De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Em crise

Não to bem. Penso em N fatores que podem ter contribuido pra isso mas a verdade é que na maioria das vezes ser Bipolar é uma porcaria.

Não aconteceu nada de novo nem extraordinario para que eu ficasse mal. Deprimida. Mas exatamente essa falta de mudança, essa mesmice nos problemas, se mostra agora um problema maior.

Estar deprimida e uma sensação de desamparo quase que total. E quando voce ja conviveu muitas e muitas vezes com ela voce até, sabe, ok, eu ate sei, que essa sensação não é de toda real. mas na hora, no meio da crise, é. Vem a angustia, a sensação de vazio, de incapacidade, e de tristeza, mas uma tristeza que procura explicação em tudo mas que no fim ela e si ja é seu proprio motivo.

Continuamos com dificuldades financeiras e isso ta ficando complicado. Uma renda fixa que tinhamos ate o fim do ano passado, um aluguel de um salão comercial aqui de casa, deixou de entrar desde dezembro. Temos levado mas agora esgotamos nossas possibilidades. E, as pessoas que alugavam o salão tambem e se não conseguirem vender o negocio ate sexta da semana que vem irão entregar o ponto.

Isso não é ruim. Isso é bom. Afinal, melhor do que ficar com um salão ocupado e não receber e ter a possibilidade de alugar pra outra pessoa e passar a receber. Mas, entre eles desocuparem, reformarem de volta, nos anunciarmos e alugarmos de novo leva tempo. E por mais que o meu racional tenha toda essa explicação, meu emocional não acompanha e eu me sinto desamparada.

O salario do Taz foi todo pra pagar nosso convenio medico que estava atrasado. Vai demorar uns bons 5 meses ou mais ainda ate ele poder assumir a gerencia e, com o salario dele de caixa e sem o salão, ficamos dependentes dos meus pais pra tudo. E, Rebeca continua em casa comigo, nada de escolinha.

Se eu não estivesse me sentindo do jeito que estou isso não seria um problema agora. Tadinha, esta super grudada em mim, sente minha falta se eu saio pra ir ao banheiro atualmente, então esta numa fase que ficar sozinha na escolinha ia ser um pouquinho mais dificil do que o esperado. Ainda acho que ela vai curtir muito, mas ela nunca foi de confiar muito facil nos outros e com esse grude a adaptação no fim vai ser necessaria, quando for. Outra coisa é que vou ter que ver uma escolinha mais perto de casa pois hoje me deparei com o transito que teria que pegar pra busca-la na escolinha que tinha falado. Ia demorar muito tempo parada no transito e não sei se vale a pena, então vou aproveitar essa delonga por causa da grana pra ver as escolinhas mais perto de casa.

Mas o problema esta comigo. Não sinto vontade de fazer nada, mal sinto vontade de levantar da cama. A sensação de sono extra da mudança de horario se mostrou bem mais que isso e tem sido dificil lidar com estar acordada.  Conto as horas pro Taz voltar pra casa pra poder cuidar direito da Rebeca, que acaba ficando presa na sala, ao inves de explorar a casa por que eu não tenho energia pra fazer as coisas com ela.

Ainda me esforço, me forço. E muitas vezes é esse forçar que muda meu humor. E me dar uma chacoalhada na cabeça, literalmente, fechar e abrir os olhos de novo e ver que ela esta ali, na minha frente, sorrindo e fazendo gracinhas pra mim, apenas pedindo a minha atenção. E isso me da animo, mesmo que um pouco, e me faz sentir melhor. Me da força. Me faz lembrar do plano...

Na maioria dos dias depois que o Taz chega eu deito um pouco, fico um pouco sozinha e tomo um banho quente (aproveitando a esfriada que deu aqui em SP) e isso tambem me faz me sentir melhor.

Uma coisa que atrapalha muito e que eu nunca consegui mudar é a linha de pensamento repetitiva. Não consigo parar de pensar nos problemas ou tentar imaginar formas de resolva-los. Ai, deixa de ser "como vou resolver isso" para "depois que tudo estiver resolvido" - essa linha e ate boa, me relaxa e me ajuda a dormir, me faz bem - mas ultimamente tem sido "dependo dos outros pra tudo e não sou capaz e nem sei fazer nada bem o suficiente pra isso dexar de ser assim e nem tenho saude pra isso". Essa ultima linha de pensamento, auto destrutiva, me acompanha tem alguns dias e acredito ser o que tem me colocado mais pra baixo.

O coitado do Taz tambem não anda muito bem, ficou gripado metade da semana e esta fisicamente meio leso ainda e isso deixa qualquer um de mal humor. Mas ele se esforça. E eu, sem ter pra onde mais correr, acabo desaguando no ombro dele tomas as minhas magoas, frustrações, inclusive sobre ele. E eu sei que ele tem que ficar se repetindo "ela esta em crise, e uma fase e como todas as outras ela vai passar" e faz o melhor que pode. As vezes desliza, briga, fala umas besteiras, mas depois se remoe em culpa. E duro conviver com um bipolar...

Apesar de tudo, não estou no fundo do poço e nem perto dele. É, sem duvida uma fase, e estou medicada, o que costuma significar que não devo ficar muito mal e que logo vou estar melhor. Insistir no tratamento nos momentos ruins e naqueles que não parecem ser nada ruins (a mania) faz parte de entender como as coisas funcionam nessa montanha russa.

Sei, por exemplo que se essa sensação se mantiver ou piorar por muitos mais tempo, digamos, mais uma semana, terei que rever a medicação. Com a Rebeca em casa eu não me arrisco a ficar em crise por muito tempo. Quanto mais tempo em crise mais dificil é de sair dela. Eu sei disso, e eu disse isso a uma amiga hoje mesmo. E serve pra mim.

Escrever aqui, mesmo que depis, quando eu for ler, tudo parecer meio confuso e desconexo, ajuda muito. colocar as palavras que ecoam na minha mente pra fora dela me da uma nova perspectiva das coisas e acalma a tempestade dentro da minha cabeça.

Uma coisa que fico me repetindo sempre é que eu preciso manter a calma e seguir meu plano. Preciso manter a caçlma e seguir o plano pro Taz, deixar as coisas acontecerem. Que minha melhor chance esta ai, nesse plano. Que ele pode demorar mais ou menos pra se concretizar, mas que não tem a ver com tempo, tem a ver com o objetivo final. Ser independente. Ter minha casa, poder ir e vir sozinha sem depender de outra pessoa, e ser capaz de cuidar da minha filha. Mas, ser capaz e ter recursos suficiente pra ter o outro filho que eu ainda pretendo ter daqui alguns anos. E pra tudo isso, tenho que ser firme. Tenho que respirar fundo e continuar em frente.

As vezes os dias apenas passam. Nesses dias ruins é tudo que eu mais desejo na verdade, que eles passem. E a parte boa dessa doença chata é que voce pode contar que os dias ruins irão passar. As vezes precisamos de ajuda, as vezes somos capazes de sair deles sozinhos. Mas eles passam.

Se o dia esta muito ruim, apenas peço ajuda. Peço pra minha mãe ficar por perto, ajudar com a Rebeca. Peço pro Taz cuidar dela enquanto eu me recolho esperando a tempestade passar, ou ficar comigo e me ouvir vomitar todas as coisas que me passam e me desgastam. Me dou um agrado e gasto um  pouquinho do que não tenho, como hoje, e me dou algo gostoso de comer. Ou faço algo, vou pra cozinha, uma das minhas melhores terapias. E se nada funciona, me recolho. Espero, se consigo e posso, durmo. As vezes 1 hora a mais de sono no dia e a diferença entre um bom dia e um mau dia.

E acima de tudo, me agarro na pequena, que esta ali, sorrindo, dançando, fazendo pose na frente do espelho, piscando com um olhinho so pra mim, na piscadela mais marota que pode existir. Que corre pra mim falando "mamã, mamã, mamã!" e me agarra e se gruda de um jeito que eu so quero retribuir e me grudar ali tambem. E me da um animo e uma energia que sei que antes eu não tinha. Que faltava. Uma energia que mesmo quando estou mal o suficiente pra pedir que fiquem com ela e eu me recolher, fica acesa dentro de mim essa chama, esse motivo. Motivo de sorrir, de fazer, de buscar. de ser o meu melhor, sempre.

Ate hoje.

5 comentários:

  1. Alguns momentos somente a fé nos mantem em paz...crer...orar com todo coração e dormir aguardando a solução do que não se pode controlar. Fazer a parte daquilo que podemos.

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  2. Querida, pense que outras pessoas não tem a sorte de contarem com os pais tanto financeiramente como para ajudar com a sua pequena. Pelo que descreve, deve rever a medicação com o seu médico, não há necessidade de tanto sofrimento. As dificuldades econômicas sempre existirão, em maior ou menor grau, mas o que realmente importa são os momentos felizes que vivemos e você está sendo privada deles, mesmo tendo sua filhota em casa.
    Espero que tudo se resolva logo, com a benção de Deus!
    Beijo
    Adri

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  3. querida di!
    força e fé que tudo passará!!
    concordo com a adri,tens que rever sua medicação sim, não tens que sofrer assim!!
    que teu final de semana seja muuuito bom!!
    beijão nosso

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  4. Olá, Di! Vejo q há gente boa torcendo por vc, entre elas a Ana do Solar Bipolar! Creio q isso seja ao menos uma parte do "remédio" q lhe fará bem, para vc melhorar. Eu não poderia ir embora sem deixar ao menos um comentáriop tb, te desejando melhoras.

    Melhoras, Di!

    Ah, sim! Já te vi algumas vezes, lá nos comentários do Bipolar Brasil! Não somos tão estranhos um ao outro assim, haha! ;)

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P