédio pra soltar toda a secreção que claramente se alojava no meu nariz e
garganta. No terceiro dia meu pai disse a mesma coisa. E eu negando, dizendo
que era só uma gripe, que só precisava de um antigripal e que logo ia passar.
O que eu falava meio escondido é que eu não queria tomar o
remédio com medo que a secreção descesse para o pulmão e eu ficasse com uma
pneumonia num momento que estou sem convênio medico.
Não que existisse uma única possibilidade disso acontecer.
Mas eu imaginava que sim com tanta força que não aceitava tomar o remédio.
E isso foi ficando pior a cada dia que eu dormia mal e
pouco.
Depois de na ultima quinta feira eu ter uma crise de tosse que durou 1h inteira
enquando eu tentava colocar a Rebeca pra dormir, e com isso assustar a todos eles-
meu pai, meu marido e minha filha – meu pai sugeriu que eu passasse Vick
Vaporub nos pés para acalmar a tosse e conseguir dormir.
Não tive coragem.
Alias ainda não tenho.
Mas naquele dia meu raciocínio era de que eu estava a 10
dias tomando um antigripal que tem como efeito colateral de seu principio ativo
afinar o sangue. O Vick Vaporub iria dilatar os vasos sanguíneos. E nos cálculos
mentais essa soma não me parecia algo seguro de se fazer e eu não tive coragem.
Adicional a isso eu tinha medo de, como a Rebeca estava
dormindo comigo, ela respirasse o vapor do remédio e tivesse alguma reação estranha
visto que nunca usei esse remédio nela e não sei se elea tem sensibilidade ao
mesmo.
Agora somem a isso que leram o sentimento de medo
desproporcional, e impotência por não conseguir agir, e cansaço e desespero.
Na sexta eu cedi, tentei passar o tal remédio nos pés, e
tive uma crise desencadeada por isso que me manteve semi-acordada a noite toda
com medo.
Medo de morrer.
Medo de morrer.
Sério, nesse nível.
Daí a partir de sábado, ciente que esses medos eram na verdade sintomas que
estavam se agravando, não da gripe, mas da minha ansiedade e bipolaridade,
consegui ser mais racional e seguir o tratamento que eu estava evitando fazia
10 dias por causa deles.
Comecei a tomar o remédio para diluir a secreção, parei com
o antigripal ficando apenas com o analgésico para aliviar os sintomas, e
descansei o fim de semana todo, de molho no sofá.
E estou finalmente conseguindo dormir melhor, respirar, e ter um pouco mais de voz de novo. Me sinto melhor, mais bem disposta, e sem duvida mais calma.
E estou finalmente conseguindo dormir melhor, respirar, e ter um pouco mais de voz de novo. Me sinto melhor, mais bem disposta, e sem duvida mais calma.
Mas o medo ainda não passou.
E a depressão ta forte como um retorno do stress, tensão, e
problemas reais que não deixaram de existir.
Mas eu estou finalmente melhorando da gripe e tendo uma
perspectiva de ficar boa logo.
E foi essencial saber que todo o medo, o nervoso, e as coisas que estava imaginando eram criações da minha cabeça alimentadas por noites mal dormidas e um quadro de ansiedade.
E esses sintomas, como todo o resto, também vão passar com o tratamento adequado.
E foi essencial saber que todo o medo, o nervoso, e as coisas que estava imaginando eram criações da minha cabeça alimentadas por noites mal dormidas e um quadro de ansiedade.
E esses sintomas, como todo o resto, também vão passar com o tratamento adequado.
Olá Di,
ResponderExcluirTudo bom para ti e as melhoras.
Beijinhos ;)