Quando saí da escola no meio da 7ª série, eu fui levada pela
primeira vez ao psiquiatra. Era o médico que tratava minha mãe para Síndrome de
Pânico já há vários anos, e meus pais finalmente aceitaram o fato de que talvez
tivesse alguma coisa errada comigo.
Já na primeira consulta, de cerca de 2 horas, ele deu um diagnostico:
Psicose-Maníaco-Depressiva. Ou o que é conhecido hoje como Transtorno Bipolar
do Humor, mas que naquela época ainda tinha esse outro nome.
Ele receitou que tomasse antidepressivos e eu o fiz por um
mês e parei. Meus pais não relutaram muito com isso. Pra eles também era
difícil aceitar que a filha de 13 anos precisaria tomar remédios para a vida
toda.
Mas eu fiquei com essa informação guardada dentro de mim por
muitos anos. De alguma forma eu sabia que aquilo significava algo importante,
mesmo que na época eu não entendesse.
Na época era só uma fase. E ia passar.
E por algum tempo, quando eu me encontrei e encontrei um
lugar para fazer parte, passou... Ou eu achei que era suportável o suficiente
para acreditar que aquilo era parte de mim, e que aquela pessoa era quem eu
realmente era.
Pulei de uma escola a outra e terminei a 8ª série raspando.
Naquela época eu estava interessada em outra coisa... Nos amigos que eu sofri
tanto até conseguir... E me agarrei a eles como se minha vida dependesse
daquilo. Com toda a intensidade que uma adolescente bipolar pode fazer.
Era 1996 quando eu os conheci, depois de uma festa no carnaval que minha irmã deu para os amigos e conhecidos dela que jogavam RPG. Foi a partir dali que eu passei os fins de semana indo há uma unidade do Sesc e ao Shopping para conhecer e conviver com pessoas que, finalmente, gostavam das mesmas coisas que eu. Que eram diferentes, que gostavam de fantasia e ficção cientifica, de jogar RPG, e que estavam dispostas a me aceitar como eu era.
Que estavam dispostas a me aceitar.
E foi ai que eu tentei me encaixar. Foi onde passei toda a minha adolescência.
E foi nesse meio que tentei construir quem eu era pela primeira vez...
ResponderExcluirMinha família nunca aceitou que eu tivesse que ir a um psiquiatra! Para eles eu era uma pessoa normal que em alguns momentos era mal educada e não que tivesse algo anormal comigo!
Descobrir o meu diagnóstico e ter que guardar para mim aos 18 foi terrível... desastre total...
Passar 24 anos sem ter com quem conversar, compartilhar momentos foi f***!
Quando a internet passou a fazer parte da minha vida de verdade comecei a buscar desesperadamente informações. Tenho informações sem fim! Sem muita necessidade.
Mas foi apenas em blogs q passei a conversar com pessoas que passaram por coisas parecidas...
O tão perto e tão distante!
Menina, nessa época da sua vida ainda conseguiu amigos! Quem me dera! Com 13 anos eu já tinha tido várias depressões, e, apesar da minha mãe ser bipolar, ela não percebia isso em mim. Achavam q era minha personalidade, melancólica.
ResponderExcluirNa escola, minhas poucas amigas não eram minhas, eram "emprestadas" da minha irmã. Na oitava série minha irmã mudou de escola, junto com essas "amigas". Eu fiquei completamente sozinha. Da 8ª até o 1º colegial eu ficava sozinha no recreio, lendo um livro na sala, pra passar o tempo.
Ainda bem que veio o 2º colegial, escola nova (pq eu tinha surtado na anterior e não queria ver a cara de ninguém). Fiz algumas amizades bem legais lá.
Espero mais postagens, estou gostando de ver que voltou escrever regularmente :D
Abraços da Fran,
http://nomundodafrancine.blogspot.com.br