2017 pra mim foi um ano que teve 3 anos dentro do mesmo ano. Isso aconteceu por causa do efeito que uma viagem que fiz com a Rebeca em Outubro, mas que começou a ser preparada em abril daquele ano.
Em Abril do ano passado eu e Rebeca ganhamos de presente de vários membros da família uma viagem para visitar minha irmã que mora nos EUA.
Foi uma iniciativa da minha irmã, que queria muito que nós fossemos para lá vê-la ao invés de só ela vir para o Brasil.
Eu relutei bastante em aceitar o presente, por medo principalmente, por insegurança, por não me sentir a vontade ganhando um presente tão caro, e tudo o mais. Minha irmã precisou desconstruir cada um dos meus motivos para me convencer.
O que mais pesou para aceitar a proposta de viajar para outro país foi como isso poderia ser importante na vida da Rebeca. Como essa experiência poderia ser rica, dando a ela a vivência em outro país, falar outra língua, conhecer pessoas com uma cultura diferente. E como eu não sabia se teria a oportunidade de oferecer essa vivência a ela tão cedo.
Quando minha irmã tentava me convencer esbarramos logo de cara num medo que eu mesma não sabia que existia. Eu estava com medo de voar de avião. Tinha medo de um desastre, medo que o avião caísse, medo que eu e a Rebeca pudessemos morrer.
E era um medo enorme, paralisante, irracional.
Estava com medo de viajar sozinha com ela para um país estrangeiro, medo que se nós nos separassemos por alguns segundos eu poderia perde-la pra sempre.
Medo com as novas políticas migratorias, que nos barrassem de entrar no país, que me separassem da minha filha.
Foi aí que mais pessoas da família entraram na história e vieram ao meu socorro.
Começou por minha tia. Conversamos com ela e contamos o caso da viagem e como eu não queria ir pois estava com esses medos, tudo isso numa festa da familia. Minha tia, uma senhora de 75 anos mas com um espírito aventureiro de dar inveja, se ofereceu para ir comigo. Ela planejava fazer uma viagem aquele ano e ainda não tinha decidido para onde e ela nunca havia ido para os EUA. Ofereceu então para unir a vontade dela de conhecer outro lugar e me ajudar, e a minha irmã, a fazer a viagem.
Isso mudou tudo. E eu não poderia ser mais grata.
Eu continuei com medo. Acreditem, esse medo todo só passou na hora que já estávamos em solo americano, mas ter esse apoio, e ganhar força para oferecer essa chance a Rebeca foi essencial.
A primeira coisa que precisamos fazer foi tirar passaporte e vistos. O passaporte foi fácil. O visto no fim também, mas teve todo o estresse do medo do visto ser negado.
Decidimos tirar o visto todos juntos, minha tia, meus pais, eu e Rebeca.
O processo para tirar o visto começa com um formulário online que você responde com seus dados, os dados dos seus contatos no país, e um questionário para avaliar sua candidatura. Você responde o questionário, envia, e paga a taxa de avaliação do mesmo. Após o pagamento da taxa você agenda a entrevista no consulado, momento onde você poderá ter o seu pedido aceito ou não.
Antes da entrevista você tem que se apresentar num posto do consulado americano para checagem dos documentos, fotos e digitais.
Somos o tempo todo inundados com notícias ruins. Como se apenas as coisas negativas merecessem chegar ao noticiario. Então eu estava apavorada já pra passar por esse processo. Um misto de muito medo da solicitação não ser aceita, e uma esperança de que isso realmente acontecesse e eu não precisasse fazer a viagem (aí não ia ser culpa minha!).
Mas correu tudo bem, recebemos nosso direito de visitar os EUA.
Nessa parte, desde que estávamos completando o formulário, recebemos ajuda dos meus primos, filhos da minha tia, que se engajaram para que a viagem fosse um sucesso. Meu primo, que tem uma agência de viagens, nos auxiliou no processo para tirar os vistos e passagens e seguro viagem e minha prima nos ajudou com estadia, compras, dicas, etc
Minha irmã ficou responsável por organizar a viagem, minha passagem e da Rebeca, estadia, programação...
Decidimos que, apesar de minha irmã morar em Washington, essa primeira viagem seria mais interessante para a Rebeca se nós fossemos para a Flórida, onde moram amigos dela com filhas da idade da Rebeca. Faríamos a viagem toda voltada para ela. Seria seu presente de aniversário. Iríamos em Outubro.
Nossa programação então incluía conhecer a Disney e a Universal em Orlando, e conhecer outros pontos turísticos na cidade de Tampa, onde os amigos dela moram. Acreditávamos que a vivência da Rebeca com outras crianças seria mais proveitosa para ela explorar outra lingua. Crianças tem um jeito próprio de se comunicar e se sentem mais a vontade umas com as outras, e apostavamos nisso.
Deu muito certo.
Rebeca já faz inglês na escola, tendo uma fluência muito boa, mas ate a viagem ela tinha muita vergonha de falar em inglês, mesmo entendendo bastante quando falamos com ela. E a viagem serviu para se soltar e se sentir mais segura. Foi realmente uma oportunidade incrível.
Eu também pude me sentir mais confortável com minha fluencia. Apesar de ter sido professora de inglês e já ter convivido com pessoas nativas dessa língua antes eu não tinha tido a chance de viajar para um país de língua inglesa. Estar la e ser capaz de me comunicar confortavelmente foi ótimo.
Mas entre a compra das passagens e tirar o visto em junho e a viagem em outubro eu tive a pior crise de ansiedade da minha vida.
Eu não conseguia pensar em outra coisa. O medo me consumia. Não conseguia me alimentar direito, vivia a base de miojo com muito queijo ralado. Minha imunidade foi pro beleléu e eu fiquei doente o tempo todo.
Um mês antes de viajar eu peguei uma infecção de garganta fortissima, fiquei sem voz, febre, dor, e isso só passou uma semana antes da viagem.
Rebeca não passou despercebida por tudo isso. Por mais que eu tenha tentado protegê-la, no último mês ela acabou ficando doente também.
Quando chegou o grande dia, uma semana depois do aniversário dela, já estávamos bem, ansiosas e animadas. Quando o avião decolou fui sentindo o medo deixar e ficar a animação.
Quando finalmente chegamos em Miami, passamos pela imigração e encontramos minha irmã, toda a preocupação ficou pra trás e estávamos prontas, eu, Rebeca e minha tia, para aproveitar aqueles dias de descobertas...
Continua... ;)
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
Sobre a viagem que transforma...
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Ai, que bom que você veio! Puxe uma cadeira,sente-se no chão e sinta-se na casa alheia.^^ Mas me da um toque :P