Essa semana um amigo meu morreu. Teve a vida tomada de uma forma trágica, sem sentido, daquelas que nos causam revolta e muita dor. E eu estou tentando escrever esse post desde quarta feira, quando todos soubemos o que aconteceu depois dele passar 2 dias desaparecido.
A mãe de uma amiga achou estranho, hoje no velorio, que eu o chamasse pelo primeiro nome. André. Pra ela e o grupo de amigos em que ela o conheceu inserido, ele era o Penin. Mas eu tinha o luxo de te-lo conhecido em outra epoca, muito antes dele conhece-los. Pra mim ele era o André...
Nos conheciamos ha 17 anos. Cara, 17 anos... "Di, quando eu te conheci você tinha 12 anos! To ficando velho!" Era o que ele sempre dizia quando nos viamos e ele podia ver a pessoa que me tornei.
Eu conheci o Andre na epoca que minha irmã se enveredou pelas redes dos jogadores de RPG e frequentando a Forbiden Planet. E a mesma epoca da minha primeira crise depressiva e do meu primeiro diagnostico como Psicotica-maniaco-depressiva. O Andre apareceu ai, nessa bagunça.
Ele veio ao meu convivio como amigo de RPG da minha irmã. Melhor amigo do namorado dela. Cara sério, simpatico e de risada facil. Possuia um braço deficiente e uma perna que não faziam nem eco pra sua mente afiada.
Na epoca, conforme fui conhecendo os amigos da minha irmã e boa com nomes e vozes como sempre fui, atendia o telefone ja falando depois do alô: "oi, fulano/a, vou chamar a Dani." e passava o telefone pra minha irmã. Isso era efeito da depressão e da dedução de que amigos dela ligavam pra ela. Ai, claro, como ele se mostrou bom em fazer, um dia eu ouvi de volta: "Eu não liguei pra falar com a Dani. Liguei pra falar com você!"
Pronto, me pegou no pulo, desprevenida. Eu não lembro sobre o que falamos. Hoje nem consigo imaginar. Mas falamos por quase uma hora. E não, ele não pediu pra falar com a minha irmã depois.
Dai em diante as coisas correram seu curso. Eu comecei a andar com o grupo da minha irmã, me apaixonei pelo bonitão sedutor da epoca (claro, 12 anos, alô?) e cheguei a ouvir eles me defendendo em uma discussão com minha irmã de que eu tambem era amiga deles.
E tudocomeçou com o André.
Ao longo dos anos ele foi se mostrando não so um grande amigo, como um exemplo constante de superação. Quando o conheci ele prestava vestibular e vivia uma de suas grandes brigas - ele queria fazer historia, os pais queriam que ele fizesse direito e tivesse uma profissão que seguisse os passos deles. Pois ele fez os dois. Se formou em direito pelo PUC-SP, tirou a carteira da OAB e colocou tudo isso na gaveta e foi terminar o seu sonhado curso de historia - na USP, pois assim ninguem teria que pagar a faculdade dele. Depois continuou provando pra todo mundo que devemos seguir nossos sonhos e fez mestrado e doutorado pela USP em arqueologia e ha 2 anos tinha ido pro outro lado do pais ser professor universitário.
Eu não via o Andre tinha 2 anos. Ele não chegou a conhecer a Beca. Da ultima vez que nos vimos eu ainda estava gravida. Depois disso tentamos nos ver, fizemos promessas, mas elas não se cumpriram. Recentemente trocamos telefones por e-mail de forma generalizada. Ele me respondeu daquele jeito dele, sempre simpatico e me chamando de Dicolico. Pra mim ele era o Andre e pra ele eu sempre seria a Dicolico...
Agora esse buraco que ficou com a partida dele esta maior do que e possivel suportar. Deixa um vazio, uma saudade que eu nunca mais vou poder sanar.
Quando eu chorava, sem conseguir conter as lagrimas na frente da Beca, ela perguntou: "mamãe, po que ce ta choiando? Num choia..."
"A mamãe esta chorando, filha, por que um amigo muito querido dela foi embora. E ele nunca mais vai voltar... E eu estou muito triste..."
"Sorria, mamãe, sorria!"
Dé... Voce sempre me mostrou que podemos superar as adversidades.Te adoro amigo!Vou sentir demais a sua falta! Mas eu vou ficar bem. E vou lembrar sempre do bem que você me fez nesses 17 anos por pedir pra falar comigo e fazer parte da minha vida!
Adeus...
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
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Seu amigo estara sempre olhando por voce....E assim e que voce term de recordá-lo sempre...Cheio de coisas boas vossa historia.
ResponderExcluirBeijo