De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Da série o que eu penso sobre: mudar de vida

eu tenho sérios problemas em lidar com mudanças. muito por causa da bipolaridade que não me permite ficar bem quando as mudanças ocorrem muito rapidamente. mas, ser mãe não é uma coisa que acontece de repente, voce se torna mãe ao longo de meses a fio de espera (seja pela gravidez seja por um telefonema para a adição) e depois uma rotina exaustiva mas muito gratificante com um bebe (ou mais!)

Pra mim ser mãe é algo muito natural: eu sempre gostei muito de cuidar dos outros. Mas é diferente cuidar de um amigo, de um companheiro, e cuidar de uma criança que confia totalmente em voce pra suprir absolutamente todas as suas necessidades.

E por mais que algumas pessoas insistam que a vida delas não mudou, ou que não querem que mude, depois de ter filho, e seguiram fazendo baladas enquanto a criança fica em casa com outra pessoa, eu não sou assim. Alias, não sou e não acho certo ser assim. Apenas deixando claro que estou falando de sair de balada todo fim de semana, não dormir o fim de semana inteiro em casa, sair na sexta e voltar no domingo, como um adolescente faria. Não concordo, e não sou capaz de fazer isso. A minha vida, sem duvida, mudou.

Mas não mudou so externamente, da forma obvia do ficar em casa ao invez de sair. De não jogar RPG nos fins de semana. Mudou uma coisa dentrode mim. Pela primeira vez na minha vida eu me sinto de fato, adulta.

Simplesmente eu não faço baladas não só por que tenho uma filha, mas por que ao ter feito a escolha de me tornar mãe fazer balada não faz mais sentido na minha vida.

Lidar com um grupo de pessoas, ou que seja uma, fazendo intrigas, preocupada se X esta querendo provocar e causar na balada por estar vestindo uma roupa assim ou assado. Fica fazendo fofoca entre os amigos por que aquele cara X que estava afim me deu um NÂO bem grande na cara e eu não sei lidar com isso. Não, isso não é pra mim...

Isso, hoje, na minha cabeça, faz parte da realidade que a Lulu vive, esta começando a viver. E um mundo de aparencias, onde nos inserimos pra formar nossa propria identidade longe dos nossos pais. Mas, que uma hora ao formarmos nossa individualidade, deixa de fazer sentido. As pessoas que vejo insistindo em viver dessa forma ou me parecem perdidas ou tentando retomar algo que elas acreditam que perderam.

eu não perdi nada. Eu ganhei. Eu ganho.

Hoje em dia faz sentido pra mim discutir politica e a importancia de ter uma mulher na presidencia, independente se votei nela ou não.

Hoje em dia faz sentido discutir e agir com relação ao aquecimento global.

Hoje em dia eu falo de marcas de fraldas, passo noites em claro com um bebe doente  e não procurando alguem com quem sair, ficar, dar uns beijos. Hoje em dia tenho todos os beijos que quero, de uma menininha que esta aprendendo a me comprar com eles pra não dormir.

Hoje em dia faz sentido, por pior que seja, escolher entre pagar o cartão de credito ou ir viajar, ou pior, entre comprar frango ou almondegas pois a grana é curta, quase inexistente e não da pra fazer os dois. Da pra sonhar com a viajem, talvez parcelar o cartão...

Hoje em dia fico muitas vezes nervosa, pelo cansaço pensando que quero um tempo pra mim. E me vendo perdida com meia hora que seja sem minha baixinha chamando mamãe pra eu brincar com ela.

Hoje em dia faz sentido ter cada vez menos moveis na casa. Viver com o essencial. Aprender de verdade o que é prioridade e o que é superfulo. E perto da saude do seu bebe tudo parece superfulo.

Durante a gravidez minha vida passou pela minha mente. Memorias e mais memorias de coisas que eu tinha esquecido, da minha infancia, adolescencia, sonhos. Muitas dessas coisas ainda rondam a minha mente e são dificeis de lidar, pois foram de alguma forma traumaticas ou batem de frente com a realidade que vivo hoje e que acredito que devo viver.

Foi como num filme, tudo o que vivi as vezes volta, passando um trailer me dando dicas do que esta acontecendo hoje com a minha bebe, ou como evitar hoje que aconteça com ela mais pra frente coisas que aconteceram comigo.

Quando fiz minha reunião com os amigos de 15 anos atras eu me senti mais deslocada impossivel. O momento que me senti mais a vontade foi falando da Beca com uma amiga que tambem tem filhos. O fato foi que na hora que me vi na sinuca, com pessoas que eu conheci anos antes mas de fato não fazem mais parte da minha vida, eu não quis mais estar lá. Não que deixei de sentir carinho pelas pessoas, ou que não seria bom encontra-las em outra situação e colocar o papo em dia. Mas do jeito que fiz, todos juntos, e com isso preocupados com coisas que faziam sentido ha 15anos atras e hoje, bom, se passaram 15 anos, elas não deveriam mais fazer sentido...

Minha vida voltou a fazer sentido quando sai do bar e entrei no carro da minha carona pra voltar pra casa. ali, falamos de problemas do dia a dia, de coisas reais. De problemas de gente grande, que trabalha e paga contas e tem que conviver e de fato arca com as consequencias dos proprios atos. Não eramos mais adolescentes.

Outro dia no carro conversava com o Taz e ele diz que meu sogro costumava dizer a ele que ser adulto é fazer escolhas. Eu completei com "e amadurecer e aceitar as consequencias por essas escolhas".

Eu escolhi ser mãe, como ja falei aqui. Com essa escolha aceitei que minha vida iria mudar. E mudou. E por mais que existam momentos que eu sinta vontade de ter um tempo meu, pra mim, e ate sair um pouco, essa eu não é mais a mesma pessoa que existia antes de eu ter engravidado. Sou outra, mudei, sou mãe. e sou muito mais feliz e completa assim, num mundo onde as coisas fazem sentido.

2 comentários:

  1. Oi Di,
    faz um tempinho que não passo por aqui.
    É isso mesmo mudamos o tempo todo, fazemos escolhas o tempo todo. O importante é termos consciência disso e fazermos as melhores escolhas para nós mesmas.
    beijos
    Chris
    http://inventandocomamamae.blogspot.com/

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  2. amei este post, tudo haver com o que penso.
    muitas afinidades e coincidencias.
    passo aki sempre adoro ler e refletir,
    beijos na Beca e em todos ai.

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P