De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Blogagem coletiva - maternidade real



Essa é uma blogagem coletiva que eu não podia perder!

Falar de maternidade real e uma coisa que venho ensaiando a umas semanas. A minha maternidade real, quase que um confecionario.

Vou começar dizendo que eu nunca nem que tentasse muito - e ok, eu tento! - conseguiria ser uma mãe perfeita. Eu ja começo em desvantagem - sou bipolar.

Isso significa que tenho que manter meu humor sob controle com remedios. Significa que tenho uma doença que pode definir o meu humor entre uma depressão profunda da qual eu não seria capaz de levantar da cama, ou uma mania aguda em que acredito que sou capaz de dar conta de uns 5 filhos, trabalhar fora, estudar, escrever, blogar, cuidar da casa sozinha e ser uma amiga presente e uma esposa muito carinhos e caliente. E, claro, temos o meio termo, normal, onde de vez em quando sentimos vontade de dormir um pouco mais, ficamos tristes, ou perdemos a paciencia e precisamos sair pra tomar um ar. Eu, ao contrario de 95% da população, preciso de controle medicamentoso pra me ajudar a ficar nesse meio do caminho sem correr o risco de ir pra extremos de qualquer um dos lados.

Então, ja não sou pefeita ai, afinal, mãe perfeita não precisa da ajuda de ninguém. Mas, acho que minha maior prova de não ser perfeita e que eu sou mais uma dessa massa que de fato tenta ser perfeita e se culpa MUITO por não conseguir.

Eu tentei durante a gestação ser o mais saudavel que eu poderia ser, numa neurose muito forte, alimentada pela minha incapacidade em parar de fumar. Então, apesar de me alimentar hiper bem, tomar a vitamina religiosamente, ter tomado acido folico e ter conseguido a impressionante marca, com tudo isso, de engordar apenas 7kg entre o começo e o final da gestação (fazendo aquelas coisas que se eu tivesse mantido depois da getsação seria MUITO mais magra agora de tanto que me alimento mal atualmente) me culpei todos os dias pelos 8 cigarros contados, fumados pela metade, acendedidos para que eu desse apenas um trago e apagasse-os de novo. Foram 8 cigarros por dia. Rebeca nasceu com menos de 3kg - nossa, admito aqui em primeira mão que quando ouvi o peso dela eu pensei automaticamente - foram os cigarros!

Mas, eu disse, tento sempre ser perfeita, certo? E vamos concordar que cigarro faz um puta mal pra saude? Então, acreditando que crianças aprendem pelo exemplo, pois foi assim comigo, eu estava decidida que não daria esse exemplo, de ser uma fumante, para minha filha. E parei de fumar!

Parei, gente, mesmo! Sou hoje uma ex fumante a 1 ano, 6 meses e 8 dias! Parei no dia que fui pra maternidade. Não lembro se contei essa historia aqui, acho que não pois provavelmente seria crucificada...

Eu amava estar gravida, mesmo. Foi, pra mim, uma experiencia transcedental. Eu tive que escolher entre trabalhar e correr um risco maior de ter viradas de humor por estar sem  medicação, ou ficar em casa, e correr um risco menor. Eu não queria ter que tomar medicação durante a gravidez então não foi uma escolha dificil, fiquei em casa. E aproveitei muito os momentos "eu e a barriga". Tive diversos insights, relembrei inumeros momentos da minha infancia que eu não recordava e os olhei por uma nova perspectiva. foi incrivel!

Mas nada de perfeito nisso. Eu tive um problema serissimo de hipoglicemia, não dormi durante a gravidez inteira mais que 2 horas seguidas por noite, chegando a acordar, no final, a cada 45 min. No ultimo mes a minha hipoglicemia estava tão ruim que eu precisava comer a cada 2h ou a glicose abaixava abaixo de 70. Eu media em casa, e eu tinha que acordar pra comer alguma coisa, mesmo que um copo de leite, a cada duas horas, então o Taz abriu mão de tudo tambem pra ficar em casa e cuidar de mim nesse final de gestação. E foi quando eu finalmente dormia 2 horas seguidas, pois podia confiar que ele ia me acordar e me dar alguma coisa pra comer ou beber. Nos, mesmo antes da Rebeca nascer, dormiamos em horarios alternados pra ele cuidar de mim.

Eu, com 28 semanas, comcei a ter contrações e, pra garantir que não teria um parto prematura, fiquei de semi repouso em casa dali em diante. Com 36 semanas começaram as cobranças "mas bem que a Rebeca podia nascer logo"  e isso sem contar que minha obstetra foi viajar por 3 semanas nessa mesma epoca. Então, era otimo pra mim, meus momentos eu e a barriga, mas se precisava lidar com o mundo exterior era um problema bem extressante.

Chegou no final eu estava acabada. 39 semanas e 4 dias, minha obstetra estava voltando de viagem e eu tinha consulta com ela. Ela iria direto para o consultorio, mas eu estava acabada e tento ligar pra ela - estava arregando. Não conseguia andar direito pois meu quadril ja tinha aberto para o parto e eu mal conseguia ficar sentada sem sentir dor quanto mais andar de carro e esses solavancos. Estavamos no meio da epoca de chuvas que alagou são Paulo inteiro em 2009 (e depois em 2010 tb, e acabou com o Rio). Quando ligo pra ela ela me diz que tinha recebido meu recado e iria me encontrar no hospital. Ai eu disse que não tinha deixado recado nenhum, mas que se ela preferisse ja não me importava de encontra-la la.

No fim fui a minha consulta naquela tarde. Ja coloquei a bolsa da bebe no carro e sai de casa com a unica certeza que ate ali eu não voltava sem a Rebeca comigo. e foi o que falei pra minha GO. Que queria poder dormir direito, que queria que ela me internasse para que eu, tomando glicose na veia, pudesse descansar pelo menos um pouco. Que não aguentava a dor de ter que voltar de carro ate em casa novamente e que se não fosse pra ir logo pro hospital eu iria dormir em um hotel, mas que pra minha casa, com o estress de aguentar a ansiedade dos outros, eu não voltava.

Ela tentou me convencer a esperar um pouco mais, nem que fosse pelo menos ate o dia seguinte. Mas eu estava desesperada, essa e a palavra. Ja estava começando a minha maternidade exausta. Então, vendo que eu não tinha mais condições psicologicas mesmo, ela fez umas ligações e Rebeca nasceu naquela noite. de cesárea marcada!

depois disso veio a amamentação. Momento sublime! Rebeca acertou a pega logo na primeira vez, e eu amei a sensação de amamentar. Morri de medo de que não pudesse fazer isso pois teria que retomar os remedios logo. era uma delicia! Mas, 2 semanas depois, Rebeca sem ter retomado o peso inicial e eu sem ter uma orientação muito boa, comecei a dar complemento. Mas ela não largou o peito! Uma felicidade só! Então eu dava peito e completava, depois, com a mamadeira. E fomos assim ate ela ter cerca de um mes e meio, quando tive que parar de amamentar pra voltar a tomar os remedios pra bipolaridade.

Eu cai numa depressão forte ai, pois me senti a pior pessoa do mundo por não ser capaz, mentalmente capaz, de amamentar minha filha! Fui na internet e foi quando comecei o blog e descobri da exisencia da relactação. E me senti mal por que era algo que eu estaria muito disposta a fazer, mas não podia. Eu era imperfeita, eu estava "quebrada". Eu era doente. Um sentimento horrivel.

Mas, superei vendo Rebeca crescendo bem, saudavel, saindo da curva 50% na qual ela tinha nascido e indo pra curva 97% onde ela se mantem ate hoje. Ai, claro, vieram as papinhas. E nessa fase eu ja estava tão cansada, de mim, de discutir, das minhas neuorses, de não dormir, que acabei cedendo a pressão por parte dos meus pais, adeptos a praticidade acima de tudo, e praticamente so dei papinhas prontas, nestle mesmo, pra Rebeca comer. E olha, comeu bem, feliz e adora ate hoje. Alias, muitas vezes foi o jantar dela ate bem pouco tempo atras...

E hoje eu quero colocar a Rebeca na escola. Por ela, sim, mas muito mais por mim. Posso? Não estou trabalhando e nem sei se vou conseguir voltar a trabalhar, por conta da bipolaridade tambem. Essa malvada tem me dado como limitação a ja muitos anos o não conseguir lidar com o estress de trabalhar fora. Fico bem em casa, posso fazer todos os serviços necessarios de llimpeza, arrumação e amo cozinhar. Mas trabalhar fora ja era um problema quando Rebeca era apenas um ideal. Mas quero que ela va para a escolinha.

Quero um tempo pra mim, pra poder ir contar meu cabelo e fazer a unha. Quero poder dormir a tarde!! Quero poder cozinhar a cuidar da minha casa! Quero ter tempo pra blogar com mais frequencia! Quero colocar meu projeto de escrever meus livros em andamento! Quero um tempo pra ser a Di e não só a mãe da Rebeca! E não quero sentir que estou recebendo um favor de ninguém pra isso. Que e um peso, um estorvo. Que sou uma mãe pior por querer esse tempo. E quero que Rebeca esteja em boas mãos, cuidada, cultivando novos valores e novas amizades. Aprendendo a dividir,a brincar junto, e ver que existem regras diferentes para lugares diferentes. e se posso ter os dois juntos, por que não?

Então, não sou perfeita, nunca fui, e me culpo sempre por não ser. Mas sou uma mãe feliz, que apesar de todas as imperfeitções AMA demais a vida, a si mesma e acima de tudo minha filha. Que curto cada conquista dela, cada palavrinha nova. Que curtiu sentir os chutes de me fazer ficar sem ar quando ela ainda estava na barriga. Que teve a oportunidade de reviver a propria vida, e isso nem sempre foi bom de se fazer, pra poder ser uma mãe melhor.

Por que não sei se um dia serei perfeita. Mas sei que serei a melhor mãe que eu puder ser. e vou lutar sempre por isso!

PS: essa blogagem foi iniciada pela Carol Passuelo, do Vinhos, Viagens, uma vida comum...e 2 bebes! . Passa lá e aproveite pra ver a lista dos blogs participantes! Quase todo mundo aderiu!

8 comentários:

  1. Di,
    Acabei de colocar as meninas para dormir e resolvi ler seu longo post. Li tudinho.
    Lindo, perfeito, uma prova de que nós, mães da vida real, somos umas heroínas!
    Você é o máximo. Escreve de peito aberto, quer quem queira quem não queira, também sou assim.....
    Parabéns, você é um exemplo de pessoa e de mãe.
    Me arrependo de passar tão pouco aqui no seu blog....
    Um beijo,
    Mirella.

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  2. Ai Di, lindo seu post...tmb não acredito que exista mãe perfeita, agente sempre erra um pouco, em algum ponto, mas o lado bom é que aprendemos com esses erros, e procuramos doar a nossa melhor parte na tarefa de ser mãe!!!!
    Bjos

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  3. Ola querida,
    Conheci vc no Face book no Mamães Blogueiras, e já estou seguindo seu blog, me faz uma visitinha e me segue também.
    Bj
    http://vidaazulerosa.blogspot.com/

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  4. Ai Di amiga adorei esse post se tu nao se importar meu proximo post vai ser sobre essa blogagem coletiva também!!!adoreiiiii sem duvida vc é a melhor mais que pode ser :)

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  5. Oi Di,
    Adorei seu texto, e definitivamente temos que ter um tempo para nós!
    E nós sabemos o melhor para nossos filhos e para nós, temos que achar o equilibrio!
    Ah,sorteio lá no blog, para a Beca ficar mais gata!
    beijão

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  6. Ola, adorei seu texto e seu blog!

    Muito real!

    Quando puder me visite!

    Beijos

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  7. Di,

    Que gravidez difícil, né?
    Que bom que você passou por tudo isso como uma heroína.
    Parabéns por parar de fumar também!
    Fique tranquila que nenhuma de nós é perfeita!

    Beijos!

    Lívia.

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  8. OLá Di,

    Tenho 36 anos e estou grávida do meu terceiro filho. Mas seu post me emocionou não como mãe, mas como filha... sou filha de bipolar, mas como minha mãe foi diagnosticada bem tarde (eu já era adolescente), fico imaginando o que ela não passou... Com todas as limitações, ela sempre cuidou bem de mim e da minha irmã, cinco anos mais nova que eu.
    Minha irmã mora com meus pais até hoje e tem um filho de cinco meses, e minha mãe está ajudando a criar o neto... firme e forte!
    Quero deixar registrada a minha admiração a essas mulheres maravilha, como a minha mãe e como você. Fique com Deus,
    Maria Thereza

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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P