De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Minha História - parte 2

Era um mês de julho e eu simplesmente não sentia vontade de fazer nada.
Em casa a coisa não era melhor. Chorava sem motivo algum, comia muita besteira, passava as madrugadas acordada assistindo TV e jogando vídeo game, e de manhã me recusava ao máximo a levantar para ir à escola.

Meu pai, mais de uma vez, cortou o fio da TV com faca para que, já que eu ia ficar em casa, não tivesse a TV como distração. Ele não entendia que a TV não era o problema. E ignorava que eu sabia refazer a fiação.

Brigava muito com meus pais, em especial com minha mãe.  Me sentia incompreendida o tempo todo. Por mim mesma, inclusive. Não entendia aquela dor que eu sentia dentro de mim o tempo todo. 

Em determinado momento decidi começar a me cortar, autoflagelar, especialmente depois de uma briga, para ver se a dor que eu sentia com os cortes podia por um momento me fazer esquecer a dor que eu sentia dentro de mim.

Quando eu ainda estava na 6 série, perto do final do ano, meus pais pediram que minha irmã começasse a me levar para sair com os amigos dela, para que eu saísse um pouco de casa.
Eu sou muito grata a eles todos por isso. Por que esse foi o começo de algo que me salvou por muitos anos sem fazer tratamento.

Não foi fácil, mas eles estavam dispostos a me ajudar, e me aceitaram junto deles. Eu me sentia mais como uma mascote, mas mesmo assim, foi mais do que eu havia tido nos últimos 2 anos.
Minha irmã e seus amigos jogavam RPG. Saiam a noite para ir à bares, sim, por que a maioria deles era maior de idade ou quase. Mas muitas vezes apenas iam lá em casa, jogar RPG, passar tempo, conversando ou mesmo jogando vídeo game.

Eles foram os primeiros a adotar nossa casa como um segundo lar temporário. E no auge da minha crise, foi a diversão de jogar RPG e as pessoas que conheci através deles que iriam, por fim, me ajudar a sair do abismo que eu me encontrava.

Com eles houveram dois momentos bem marcantes, e uma pessoa que me adotou como irmã e cuidou de mim ainda por muitos anos pra frente.
O primeiro momento foi numa discussão que eu os ouvi ter em casa onde eu ouvi minha irmã, brigando, dizer “Mas vocês são MEUS amigos!” e um deles responder “Nós somos amigos DELA também!”

Eu nunca esqueci isso.
Mas ainda sim, a dor persistia dentro de mim, e eu tinha dificuldade de me adaptar a tudo aquilo. Ao atender o telefone de casa e reconhecer a voz de qualquer um deles, nem esperava que pedissem, já avisava que ia chamar minha irmã e passava o telefone pra ela.
Então um dia fui pega de surpresa por um dos amigos dela. “Eu não liguei pra falar com ela, eu liguei pra falar com você!”. André... Nós passamos uma hora conversando no telefone aquele dia, e no fim ele não pediu para falar com minha irmã. Nós nos despedimos e ele só ligou pra ela no outro dia.

Aquele dia ele ligou e falou comigo.

Eu ainda acho que ele fez isso por pirraça pela forma como eu atendia o telefone. Mas não importa. Nós fomos amigos até o final, quando ele foi levado da vida mais cedo...

Queria que ele soubesse que aquele simples telefonema foi de imensa importância na minha vida. Mas se hoje não posso contar pra ele, conto para você.

Ele foi alguém que esteve do meu lado quando eu mais precisei...


Dos amigos de minha irmã eu me apaixonei por um deles. Daqueles bons amores impossíveis que temos na pré-adolescência, eu tinha 12 anos e ele 20. E por mais que a reputação dele fosse de galinha que sai com todo mundo, ele era um cara bem correto. Obviamente nunca se interessou por mim, e eu agradeço por isso também. Por que foi importante ter contato com pessoas que faziam o que era certo. E ele me adotou como irmã, cuidou de mim, e esteve ao meu lado em bons e maus bocados. Ele tomou para si a responsabilidade de cuidar de mim quando eu não estivesse em casa, ficando comigo quando meus pais saiam, me levando para sair, me buscando quando eu eventualmente conheci outros amigos e saia sozinha, mesmo que eu ligasse pra ele ás 3 da manhã e ele estivesse dormindo. Foi, é, meu irmão. Sempre será. Por que amor se constrói, se mantém, assim, com pequenas e grandes ações. Mas principalmente por estar lá quando parece que estamos sozinhos.

Um comentário:

  1. Amizades... nunca tive...
    Depois dos trinta descobrimos que é mais difícil ainda se fazer amizade e para completar moro em um lugar onde mal conheço as pessoas.
    Tenho plena consciência de como amigos de verdade são fundamentais!

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P