A gente vê com certa frequência por ai notícias falando de como um grupo, uma comunidade, se junta para ir no aniversário de uma criança, após um dos pais postar nas redes sociais que nenhum dos colegas convidados foi.
Eu sempre via essas histórias e me perguntava, se apesar da resposta das pessoas ser positiva e muitos se disporem a ir na festa, se esse tipo de exposição era uma boa coisa para a criança.
Até que esse ano aconteceu uma coisa que eu demorei pra lidar e vir aqui contar.
Todos os anos nós comemoramos o aniversário da Rebeca em etapas. São várias comemorações de forma a tentar englobar todas as opções, família, escola, clube, amigos.
Postei aqui sobre o dia do aniversário dela, de como foi bom, como nos divertimos preparando tudo, e como apesar das dificuldades conseguimos tirar o melhor proveito.
Mas acontece que nos tinhamos ainda uma última programação, para os amigos de fora da escola e familiares além do nosso pequeno nucleo residencial.
O plano era fazer um passeio em um parque de diversões durante o dia e um jantar num rodízio de pizza a noite, com bolo e parabens.
Dai aconteceu.
O passeio do parque e o jantar eram todos no esquema cada um paga o seu. Com isso eu já esperava que não fossemos ter companhia de outras pessoas no parque, pela entrada ser cara e tudo mais e muitas pessoas estarem com problemas por causa da crise. Dito e feito, fomos apenas eu e a Rebeca mesmo, foi divertido, mas ficou faltando alguma coisa.
A noite ela se arrumou toda para irmos a pizzaria. Estava animada, esperançosa.
E a única pessoa que apareceu foi um amigo meu, muito querido e próximo, mas adulto.
Só.
Não teve outras pessoas, outras crianças.
De repente estávamos em uma mesa grande para comportar as pessoas que haviam dito que iriam, apenas nós 4.
A pizza podia ser boa, mas o gosto amargo de nenhum dos amigos ter ido, nenhum dos primos...
E então eu fiquei me perguntando como seria se eu tivesse postado uma foto dela nas redes sociais, sozinha na mesa. Que bom eu teria feito a ela.
Eu conheço minha filha o suficiente pra saber quanto ela ficou magoada.
Focamos na parte que deu certo, a festa na escola, no ballet... Mas sei que isso será lembrado.
Eu escolhi não divulgar essa história até agora porque a intenção não é a de ganhar confete, causar pena, fazer qualquer comoção.
Tem a ver com como eu vejo isso, como eu senti e vi o que ela passou. Como eu decidi lidar com isso.
Me sinto ainda hoje muito culpada. Ter escolhido fazer o passeio no lugar da festa foi uma decisão movida por tudo que vivemos em casa esse ano. Mas como me arrependo. Sei que muitos dos que não foram teriam comparecido se a festa fosse em casa.
E o que eu quero contando isso aqui e deixar um registro. Não quero esquecer.
As vezes as pessoas tomam pequenas ações, como confirmar presença em um aniversário e não comparecer, na certeza que não será importante. Quem iria imaginar que praticamento todos os convidados, cada um por seu motivo, iriam deixar de comparecer e uma criança se veria sem nenhum coleguinha na mesa em seu aniversário?
Pois eu também achava improvável, até acontecer conosco.
Não foi certo o que aconteceu, nem foi justo. Foi triste. E eu sei que quando chegar a hora de planejar algo pro aniversário dela do ano que vem e dos proximos isso será lembrado, por ela e por mim.
Eu nunca convidei qualquer um para as festas da Rebeca. Os convidados sempre foram escolhidos pensando em reunir pessoas que ela gosta, outras crianças, aqueles que se mostraram mais próximos.
Esse ano nos sentimos mais sozinhos.
E eu agradeço todos os dias por Rebeca ser a pessoa incrível que ela é. Compreensivel, calma, alegre, sempre tentando tirar o melhor de cada situação. E por ela ser criança e ter muitos aniversários pela frente para poder deixar esse pra trás com as memorias boas apagando as ruins.
Eu no entanto não sou mais criança.
E minha memória é muito boa.
Mostrando que não deve ser tão diferente ser mãe quando se é ou não bipolar, por que toda mãe tem o seu ladinho insano quando se trata de cuidar do filho. Esse blog tem o objetivo de narrar a experiencia de uma mãe que tem de enfrentar essa fase da vida com a duvida constante, o medo, de como, quando e quanto, sua bipolaridade pode afetar a vida de sua filha. Lidando com a linha tênue entre "normal" e "anormal"...
De mãe e louco todas temos um pouco
Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
Sobre um outro dia, pouco tempo atrás...
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