De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mamãe, eu não sou gorda, né?

E ai, como lidar?

Rebeca esse ano entrou pras aulinhas de balé na escola. Além disso vai e volta de perua escolar com o pai e o avô. Foram mudanças significativas na sua rotina mas que trouxeram pra perto dela algo que eu esperava que ela não tivesse que lidar por mais uns 3 anos pelo menos.

Aí que uma das coleguinhas dela que faz balé com ela e volta na perua falou pra ela que ela é gorda.

A menina é um ano e meio mais velha que ela. Já comecei me perguntando o que se passa na cabeça e na vida de uma criança de 5 anos pra se preocupar com isso e, mais ainda, pra tachar uma coleguinha menor que ela de gorda.

Posso falar também que fiquei P da vida?

Como assim chamar a minha filha de gorda?

Isso mexe comigo de uma forma muito muito forte. Por que né, não sou cega e tenho espelho em casa. Eu passei a vida tendo que lidar com problemas de peso. E nada do que eu fiz até hoje realmente funcionou. Eu continuo muito gorda, precisando urgentemente fazer uma dieta pra voltar a ser gordinha e estar satisfeita comigo mesma. Mas isso sou eu né gente, tenho 30 anos. E pra poder lidar com o meu problema de peso atual tenho que cutucar uma ferida criada desde criancinha, já que eu nunca pude me aceitar do jeito que eu era.

Eu nunca fui magra. Nunca. Não sei o que é isso. Nas vezes que mais emagreci na vida eu cheguei a ficar no máximo gordinha e olhe lá. Mas passar a vida ouvindo que eu não tinha o peso certo, que eu precisava emagrecer, que eu era gorda, e fazendo todo tipo de dieta maluca acho que é pra acabar com a autoestima de qualquer um.

Mas isso não era uma preocupação minha e nem das outras crianças com quem eu convivi quando eu tinha 3 anos, entendem? Minha memória me mostra momentos desagradáveis ligados a meu sobrepeso a partir dos 7 anos. Ok, antes disso eu já era a gordinha da classe? Era. Mas não era um problema, não era com a conotação negativa que veio depois e me marcou pra sempre.

Dai vem uma menina de 5 anos falar pra minha filha que ela é gorda.

E agora Rebeca fica tentando descobrir quem é gordo e quem não é. Tentando entender e se reconhecer.

E ela esta gordinha sim, eu sei que está. Nós estamos com um problema com isso sim pois apesar dela ainda estar crescendo mais rápido que a média das crianças na idade dela ela tem ganhado muito mais peso que o recomendado. Esta desproporcional e eu estou com muita dificuldade de controlar isso. Então ela esta gordinha sim.

Minha primeira reação quando ela veio com essa história de a menina falar que ela é gorda foi tentar não dar muita bola no sentido de não enfatizar o assunto. Conversei, perguntei quem tinha falado isso, tentei explicar um pouco, na esperança de que a história terminasse ali.

Mas Rebeca insistiu no assunto várias vezes e vários dias depois. Incluiu em suas brincadeiras e começou a falar que ela esta gorda, que a cachorra é gorda, que se ela comer muito vai ficar gorda e coisas desses tipo.

Da pra ver que ela não tinha entendido muito bem o conceito mas estava tentando assimilar.

E eu fui ficando horrorizada, confesso. Por que o peso dela deveria ser uma preocupação minha, não dela. Não agora. Não tão cedo.

Ontem ela me veio com essa pergunta de novo. e eu resolvi ir mais a fundo no assunto.

Perguntei quem falava isso e ela disse que era a mesma menina. E ai ela falou "mas eu não sou gorda né, mamãe? Eu sou magrinha!"

E ai que meu coração quebrou e eu fiquei sem saber o que fazer. E concordei. " Não filha, você não é gorda. Você é criança e criança não tem que se preocupar com isso. Você é fofa, mas não, você não é gorda."
E perguntei "você fica incomodada quando ela te chama de gorda?" e ela acenou que sim com a cabeça.
Ai pedi que quando isso acontecesse que ela dissesse pra menina bem isso, que ela não é gorda, que ela é criança e que ela ainda esta crescendo. E pra chamar a professora se isso acontecer na escola, ou o pai e o avô se acontecer na perua e dizer que a menina a esta incomodando.

Mostrei algumas fotos pra ela ver, pra ilustrar um pouco o que eu estava falando.

Coloquei ela pra dormir com o coração na boca. Uma mistura de raiva, de tristeza. Por que ela não devia ter que se preocupar com isso, gente! Ela tem 3 anos! Que mundo é esse que a gente vive que uma criança de 3 anos precisa lidar com esse tipo de ação?

Eu aceito que essa tenha que ser uma preocupação minha pensando na saúde dela, seja física seja psicológica, hoje e sempre. Por que eu sei exatamente as coisas com as quais ela vai ter que lidar. Mas não é justo ela ter que começar a lidar com isso tão cedo. Não é mesmo...

4 comentários:

  1. Eu que sei o peso do que os coleguinhas de escola falam nas nossas costas! Mas agora é arranjar um jeito de controlar o peso se esse realmente for um problema ou ter chances de se tornar um problema no futuro, por que agora dá pra você controlar mais a alimentação dela do que quando ela estiver bem maior, vale analisar se tem como, se precisa! São crianças e é normal se chamarem de feia, gorda, chata e essas coisas sendo realidade ou não, mas cabe aos pais ensinarem que não pode, que fere os sentimentos, tomara que não se repita! Por que eu ficaria P da vida também!

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  2. que absurdo! se ela vai na mesma perua, tenta o telefone da mãe dessa menina, ela esta traumatizando um bebê de 3 aninhos!!
    estou tremendo de raiva!
    eu tenho uma certa porcentagem de albinismo, e eu sei o que sofri com crianças mal educadas e cruéis!

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  3. Obrigada pelas palavras Di.
    passei a noite com meu filho nos braços soluçando de tanto chorar, e com os seis mega doloridos, resgatei os coletores, sabe de colocar no sutiã? Quem sabe alivia?!

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  4. Olá Di!
    O jeito mesmo é melhorar a autoestima da Beca. Porque quanto a essa menina na escola a Di não vai poder controlar o que ela diz. O meu filho tem problemas de aprendizagem mas tem uma autoestima do tamanho do mundo. Sei que começou por ser gozado pelas falhas na aquisição de conhecimentos. Mas como tem um alto astral, ele é o menino da turma com mais amigos e que reune mais consensos.
    Beijinhos,

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P