Vou aproveitar o tempo livre pós almoço pra falar um pouco de coisa séria. Não que falar da Rebeca não seja coisa séria, claro que é, mas sério mesmo é quando você é bipolar e percebe que seu humor não anda lá tão bem assim.
Sinto que estou deprimida. Não aquela depressão incapacitante que não te deixa sair da cama. Mas aquele tipo que deixa desanimado, sem vontade de fazer muita coisa, de mau humor e brigando por bobagem por que cada palavra é uma luta pra sair da boca.
Sei bem o que é isso. É aquele chamado efeito rebote de uma crise de mania. Minha crise de mania de fim de ano eventualmente acabou e eu colho os frutos dela hoje. Por todos os lados, inclusive.
Não mexi nos medicamentos, na dose no caso, e sei que preciso marcar uma hora no médico. Até por que estou com um efeito colateral bem desagradável - a marca do remédio eu mudei e isso também pode ter interferido no meu humor.
Sim, pra quem não sabe, a marca do remédio altera sim os efeitos do mesmo ainda que teoricamente seja a mesma composição. Quem toma remédio diariamente sabe disso.
Meu cabelo cai de tal forma que entope o ralo do chuveiro a cada banho. Já estou com menos da metade do cabelo que tinha no fim do ano passado. Nem posso sonhar em tingir ou fazer qualquer química no cabelo com medo de que isso piore a situação. Então, mesmo que fosse apenas para pegar uma receita e voltar pra marca antiga, preciso marcar hora no médico.
Mas e a iniciativa, onde eu acho? É bem mais fácil escrever aqui sobre isso do que pegar o telefone e ligar, acreditem! Não é o mesmo movimento.
Me preocupa muito quando eu fico assim pois reflete como eu lido com tudo - com a Rebeca, com meu marido, meus pais, com o trabalho e comigo mesma.
No trabalho tenho dificuldade de ação e uma insegurança tremenda. Aceitei um freela com a minha irmã e apesar do meu esforço ser grande sinto que não alcanço as expectativas e travo em situações que racionalmente parecem simples de lidar. Mas nas ultimas semanas não são.
Sei que estou deprimida, mesmo que levemente deprimida, pois esse quadro se estendeu mais que alguns dias. Consigo datar uma piora a partir da minha ultima TPM. A impressão que eu tenho é que a TPM veio e ficou quando devia ter passado. Lá se vão 3 semanas de um humor ruim, uma paciência curta, desânimo, entre outras coisitas mais.
Antes disso eu já estava mais desanimada mas ainda conseguia levar meus dias um pouco melhor.
Tenho estado mais impaciente com a Beca também, tadinha. Acabo brigando com ela por bobagens, por que pra mim tudo está mais pesado, lento, como se eu carrega-se um peso extra nas minhas costas.
Uma das coisas que me chamou a atenção que estou a muito tempo assim foi observar a Rebeca brincando. De repente as bonecas dela choram muito, pois é a forma que ela vê bebês pequenos, e ela, mãe das bonecas, sempre fala como se estivesse muito cansada e sofrendo. E criança repete nas brincadeiras os exemplos que tem em casa né? E os exemplos mais fortes que ela tem sou eu e minha mãe (que também não anda em seus melhores dias mas ainda esta melhor que eu). Ai sinto que tocou um sininho na minha cabeça -"que tipo de exemplo eu estou dando pra ela?"
Outro sintoma que veio com tudo foi o sono. Ando com muito mais sono, precisando dormir muito mais e o mesmo não tem mais o efeito revigorante de outrora.
Meu sono sempre foi um bom indicativo do meu humor - sono demais é sinal de depressão e sono de menos de mania. E eu demorei anos de tratamento pra descobrir que existia um meio termo nisso, que era um certo sono saudável, em que eu acordava bem disposta depois de umas 8h ou 9h de sono. Agora não. Se eu pudesse dormiria o dia todo.
Aliás, acho que se não fosse pela Rebeca eu estaria fazendo bem isso mesmo. Praticamente me entregando.
Mas eu tenho a Beca. E passar tempo com ela, mesmo com todas as dificuldades que venho enfrentando, ainda faz meus dias melhores, mais leves e mais felizes. Me faz levantar e agir. me faz insistir no trabalho, nas brincadeiras, em tudo. Me faz rir das gracinhas dela e me orgulhar das suas descobertas, me faz feliz ao vê-la crescer.
Ter a Beca não só não me faz não me entregar como me da força suficiente para que essa depressão não vá nem muito fundo e nem muito longe. Me faz uma pessoa melhor por que eu quero o melhor pra ela, pra nós.
Então eu levanto da cama, engulo em seco esse desânimo e passo mais um dia. E fico com ela de manhã (ou pelo menos parte dela), cuido das coisas da escola, troco, dou comida, brinco, conto histórias. Espero ela voltar da escola ansiosamente, querendo as poucas 2 horas a mais que passaremos juntas antes dela dormir. E no meio do caminho tento usar essa energia extra pra fazer todas as outras coisas. tem dias que dá, tem dias que não.
Mas sabe a única coisa que nunca acontece? Eu não desisto.
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Instabilidade, depressão e efeitos colaterais
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Di, acredite que eu também acho super estranho esse horário de almoço, mas é que meu marido, na casa da mãe dele almoçava nesse horário, quando ele tem horário de almoço do serviço, é cedo e ele vem pra casa comer, chega umas 10: 30 ou 11 horas, o resultado é que ele almoça e liam também quer almoçar junto, se eu não dou, ele fica do lado do pai pedindo rs sobre o leitinho durante o dia ele pede pouco mesmo, mas de noite ¬¬ vive me puxando pra mamar rs sobre o desânimo eu ja tive a chance de sentir, tem dias que parece que tudo ta pior, que nada ta dando certo, que a crian ça está mais ativa, mas nem é, é a gente que ta desanimada, sobrecarregada e tudo incomoda =( o jeito é tentar contornar, tentar respirar fundo e tirar esse peso, por que parece que a lei de murphy impera nesses dias!
ResponderExcluirooi! bom, isso é realmente cansativo, mais acontece com todos nós. eu não sou bipolar e não tenho filhos. mais eu tenho depressão e existem épocas em que eu estou irritadícima, e isso acaba sendo discontado nas pessoas mais próximas sem que eu queira. também fico mais lenta pra resolver coisas, pra tomar decisões e etc. mais não pode mesmo desistir. procura entrar em contato com o médico, mesmo que seja difícil pra que vc possa melhorar em breve! boa sorte!
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