Final de semana que vem é meu aniversário. Completo 31 primaveras da forma de que gosto, entre família e amigos, com muita comida boa. Coisa de italianos, sabem?
Não sei se vou conseguir escrever todos os dias, mas vou tentar resumir nessa semana essa experiência doida que tem sido minha vida para, quem sabe daqui 30, 60 anos,eu ter com o que comparar.
Vou começar a história com aquelas lendas da vida, de que eu sempre fui muito apressada. Tão apressada que resolvi nascer de 7 meses. Minha mãe conta que eu cabia em uma caixa de sapato masculino. E contam meus pais que um olhou pro outro e disse "ela parece com você!" tal era a carinha de rato que eu tinha.
Demorei 1 mês pra sair do hospital pois não ganhava peso de jeito nenhum. Começou ai uma neurose por parte dos meus pais em me fazer ganhar peso, então minha mãe me dava de mamar e ainda complementava com leite em pó pois alguém disse a ela que eu tinha que ganhar 30gr por mamada. Sim, eles me pesavam antes e depois. E sim, depois de mamar no peito e a mamadeira inteira eu vomitava tudo no primeiro colo que se presasse a me fazer arrotar.
Obviamente eu passei dessa fase muito bem, obrigada. Cresci, ganhei peso e me tornei uma criança bem normal. Do que me lembro da minha infância, isso já lá entre 3 e 4 anos de idade, fui bem feliz por um bom tempo.
Tinha muitos amigos que migraram comigo do berçário para o jardim da infância da escola ao lado. Uma dessas amigas eu mantenho um certo contato até hoje, mesmo que a distância. E ela me entende como ninguém.
Tenho poucas lembranças da fase do maternal. Lembro do gosto de um macarrão que foi feito numa festinha da escola, que estava ruim, muito ruim, e cheio de coloral. Não gosto de coloral até hoje por causa disso, acredito. Lembro de uma casinha de bonecas que tinha na escola onde brincávamos na hora do recreio. Lembro de quase sempre escolher as brincadeiras e ser mandona desde sempre. Ok, não sei o quanto lembro disso e o quanto sou influenciada pelo relatório de uma professora minha dessa época que meus pais tem guardado até hoje. Mas acredito.
Lembro de uns amiguinhos estarem zoando com a minha cara e me provocando, isso gerar uma discussão e eles darem com uma daquelas peneiras grandes no meu rosto - tipo do ditado tapar o sol com a peneira? - e eu chorar muito. Lembro de ser provocada, sim, desde pequena por causa do peso...
As duas escolas que frequentei em minha primeira infância eram no modelo socio-construtivista e tinham um esquema bem experimental. Altos dos anos 80, tínhamos muita liberdade para brincar e criar e explorar.
Quando entrei para o Jardim conheci minha primeira paixão. Pois é, eu lá com meus 5 aninhos toda encantada por um menininho da minha sala. Ela era lindo! Cabelos bem pretos, olhos verdes claros, covinhas que apareciam a cada sorriso e que sorriso! Eu adorava ele demais!
Só que isso aconteceu, pobre de mim e minha precocidade, naquela fase em que meninos e meninas não se dão tão bem. E ele me provocava. Eis que ganhamos então nossos apelidos - Mônica e Cebolinha. E claro que ai as provocações sobre o peso aumentaram.
Isso rendeu muitas brincadeiras. Nos tornamos bons amigos, ele frequentava minha casa e eu a dele. Na escola nós fomos quase lideres das facções feminina e masculina. E sempre, sempre, éramos o casalzinho.
O ano passou, nós começamos a crescer. Eu aprendi coisas mais cedo que o resto da minha turma, como sobre de onde vem os bebes e como eles são feitos (sem riqueza de detalhes) e contei pra minha sala toda. Eu fui a Mônica, a Sheha, e todas as mocinhas dos desenhos animados da época.
Além dele, tinha minha amiga inseparável - essa que converso até hoje - e mais um grande amigo. Eramos sempre os 4 juntos. Era muito bom!
Outra coisa que eu sofri muito, por que criança tem imaginação fértil e acredita em tudo, foi com as armadilhas que ele preparava pra mim. Ele dizia que prepara as armadilhas no parque em volta da escola (um jardim enorme que envolvia todo o prédio da escola) e que eu iria cair e me machucar. Eu acreditava e não queria nem ira pra escola, com medo. Medo tal que meus pais ficaram preocupados e foram até descobrir do que eu estava falando. Se acalmaram quando descobriram que as tais armadilhas não passavam de buracos feitos na areia com as mãos, na profundidade de um pé de criança.
Eles se acalmaram, eu demorei mais quase um ano pra perder o medo mesmo.
Quando alcancei a primeira série a minha história começou a mudar. Eu tinha ganhado bastante peso e as outras crianças se tornaram um pouco mais cruéis e de repente de líder das meninas eu fui ganhando outro estigma. E pra ajudar, comecei a apanhar de um menino que queria se auto afirmar na escola nova e tinha ouvido falar que eu era "a boa" e, pelo que sei, ele viu ai uma forma de aparecer e ganhar respeito.
Outros fatores, problemas em casa, foram então cruciais para que eu mudasse meu comportamento e começasse a me tornar cada vez mais reclusa, tímida e bem mais frágil. Minha irmã assumiu ai um papel importante, me protegendo de ameaças, me incentivando a continuar socializando e estando ao meu lado.
Quando passei da primeira para a segunda série minha vida mudou de vez. Eu já não era mais a mesma menina. Meu amiguinho por quem eu era apaixonada saiu da escola e muitos alunos novos entraram em cena. E minha vida nunca mais foi a mesma...
Continua...
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
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Oi Di
ResponderExcluirParabéns prá vc. Legal o post! Quero dizer que vi sua entrevista na internet e achei muito legal, vc ficou muito bem.
Bjos.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/