De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Continuando, minha história....

...Contei um pouco de como foi minha primeira infância. Agora chego no momento em que minha vida começou a mudar. Eu tinha 8 anos...

Mas a verdade é que não sei bem como continuar essa história.

Não bastaria dizer que as coisas mudaram?

Mas ai vem a pergunta: mudaram como?

Bom, começo por dizer que meus melhores amigos saíram da escola. Ficamos eu e um amigo e mesmo assim, eu, estigmatizada pela questão do peso, problema esse que nós compartilhávamos, me afastei com medo das gozações.

Nessa época começamos a ter problemas aqui em casa e eu não saberia quantificar o quanto e como isso afetou meu comportamento. Mas eu acho que muito, demais. Talvez tenham sido esses problemas em casa o real motivo da mudança.

Sei que me tornei bem mais tímida. Fiquei bem mais triste também. eu que antes tinha tantos amigos de repente me via lutando para manter alguns poucos, mas bons amigos. De um ano pro outro, eu que antes era uma menina popular deixei de ser. E era muito azucrinada pelos meninos e meninas novas que estavam em sala.

Eu fazia ginástica nessa época e natação e as gozações nesse outro ambiente também eram frequentes. E com isso eu entrei num ciclo  muito comum a todos os bipolares (apesar de não saber dizer se isso ja era um sintoma da doença ou não) que é o de desistir das coisas no meio, sem terminar.

Desisti da natação e da ginástica, coisas que eu adorava. Mas desisti.

Comecei a fazer piano. E eu era muito muito boa nisso, tinha muita facilidade e uma ótima noção de ritmo. Mas quando a pressão começou a aumentar, quando minha professora teve que se ausentar por alguns meses e deixou no lugar outro professor não tão compreensivo com minha forma pouco ortodoxa de fazer as coisas, pronto. Estava feito o estrago. E eu acabei desistindo também.

Nesse ponto a minha autoestima já estava muito comprometida e a verdade é que as coisas só pioraram. Eu fui me fechando cada vez mais para o mundo, socializando menos, ficando com mais vergonha de mim mesma.

Eu me refugiava em casa com minha irmã e jogando vídeo game.

Quando sai da escola da quarta para a quinta série existia uma grande esperança de que ao voltar a estudar na mesma escola que minha irmã as coisas melhorariam. Mas foi o oposto. eu era muito mais estigmatizada na nova escola, pelos novos colegas. Além de ser gordinha eu era a chamada CDF que ia bem em tudo. Nerd mesmo. E não consegui fazer amigos.

Eu passava os recreios na biblioteca da escola. O sentimento que tinha era de querer que aquelas horas n escola passassem logo. Era de querer sumir, de chamar pouca atenção. Eu estava virando um pré-adolescente e nessa época eu claramente estava deprimida.

Houveram algumas poucas inciativas das outras crianças da escola de se enturmarem comigo. Mas eu já não tinha tanto pique e nós já éramos muito diferentes. Meus interesses já divergiam totalmente da massa.

Em casa entramos num período ainda mais negro pois eu como adolescente deixei de ser tão passiva e passei a discutir muito, com todos e sobre tudo. Não aceitava as coisas sem explicação e nem fazer o que não tinha vontade. Entrei de vez na tal adolescência num período crítico dos problemas que vivíamos por aqui e então que meu refúgio se tornaram o computador, o vídeo game e as madrugadas.

Eu ja apresentava muita dificuldade pra dormir.

Um dos grandes problemas pra mim nessa época foi o fato de meus pais não enxergarem o meu comportamento como um problema médico. eles não reconheciam a depressão e creditavam tudo a minha idade e ao tempo excessivo na frente da tv.

Mas eu estava doente e precisava de ajuda.

Passei 2 anos inteiros assim. Nas férias eu ia para SPAs tentar emagrecer, com o sonho de que uma grande mágica se fizesse e eu voltasse para a aula no ano seguinte como outra pessoa. Uma pessoa de quem as outras crianças não iriam atormentar e teria amigos.

Isso claro não acontecia e depois de algumas semanas no SPA eu entrava numa depressão profunda e ligava para os meus pais desesperada para voltar para casa.

Quando entrei na 7ª série eu tive minha primeira virada. Foi algo um tanto proprosital. Eu tinha tido uma expriência com adolescentes mais velhos nas ´férias de julho do ano anterior e comecei a escrever contos eróticos e distribuir ara meus colegas de sala lerem. e de repente passei a ser reconhecida de uma forma não tão ruim assim, na minha visão na época. Então quando cheguei na quinta série eu decidi que eu seria essa pessoa: bad girl.

Eu ia com roupas provantes pra escola. Quando eu ia, pois eu matava aula com frequência. Escrevia textos eróticos, falava de forma insinuantes, tudo tinha uma segunda intenção. Fazia projetos provocativos na aula de artes. Eu aprendi que chamar a atenção era uma arma muito melhor que ficar no meu canto. e eu tinha a sensação de controle sobre a reação dos outros.

Em casa eu brincava com as crianças do meu prédio, mas pouco. Ficava muito mais tempo em casa, na frente da tv comendo porcarias. Mas conheci os maus elementos do préido e foi com eles que comecei a andar. Eu estava criando uma má fama pra mim mesma propositalmente e parecia fazer sentido alimentar isso fora da escola também.

Mas por dentro eu sofria o tempo todo. Sentia uma dor constante. Brigava muito, chorava quase todos os dias. Quando a coisa ficava feia mesmo eu usava uma gilete para me cortar. Era uma forma que eu tinha de colocar pra fora e tentar mostrar a dor que eu estava sentindo. De ver se a dor física de alguma forma podia ser mais forte que a dor interna que eu sentia e me corroía.

No meio do ano cheguei ao meu limite. Meus pais procuraram finalmente me levar ao médico, um psiquiatra, que me diagnosticou com facilidade com PMD - Psicose Maniaco Depressiva -  e me medicou com antidepressivos.

Eu acabei largando a escola depois de criar um projeto de artes um tanto quanto polêmico.

Eu tinha 13 anos. Não tomei os remédios por mais de um mês e parei.

A partir dai minhas lembranças são muito confusas. Não consigo mais saber com exatidão a ordem dos acontecimentos. Eu mudei de escola diversas vezes. Nós nos mudamos de casa pelo menos 2 vezes.
Eu comecei a melhorar quando meus pais insistiram que minha irmã me incluisse no grupo de amigos dela, de RPG e me levassem com eles nos programas.

Nessa época eu me senti fazendo parte de algo. me senti fazendo amigos de verdade pela primeira vez. Senti que gostavam de mim. era bom e meu deu um rumo de onde procurar pertencer.

Comecei a ir com minha prima  econtrar esse grupo que jogava RPG onde minha irmã ia. Eu gostava do jogo, me divertia, e foi ali que me senti em casa pela primeira vez em anos. Fiz amigos de verdade, e passei a ir para esse local todos os fins de semana.

Quando eu matava aula era pra lá que eu ia também. era o meu refúgio.

Aos 14 anos eu ja era uma adolescente com um comportamento bem avançado. Saia de casa na sexta a noite, sábado de dia, passava as madrugadas em bares e baladas e voltava apenas de manhã. Outras vezes chamava meu pai para ir me buscar. Muitas e muitas vezes eu chamava meus amigos para irem jogar RPG em casa e nos apertávamos em 12, 15 pessoas dentro do meu quarto.

Mas eu era feliz, na maior parte do tempo.

Eu tinha mudanças de humor sim, e isso era frequente, mas elas não eram tão fortes. Acabou virando parte da minha personalidade, uma piada até, mas com que meus novos amigos conviviam com facilidade. Afinal, todos éramos adolescentes, párias de outros meios. Nos reconhecíamos nas nossas diferenças.

E tudo era muito intenso. As paixões, as brigas, as amizades.

Foi nesse meio que conheci o Taz, hoje meu marido. Nós nos tornamos amigos e assim permanecemos por 2 anos antes de começarmos a namorar. Ficamos juntos pela primeira vez pouco depois do meu aniversário de 16 anos e não nos separamos mais.

E ai começou uma nova fase da minha vida...

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