De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Sobre Natais passados...

Hoje é segunda feira de manhã. Acordo cedo para começar a rotina: trocar de roupa, arrumar Rebeca para a aula, tomar café...

Enquanto ela está na aula eu estou aqui pensando nas fotos que fiquei vendo ontem no meu domingo preguiçoso. Entre elas, fotos do Natal de quando eu era criança.

Eu tenho essa memória de uma época mais simples. De um Natal cheio de pessoas em casa, tios e primos, muita comida e bebida, presentes e mais presentes, bagunça das crianças e risadas dos adultos.

Uma das coisas que gostaria de ter feito diferente se pudesse seria ter mais filhos. Não tê-los não foi uma decisão fácil, mas foi sensata. Hoje eu dependo de ajuda para dar a minha filha o que posso, o melhor. Não seria possível fazer metade do que faço, dar a ela metade do que dou, se tivésse uma única boca a mais para alimentar.

No entanto essas fotos mexem comigo e fico pensando como seria possível fazer mais, dar a Rebeca memórias tão boas do Natal como as minhas...

Muito da graca do Natal estava em ter a família em casa. Meus tios por parte de mãe passavam a noite do dia 24 conosco numa enorme festa, ou é assim que eu me lembro.
Meus primos vinham e passávamos horas animados brincando juntos, bonecas, bolas, cordas de pular, rede na varanda, jogos e mais jogos. Em determinado momento o Papai Noel chegava e enquanto olhavamos para o céu, todos reunidos no jardim, na esperança de ver o bom velhinho passar, a árvore se enchia de pacotes embrulhados de papel colorido.

A ceia era farta, deliciosa. Lembro, claro, da vez que minha mãe deixou o Chester queimar. Suspeito que ela apenas tirou a casca queimada de fora e comemos o interior da carne queimada mesmo.

Lembro de passar a noite acordada com minha prima, conversando e fazendo chocolates na Fábrica de Chocolates que ela ganhou naquele Natal.

Lembro do último Natal que passei com minha avó Beth, tia da minha mãe, que me deu o meu primeiro vídeo game realmente meu, e uma linda arvorezinha de pedrinhas coloridas, essa última com o pedido que eu a guardasse com carinho e que sempre que olhasse para o pequeno enfeite lembrasse dela.

Eu tenho a arvorezinha ate hoje, e sim, sempre lembro dela.

Todo dia 25, desde sempre, acordavamos para o café, nos arrumavamos, e passávamos o almoço de Natal na casa da família do meu pai, no começo na casa de minha avó, depois que ela se foi, na casa da minha tia.

Mas conforme os anos foram passando as famílias foram se afastando. Primeiro meu tio e a família que decidiram passar os Natais com os pais da minha tia por valorizar o tempo com eles que já estavam com idade avançada. Depois minha tia que mudou-se para outro país com os filhos, para um doutorado, e mesmo quando ela voltou às coisas não foram as mesmas. Minha prima havia se casado e ficado no outro país, meu primo voltará anos antes mas manteve distância, minha tia continuou sua busca por si mesma.

O Natal passou então a ser com minha tia, prima de minha mãe, e meus primos menores. As vezes em nossa casa, depois na deles, num sítio no interior.

Depois que Rebeca nasceu isso mudou de novo. Por pedido de minha irmã e minha mãe passamos a fazer a véspera de Natal apenas com nosso núcleo.

E então eu não tive como dar essa experiência pra ela.

Sim, ainda passamos o almoço de Natal na casa da minha tia, e lá se reúnem tios e primos, crianças por todo lado, bagunça, risadas, muita conversa, muita comida e bebida.

Mas não é a mesma coisa.

Por mais que eu me esforce o dia 24 acaba sendo vazio. Falta vida, falta alegria, falta aquilo que faz o dia ser mágico, falta aquilo que cria boas memórias.

Minha irmã diz que não gosta de Natal e de trocar presentes nesse dia por ele ser muito comercial, muito voltado ao consumo. Mas ela não entende que quando você não tem uma festa, uma reunião, algo a esperar nesse dia, é aí que o foco acaba ficando apenas no ganhar.

E eu estou aqui, nessa crise que vocês têm acompanhado, saudosa desse tempo e pensando no futuro.

Como será o Natal esse ano? E o dos próximos anos?

Quando o que eu tenho hoje não existir mais, com quem estarei passando meu Natal daqui 10 ou 15 anos?

Como eu posso dar o que eu mais quero pra Rebeca nesse e nos próximos Natais?

Boas memórias...

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