De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sábado, 6 de julho de 2024

Sobre transtorno bipolar e filhos

Minha filha tem 14 anos e desde muito cedo apresenta sintomas de algum tipo de transtorno.

Aos 5 ela me trouxe pela primeira vez o sentimento de inadequação e de achar que não merecia viver. 

Se sentia infeliz consigo mesma e com sua aparência. Sofria bullying nas aulas de ballet de meninas magérrimas que a consideravam gordinha demais para a dança.

Não, ela não era.

A pandemia fez com ela o que fez com grande parte dos adolescentes e agravou enormemente seu quadro de saúde mental e o que eram episódios pontuais e mais leves se tornaram um claro transtorno de ansiedade e depressão profunda.

E nós estamos lutando contra isso e tratando com médicos e terapeutas desde então.

Eu quis trazer isso para falar de um medo que eu sei que toda pessoa que se descobre bipolar e deseja ter filhos tem: e se meu filho acabar sendo bipolar também?

Quando eu decidi ser mãe eu ponderei bastante sobre isso e eu cheguei a conclusão que ninguém melhor para cuidar de um filho bipolar do que eu que já passei por isso.

Durante a gravidez eu conversei muito com meu terapeuta, conversei muito com minha filha ainda na barriga, e ensaiei como eu falaria com ela sobre a minha condição de saúde.

Ao longo desses anos ela viveu comigo minhas instabilidades. Sempre de forma honesta e transparente, dando a ela toda a informação necessária para cada fase da vida dela.

E isso tem sido importante num momento que nos voltamos para a saúde dela.

Com uma mãe bipolar e um pai depressivo, era quase inevitável que ela apresentasse algum quadro de transtorno emocional. E sabendo disso eu me preparei.

Não é facil. Não é fácil pra ela, mesmo com toda a informação e apoio,  viver nessa montanha russa. Não é fácil pra mim ter que reviver tudo isso para poder ajudar ela da melhor forma que eu posso.

Mas nós estamos levando.

Uma das coisas que fiz esse ano e que sinto que foi um acerto, foi trocar ela de escola e buscar uma escola mais aberta e preparada para lidar com essas questões. A escola e a rotina escolar, pra ela, são um gatilho forte e ser acolhida nessa dificuldade tem feito diferença.

Ter um psiquiatra bom acompanhando o caso e um terapeuta que ela se sente confortável e confia tem sido outro fator muito importante. 

Apoio da família e amigos são imprescindíveis. 

Mas a coisa que eu sinto que faz mais diferença é poder estar perto dela.

Ela me acessa muito e precisa muito de contato e cuidado durante os dias mais escuros. E ela acaba sendo também um apoio nos meus dias difíceis.

Não é ideal, talvez, mas é o que temos. Temos uma a outra e um amor muito forte.

E eu me esforço pra ser para ela o exemplo de que tudo o que ela sente hoje de ruim, não vai durar pra sempre. Que é possível ser feliz, ser capaz, e alcançar nossos sonhos. Temos que ter paciência, resiliência e coragem. 

E temos uma a outra.

Podemos conquistar o mundo.

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