Batatim e Batatoca |
A festa dos gatos |
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Batatim era gato de rua. Preto, de pelo macio e fala mansa. Sabia se virar e não tinha medo de ninguém. Só de Batatoca...
Batatoca era gata de apartamento. Toda pintada de marron, branco e preto. Gata de apartamento com luxo de ir pra rua quando quisesse, pois morava em apartamento no térreo.
Batatim e Batatoca se conheceram ainda gatinhos. Brigaram muito antes de ver que já eram assim, amigos.
Foi depois de muito brigar, de muito miar, e muito rosnar, que eles perceberam que era mais legal, brincar, ronronar e lamber.
E foi assim que começou a amizade de Batatim e Batatoca.
Batatim era o gato da rua. Batatoca a gata do apartamento do térreo. Mas era de Batatoca que todos tinham medo.
Arisca, a gata não deixava ninguém chegar perto. Miava, rosnava e eriçava os pelos sempre que um estranho chegava.
E lá ia Batatim acalmar a amiga.
“São apenas humanos” ele lhe dizia. “São amigos e querem te agradar.”
Um dia, Batatoca foi voltar pra casa na hora de dormir, e levou um susto: A Janela estava trancada.
Foi até a porta, e a mesma estava fechada.
Olhou pra dentro e, mesmo com seus olhos de gato que vêem no escuro, nada viu.
Batatoca havia sido deixada.
Batatim ouviu a amiga e foi logo ver o que tinha acontecido.
“O que aconteceu?” Ele perguntou chegando perto da amiga.
“Foram embora, Batatim! Foram embora e me deixaram aqui!”
Batatim viu a tristeza da amiga. Sem saber o que fazer, lambeu-lhe os pelos procurando ajudar. E pensou...
Batatim pensou muito. Batatoca chorou. Mas uma hora, tudo parou. Batatim sabia o que fazer! E Batatoca dormia e já não chorava mais.
Batatim saiu de fininho, sem fazer barulho algum, como só os gatos sabem fazer. Ele não queria acordar Batatoca.
Mas quando acordou, Batatoca não viu Batatim. E logo pensou “Vai ver ele me abandonou também...” Triste, ela foi pro telhado, onde sempre ficavam, e levou um susto!
“Viva Batatoca!” gritaram todos os gatos da vizinhança! Era uma festa! A festa dos gatos. Uma festa para Batatoca!
“Estamos felizes que você não foi embora!” Disseram juntos. “E vamos ajudá-la a achar um novo lar!”
Batatoca ficou feliz! Ela nunca achou que os gatos da vizinhança gostassem dela. Afinal, Batatoca era arisca. Rosnava, miava e eriçava os pelos quando algum estranho chegava perto.
A verdade é que todos os gatos gostavam de Batatim. Ele era gato de rua, sabia das coisas. E sabia que não importava se Batatoca tinha medo dos outros, ninguém ia deixar ela chorando por não ter mais onde ficar!
E os gatos cantaram, cantaram e cantaram. Cantaram miando, como fazem os gatos.
Toda aquela cantoria começou a chamar a atenção dos humanos da vizinhança. E logo as crianças, que são mais curiosas, foram aparecendo pra saber o que estava acontecendo.
Cada criança que aparecia se encantava e pegava um gato.
Mas Batatoca era arisca. E tinha medo de gente estranha.
Batatoca foi pra um canto.
Batatim não se deu por vencido! Ronronou e ronronou pra cada criança que viu. Até que uma foi atrás dele.
Batatim tinha um plano.
Foi devagarinho pra criança não fugir, levando ela até Batatoca.
“Essa e sua amiguinha?” Perguntou a criança ao gato, mesmo sabendo que o gato não podia responder de um jeito que ela iria entender. Mas Batatim podia responder de um jeito – lambeu o pelo de Batatoca carinhosamente. Isso ela deixava... Batatim ela sempre deixava chegar perto dela.
“Minha mãe gosta muito de gatinhos e ela diz que devemos sempre manter aqueles que são amigos juntos, pra não se sentirem sozinhos.” A menina foi falando e se aproximando dos dois. Um pé na frente do outro e a mãozinha estendida com a palma pra cima pra eles verem que ela não iria lhes fazer mal.
“Será que vocês não querem ser meus amigos também? Ai eu poderia levá-los pra minha casa. E não ficaríamos sozinhos mais...”
E falando isso, a menina tentou passar a mão em Batatoca. Com cuidado, pra não assustar.
Batatoca teve medo.
Quis fugir, rosnar e eriçar o pelo.
Mas Batatoca tinha ainda mais medo que a menina levasse Batatim, e a deixasse ali, sozinha, sem ninguém.
Então Batatoca se deixou levar. Se deixou acariciar. E viu o quanto era bom aquele afagar.
Batatoca gostou da menina. E a menina gostou de Batatoca.
Logo depois foi a vez de Batatim, que era gato de rua, malandro, mas que tinha medo de Batatoca. Tinha medo de ficar longe de Batatoca.
E Batatim levou um carinho também.
Então, de repente, a menina se levantou e saiu correndo. Deixou eles pra trás e desceu daquele telhado.
Sem entender, Batatoca falou “Ela vai nos deixar também!”.
“Calma!” Disse Batatim. “ Vamos esperar, eu acho que ela vai voltar!”
E a menina logo voltou. Junto dela vinha sua mãe com uma caixa. Uma caixa para gatos, para poder levar Batatim e Batatoca para casa com ela.
E cada gato que participou da festa de Batatoca foi aos poucos ganhando um lar. Um amigo com quem morar.
E Batatim e Batatoca puderam ficar juntos. Apesar do medo. O medo que Batatim e Batatoca tinham. O medo de que iriam, um dia, se separar...
Mas o medo foi embora. Não tinha lugar pra ele na casa nova.
E no fim ficou assim, Batatoca com Batatim.
FIM
Juntos e com uma familia ...rs
ResponderExcluirque história mais simpática! merece uma boa ilustração :)
ResponderExcluirquanto ao seu comentário sobre a alimentação, acho que ainda é possível resgatar a alimentação da Beca (se esta for a sua vontade) e imagino o quanto deve ser difícil manter certas decisões quando existem outros adultos com opiniões diferentes sob o mesmo teto...
obrigada por estar sempre presente, adoro ler seus comentários!
beijos
Bia