De mãe e louco todas temos um pouco

Sejam bem vindos ao cantinho aconchegante que reservei para essa conversa. Espero que esses relatos possam de alguma forma ajudar aqueles que tem duvidas, receios, e as vezes até mesmo culpa por não serem perfeitos como gostariamos de ser para nossos filhos, que ja estão aqui, ou estão por vir.
Essa é minha forma de compartilhar essa experiencia fantastica que tem sido me tornar mãe, inclusive pelas dificuldades que passei, passo e com certeza irei continuar passando por ser Bipolar. E o quanto nos tornamos mais fortes a cada dia, a cada queda, como essa pessoinha que chegou me mostra a cada dia que passa.
A todos uma boa sorte, uma boa leitura, e uma vida fantastica como tem sido a minha, desde o começo e cada vez mais agora!

sábado, 21 de setembro de 2019

Sobre o dia da árvore, ou sobre a minha amoreira...

Eu nasci no começo dos anos 80. Estou no começo da geração Milenial e no final da geração X.
O Brasil lutava por sua democracia, sobrevivia entre a hiperinflação e as novidades apresentadas na TV. O mundo mudava e tentávamos alcançá-lo. Perdoamos o passado para tentar ter chance de fazer um futuro melhor.

Nesse contexto meus pais se casaram no fim dos anos 70 e tiveram a minha irmã e eu no começo dos anos 80.

Quando nasci morávamos em uma casa na zona Oeste de SP, numa rua calma, residencial, em uma parte do bairro que entre suas grandes casas, nos abrigava no início de nossa jornada.

Meu pai sonhava alto e iniciava seu próprio negócio ao comprar uma escola em uma cidade vizinha com o ideal de unir o seu desejo de educar e mudar o mundo e crescer profissionalmente num momento instável da economia do país.

Minha mãe se estabelecia como uma das principais responsáveis no laboratório de uma grande multinacional do setor de combustíveis.

E eu e minha irmã chegamos para completar o quadro.

Na casa grande da rua tranquila, pensada e escolhida, um enorme quintal gramado nos fundos da casa. Nele, 3 árvores frutíferas. No centro do jardim um pequeno limoeiro, meio pelado, minguado, fazia lugar de pouso para os passarinhos. No canto inferior direito, uma árvore alta de frutinhas vermelhas semelhantes a morangos sem sementes que nunca mais vi e até hoje não sei o nome. Minha vó era a única que quando essa árvore ficava carregada de frutos, andava embaixo da copa catando e comendo essas misteriosas doçuras que ela levou o nome consigo na minha memória...

E do lado esquerdo, no centro esquerdo, não exatamente num canto, uma enorme amoreira de tronco forte e galhos grossos o suficiente para nos sustentar a subida.

Não lembro quantos anos tinha quando aprendi a segurar no galho mais baixo, e dando um impulso jogar as pernas por cima do tronco que, a uma pequena distância do chão, se repartia em um V e continuava a subir e abrir seus galhos para o sol. Espalhando sua sombra, e tendo no V do tronco um local perfeito para iniciar a subida, quase uma cela na madeira, era para lá que jogávamos as pernas no impulso. Dependuradas no galho, pernas no tronco, abraçávamos a árvore e nos ajeitávamos para continuar a subida.

A amoreira ficava bem perto do muro da casa e ao subir podíamos ver a casa do vizinho. Nossos gatos fizeram esse caminho muito mais do que nós, usando essa proximidade entre planta e pedra para escapar e explorar outras residencias e voltar com segurança.

Uma vez por ano a amoreira ficava carregada de amoras, primeiro verdes e instigando nossa ansiedade, depois vermelhas com seu azedinho e por fim pretas e maduras, doces, ideais para serem colhidas. Tingiam o chão de terra embaixo da árvore de roxo da mesma forma que tingiam nossos dedos e bochechas lambuzadas.

Dessas amoras fizemos sucos, sorvetes, geleias e bolos. Dividimos nosso tesouro com periquitos, bem-te-vi, e todo tipo de pássaros.

Dividimos nosso quintal e nossas árvores com amigos e familiares por cerca de uma década, quando no começo dos anos 90 meus pais decidiram se mudar. Vendemos a casa para poder seguir adiante e continuar construindo nossa história.

Mas deixamos para trás nossa amoreira. Deixei com ela a primeira parte da minha vida. Trouxe comigo o gosto doce das boas lembranças.

Trouxe comigo um amor a uma amoreira...


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